O domingo de abertura dos desfiles do Grupo Especial presenteou as apresentações da Viradouro e da Unidos da Tijuca. As duas escolas fizeram exibições que aliaram o bom desenvolvimento do enredo, o canto da comunidade, com a beleza plástica das alegorias e fantasias. Difícil encontrar problemas nas duas escolas. Houve situações pontuais, mas que podem ser descartadas ou nem serem percebidas pelos jurados de tão pequenas.
Duas surpresas ficaram por conta do Salgueiro e da Beija-Flor. A atual campeã não fez um desfile no nível de suas performances históricas na Sapucaí. A comemoração dos 70 anos merecia um capricho melhor nas alegorias e, acima de tudo, no desenvolvimento do enredo. Por outro lado, o Salgueiro mesmo com todos os problemas políticos realizou um desfile muito forte nos quesitos-chave, como casal de mestre-sala e porta-bandeira, samba, e harmonia.
A Imperatriz propôs pisar de forma mais alegre na Avenida, mas passou por diversos problemas do início ao fim do desfile. A situação gresilense preocupa. Hoje, a escola caminha para uma posição amargua na quarta de cinzas e dependendo das sete apresentações de segunda-feira, pode acabar sofrendo um rebaixamento impensável para a Rainha de Ramos.
O Império Serrano, como era esperado, não fez um desfile digno de suas tradições. Apesar do esforço da dupla de cantores Leléu e Anderson Paz, a escola da Serrinha esqueceu sua condição de nove vezes campeã da elite do carnaval e passou de forma melancólica para o imperiano, que está acostumado com grandes sambas e desfiles que orgulham todos os sambistas.
Abaixo, você pode ler um resumo de cada desfile e todas crônicas completas das sete escolas
IMPÉRIO SERRANO: Primeira escola de samba a desfilar no domingo de carnaval pelo Grupo Especial com o enredo ‘o que é, o que é?’, de autoria do carnavalesco Paulo Menezes, o Império Serrano contava com o enorme desafio de cantar em forma de samba-enredo o sucesso de Gonzaguinha da MPB “O que é, o que é?” como hino imperiano para 2019, além de superar a crise já anunciada no período pré-carnavalesco. Brigando para permanecer no grupo de elite do carnaval carioca, a verde e branco da Serrinha sofreu com o temporal que atingiu a sua concentração. A Liesa precisou atrasar em 45 minutos o início dos desfiles. * SAIBA AQUI COMO FOI O DESFILE
VIRADOURO: Diversos versos do samba-enredo da Unidos do Viradouro servem para ilustrar o desfile da agremiação na noite deste domingo de carnaval no Sambódromo. Mas nenhum deles seja tão definitivo quanto ‘o brilho no olhar voltou’. A vermelha e branca de Niterói deixou a avenida nos braços do povo e o carnavalesco Paulo Barros realizou seguramente o seu melhor projeto em termos de alegorias e fantasias da carreira. Somado a isso uma atuação irretocável do chão da escola, impulsionado pelo intérprete Zé Paulo e a bateria Furacão Vermelho e Branco. Fatores que colocam a escola, mesmo sendo apenas a segunda a desfilar na primeira noite, no caminho do título do Grupo Especial. A Viradouro apresentou o enredo ‘Viraviradouro’ e terminou o desfile em 75 minutos. * SAIBA AQUI COMO FOI O DESFILE
GRANDE RIO: Protagonista da última virada de mesa do carnaval, a Acadêmicos do Grande Rio propôs para 2019 um desfile com claras intenções de rir das desgraças cometidas pelo ser humano. Sejam elas intencionais ou não. Elaborado pelo carnavalesco Renato Lage, o enredo “Quem nunca…? Que atire a primeira pedra”, ferozmente criticado no pré-carnaval, passou pela avenida dividido em cinco setores, 30 alas e seis carros alegóricos no tempo de 1h14. * SAIBA AQUI COMO FOI O DESFILE
SALGUEIRO: Em um ano de dificuldade e muitos problemas internos, a comunidade do Salgueiro mostrou no desfile deste domingo de carnaval, na Marquês de Sapucaí, toda a força de seu chão. Os componentes da Academia do Samba cantaram com muito empenho o samba-enredo da agremiação, um dos mais bem avaliados do pré-carnaval, e deram a identidade salgueirense ao desfile da Vermelha e Branca. Além do quesito Harmonia e do bom rendimento do samba, o casal Sidclei e Marcela deu um show a parte e ao lado da comissão de frente da Academia também se destacou, mostrando totais condições de alcançar as notas desejadas na avaliação dos julgadores. * SAIBA AQUI COMO FOI O DESFILE
BEIJA-FLOR: A Beija-Flor de Nilópolis foi a quinta agremiação a desfilar na primeira noite do Grupo Especial 2019. A azul e branca ainda sonha com o bicampeonato, depois de conquistar o título no ano passado. Entretanto a chance de uma nova conquista é remota, principalmente, devido ao projeto plástico apresentado na avenida. A estratégia de defender os 70 anos da escola na avenida não deu certo e a temática não passou clareza através de alas e carros. Burocrática no canto, a escola viu as apresentações do casal Claudinho e Selminha e da comissão de frente serem os momentos de maior interação com o público no desfile. * SAIBA AQUI COMO FOI O DESFILE
IMPERATRIZ: Todo o pré-carnaval da Imperatriz, passando inclusive pelo ensaio técnico de alto nível que fez na Sapucaí, apresentava uma proposta diferente, de uma escola mais leve na Avenida. Porém, foi a Rainha de Ramos cruzar a faixa de início de desfile que o projeto ficou fortemente comprometido. A escola enfrentou problemas no processo de acoplamento de seu abre-alas, abriu um espaçamento de um setor e meio (entre a faixa inicial e a metade dos setores 3 e 4 da Sapucaí). * SAIBA AQUI COMO FOI O DESFILE
UNIDOS DA TIJUCA: Não faltou nada para a Unidos da Tijuca. Emoção na dose certa, um chão que cantou com a alma, alegorias e fantasias de extremo bom gosto e com leitura apresentando um enredo que se provou na avenida, onde deve ser. E um rendimento espetacular do samba e da bateria Pura Cadência. Com essas credenciais o Pavão do Borel voltou a fazer um desfile nos padrões que transformaram a escola na maior potência do carnaval nesta década. O tijucano não só está convicto de que volta no sábado, como nutre esperanças no seu quinto campeonato. * SAIBA AQUI COMO FOI O DESFILE