A Acadêmicos de Vigário Gerl, sexta escola a entrar na Sapucaí em mais uma noite de desfile, apresentou o enredo Pequena África – da Escravidão ao Pertencimento, Camadas de Memórias entre o Mar e o Morro. O enredo contou a história da região que ficou conhecida como a “Pequena África”, além de enaltecer a população, valores urbanos e artísticos. O segundo carro representou a celebração às religiões de Matrizes Africana.
Nele, é retratado o Exu abrindo os caminhos para mostrar o legado que a região da Pequena África produziu para os negros: a essência africana. Um local onde os negros pudessem praticar a fé e a crença de origem, cultuando divindades do panteão africana e evocar toda sua ancestralidade. A alegoria traz à frente uma representação do Orixá Exu como o Senhor dos caminhos e de Oxalá em escultura principal. A escultura ainda traz imagens dos principais Orixás: Xangô, Omolu, Ogum, Oxossi, Iemanjá, Oxum, Iansã.
Para a secretária Letícia Antonelli, 37 anos, a oportunidade de desfilar pela escola é um presente. E a vivência na religião de matriz africana, reforçou ainda mais esse laço de amor e cultura. “Sou umbandista e esse carro representa muita coisa na minha história. Sinto um orgulho! É a minha primeira vez desfilando e tenho a oportunidade de realizar esse sonho. Esse carro vem representando todos os Orixás. Isso é um sincretismo entre o candomblé e a umbanda”, ressaltou Letícia Antonelli.
Quem também concorda com essa opinião é a estudante Juliene Vitória, 20, que é católica e defende a liberdade religiosa na sociedade. “Esse enredo é muito importante. Nós aprendemos a ter o respeito com a religião. Estou feliz com a Vigário e esse ano a escola vem com muita força. Esse é o meu primeiro ano e estou muito feliz de poder desfilar em um carro que representa pontos importantes sobre o enredo, além de reforçar a identidade cultural. Mesmo sendo católica ou de outra religião, devemos respeitar a todos. Acredito que a Vigário vai reforçar o respeito às diferenças”, finaliza Juliene.