Responsável por fechar o desfile das escolas de samba em 2022, a Vila Isabel foi à Marquês de Sapucaí nesta terça-feira para ensaio no setor 11. A pouco mais de uma semana para a apresentação oficial, a agremiação fez um treino com bateria e carro de som para ajustar os últimos detalhes. Mestre da Swingueira de Noel, Macaco Branco falou sobre o retorno do Carnaval após a pandemia e comentou a importância do trabalho com os ritmistas no Sambódromo antes do desfile.
“Parecia uma história sem fim esse Carnaval. Ficamos naquela incerteza de ‘será que vai ter? vai chegar abril e adiar de novo?’, mas agora está tudo se normalizando, com todo mundo vacinado, e vamos poder fazer a coisa que mais gostamos, que é o desfile das escolas de samba. Como o Perlingeiro disse, o desfile das escolas de samba não precisa ser no Carnaval. O Carnaval é do calendário católico, o desfile é tipo um ‘Rock In Rio’, é um mega evento, o maior espetáculo da terra. E não tem preço estar aqui novamente. Estão todos aqui emocionados e doidos para entrar na Avenida”, disse Macaco Branco, que completou:
“O ambiente aqui é tudo, o som, distância, arquibancada, tudo isso influencia. Mas só de estar aqui, ter uma noção do trabalho, é muito importante, é como se fosse treinar no Maracanã antes de um jogo. A 28 de setembro é estreita, não conseguimos colocar todos os instrumentos, aqui é diferente, já dá para trazer todo mundo. Minha esposa até brinca comigo e diz que eu estou morando no barracão. Está muito lindo, o trabalho do Edson é maravilhoso. A Vila Isabel está falando de Martinho, que é o maior ícone vivo da história da escola, e na minha opinião é o maior enredo que a Vila já fez. Agora tomara que traga mais um caneco pra gente também”, emendou.
Macaco Branco levará para o Sambódromo 276 ritmistas, com uma paradinha e três bossas planejadas, sendo uma delas reproduzindo o jeito cadenciado de Martinho da Vila. Em 2020, a Swingueira de Noel obteve nota máxima e o mestre da Vila Isabel quer repetir o feito este ano. O Carnaval de 2022 também será marcado pela introdução do metrônomo, que irá medir os bpm’s das baterias na Sapucaí. Macaco Branco explicou como o aparelho será utilizado.
“Os jurados explicaram pra gente que já utilizavam o metrônomo, a diferença é que antes era no celular, em aplicativo, e agora é o aparelho mesmo, digital, para todo mundo. Não vai ser usado para pegar lá da largada até o final, mas sim para o jurado ver o andamento da bateria no campo de visão dele. Se a bateria entrou com um andamento e saiu com outro, se a paradinha oscilou, se acelerou ou desacelerou, é mais para a análise naquele curto espaço de tempo na frente deles. Muita gente estava com medo achando que ia ser do início ao fim, mas não é”, explicou o mestre.
Há dois anos, a Vila Isabel ficou na 8ª colocação, com enredo ‘Gigante Pela Própria Natureza: Jaçanã e Um Índio Chamado Brasil’ e vai em busca do tetracampeonato na próxima semana. Os três títulos da escola foram conquistados em 1988, 2006 e 2013. Quem também marcou presença no ensaio foi a rainha de bateria Sabrina Sato, que esbanjou carisma e samba no pé. À frente do carro de som, Tinga demonstrou otimismo pelo desfile da Vila Isabel na próxima semana.
“A gente esperou tanto por esse Carnaval, então é uma alegria imensa e uma emoção muito grande. Vai ser um Carnaval de muita emoção, da gente agradecer muito pelo que a gente já passou. Ensaiar é sempre bom, ainda mais com o Macaco Branco e essa bateria maravilhosa. A gente veio aqui hoje afinar algumas coisas, sem as alas, baianas, velha guarda, pra gente saber se estamos no caminho certo. Dia de tirar todas as dúvidas pra quando chegar o grande dia a gente estar pronto”, disse Tinga, que finalizou:
“A expectativa é das melhores, um samba maravilhoso, comunidade comprou o samba, além desse enredo lindo, que faz uma homenagem ao nosso grande mestre. Tenho certeza que vamos fazer um grande desfile, a Vila Isabel está linda, fantasias maravilhosas, e alegorias muito bonitas. Vamos em busca de mais um título”, encerrou o intérprete.