Um espetáculo de evolução, uma escola vibrante exaltando um dos seus e um homenageado em estado de graça. Esses foram alguns dos destaques que a Viradouro mostrou em um ensaio irrepreensível, com a força de um desfile valendo título. Foi o melhor ensaio da escola na temporada, mostrando tudo o que se espera de uma das potências da atualidade.

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Fotos: Vinícius Ximenes/Divulgação Viradouro

Uma evolução impecável e extremamente contagiante, com os componentes dominando toda a pista, brincando e aproveitando todo o espaço para a apresentação. Acima da conhecida excelência dos quesitos que a agremiação possui, a energia presente no ensaio foi o ponto crucial para o banho que a Viradouro apresentou.

Cantar sobre um dos seus é diferente, e a emoção teve seu ápice no final da apresentação, quando os diretores de harmonia e carnaval ergueram Ciça como numa apoteose, com aplausos e reverência de toda a escola. Os componentes não precisaram buscar abraçar o enredo após a escolha; ele já nasceu abraçado. Todo esse clima tende a ser ainda maior no desfile oficial, quando a escola desfilará na segunda-feira de Carnaval mostrando o enredo “Pra cima, Ciça!”, desenvolvido por Tarcisio Zanon.

MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA

Julinho e Rute estão em estado de graça e dançam com uma naturalidade que impressiona. O experiente casal bailou com muita graça, elegância e vitalidade, numa série com algumas pitadas de coreografia inspirada no samba, como na segunda parte da obra, mas, na maior parte da apresentação, o bailado foi solto, com uma precisão impecável nos movimentos, tudo feito com muita limpeza na execução. Um desempenho espetacular.

EVOLUÇÃO

A Viradouro mostrou um modelo de evolução não tão frequente nos dias atuais. A escola não apenas andou para frente; as alas se movimentaram para os lados, com componentes trocando de posição, movimentando todo o corpo, ocupando espaço com os braços, usando toda a pista para cantar e se divertir. Uma evolução solta, empolgante, fluida, bonita de ver. E tudo isso com um ritmo constante de sequência dos componentes pela pista, sem sobressaltos ou inconsistências na forma como a escola avançava. A troca de energia entre público e desfilantes trouxe ainda mais vivacidade para o ensaio da vermelho e branco, que encerrou seu ensaio coroando o seu homenageado. Marcelinho Calil, diretor-executivo da Viradouro, falou sobre o ensaio.

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“O ensaio foi espetacular. Pelo lado emocional, foi um ensaio quente: escola pulsando firme, cantando, feliz, espontânea; e, tecnicamente, tudo aconteceu de forma muito encaixada, muito precisa, tudo funcionando. Estou muito feliz. Certamente, foi nosso melhor ensaio até agora; ao meu ver, um ensaio perfeito, não vi absolutamente nada que eu pudesse pontuar, isso é raro. Na técnica e na emoção, que é o principal para este ano, foi uma noite muito feliz”, declarou.

SAMBA E HARMONIA

Um desempenho de excelência foi alcançado pelo samba da Viradouro neste ensaio de rua. Wander Pires e seus apoios extraíram toda a qualidade que a obra possui, valorizando a linha melódica, como no refrão central, que tem uma melodia muito bonita, seguido do começo da segunda parte: “se a vida é um enredo, desfilou outros amores”. O trecho de canto mais corrido — “peça perfeita pra me completar, feiticeiro das evocações…” — passou com muita clareza e obteve ótimo rendimento, com bastante balanço. O refrão de cabeça explodiu durante todo o ensaio. Essa explosão se viu no canto da escola, que foi fortíssimo na totalidade das alas, com componentes gritando o samba mesmo longe da bateria. Além dos refrães, diversos trechos tiveram um canto muito forte, como: “contam no Largo do Estácio o destino em seu passo, que fez, pouco a pouco, uma chama acender; traz surdo, tarol e repique pro mestre reger”. A Viradouro cantou alto e radiante.

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OUTROS DESTAQUES

Muitas vezes, pelo foco total no samba no pé, a ala de passistas acaba apresentando um canto mais falho e irregular; não foi o que ocorreu com a Viradouro. Os passistas da agremiação cantaram muito o samba durante a passagem da escola.

Ciça foi aclamado no final do ensaio por diretores, passistas, seus ritmistas, Rute, Julinho e quem mais estivesse ali por perto. Uma linda cena e mais um capítulo dessa homenagem tão especial.

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