O Arranco foi a segunda escola a desfilar na noite dessa sexta-feira, 28, com o enredo “Mães que Nutrem o Sagrado”. A segunda alegoria, nomeada “Fé na Natureza: o Alimento vem da Terra”, trouxe um grande busto feminino em tons terrosos, envolto por emaranhados que remetiam a plantas. Em cima dele, mais de uma dezena de componentes, que se questionavam sobre o simbolismo do carro.
“Ele representa primeiramente, claro, que a gente vem das nossas mães, mas também que, se a gente não cuidar do alimento que vem da nossa terra, tudo pode ir por água abaixo. A gente tem que sempre lembrar de cuidar da natureza para a nossa vida continuar”, opinou a auditora Cinthia Pereira, de 30 anos, em sua primeira vez na escola.
“Representa muita força, irmandade, fraternidade”, tentou o biólogo André Severiano, de 37 anos, que desfilou pelo segundo ano no Arranco, representando um anjo.
“O conceito da alegoria é a árvore da vida, que alimenta não só o corpo como a alma, o espírito. Isso é muito importante”, desenvolveu o servidor público Marcelo Borges, de 54 anos, autodeclarado um veterano na escola.
O veredito, porém, só veio da carnavalesca Annik Salmon, conhecida pelo trabalho na Unidos da Tijuca e, mais recentemente, na Mangueira, hoje na Arranco.
“Esse carro representa uma árvore mãe, uma árvore sagrada, que é o umbu ou imbu. Uma planta que está em extinção e dá no sertão nordestino. Ela mata a sede de várias pessoas durante a seca e o seu fruto também alimenta. Ela é considerada uma árvore sagrada. Tem todo um ritual em torno dessa árvore. Durante a pesquisa desse enredo de mães que alimentam o sagrado, não tinha como não falar da mãe da natureza”, revelou Annik.
A artista também comentou sobre a reutilização de materiais na alegoria, cujo imponente busto provém de uma escultura da Imperatriz. O forro do carro é de tecidos oriundos da doação de mais de 5 mil figurinos por um amigo de Annik que trabalha com televisão e teatro.
“O mais importante foi a criatividade. A gente sabe que a Série Ouro não tem muito dinheiro. A Annik conseguiu, com a criatividade dela, fazer uma alegoria maravilhosa, uma alegoria que vai impactar, muito criativa. Porque forrar um carro com roupas, só ela poderia fazer um trabalho tão especial e maravilhoso como esse”, enalteceu Marcelo.
Homenagem à maternidade
Em 2025, a Arranco escolheu homenagear as mães brasileiras, numa verdadeira celebração da força feminina.
“Um enredo que fala sobre as mães traz um sentimento imenso. Eu sou filho de uma mãe solo, fui criado sozinho e isso me faz repensar muito essa questão da força da mulher”, expressou.
“A mãe é o elemento primordial na nossa vida. A escola está representando uma figura que literalmente nos dá a vida, com muita grandeza”, reconheceu Cinthia.
“Mãe é mãe, não tem jeito. O enredo é muito emocionante”, finalizou Marcelo.