O Vai-Vai foi a quarta escola a desfilar nesta noite do Grupo de Acesso I. Com a reedição do enredo “Eu também sou imortal”, o Bixiga levantou a arquibancada com o seu famoso samba-enredo já conhecido no carnaval paulistano. A Saracura realizou um grande desfile. Destaque para a comissão de frente bronzeada, que pode ser considerada uma das melhores fantasias do carnaval de São Paulo. Há de se ressaltar o canto da comunidade e a ala musical embalada pelo intérprete Luiz Felipe. A reestreia do casal Renatinho e Fabiola também foram válidas. A escola encerrou o desfile com 58 minutos.
Comissão de frente
Vestidos com o corpo bronzeado, a comissão de frente da escola deu um espetáculo à parte neste desfile. Uma apresentação impecável. Dentro da coreografia, a ala evoluía de um lado para o outro da pista ocupando todo o espaço possível. O que de fato chamou a atenção foi a fantasia e a maquiagem incrível.
O coreógrafo Robson Bernardino teve como ideia trazer de volta baluartes da escola. Esses bronzeados citados são reproduções de antigos componentes que deram a vida pela Saracura.
Mestre-sala e porta-bandeira
Representando o “Clarão na imensidão”, o casal Renatinho e Fabíola, fizeram tudo corretamente. Analisando em frente ao recuo de bateria, a dupla se mostrou confiante em sua reestreia. Na apresentação para a cabine, optaram por realizar movimentos mais lentos e mostrar o pavilhão com delicadeza. Deu para notar também que a bela fantasia era leve e permitiu o casal evoluir da forma correta.
Harmonia
O canto da escola fluiu com naturalidade. O samba já conhecido e trabalhado ajudou nisso. Agora, dentro do desfile, tendo a força das arquibancadas para se apoiar, o chão do Vai-Vai se fez presente. Sempre foi um módulo em que o Bixiga se deu muito bem, e isso pode ajudar novamente,
As partes mais cantadas foram os refrões e os últimos versos do samba. Os apagões e bossas que a bateria fez também deram o tom da harmonia, visto que todos cantaram de forma correta e sem erros.
Enredo
“Eu também sou imortal” é uma reedição de 2005. O conceito se trata de falar sobre a vida. Como ela surgiu, como pode acabar, como é viver e outras coisas mais. Também há muita reflexão dentro disso.
Na segunda alegoria, por exemplo, há grandes esculturas que podem representar o bem e o mal, pois na parte de baixo havia uma vermelha com chifres aparentando ser um diabo e, logo acima da cabeça, a escultura de um ser angelical.
Evolução
A evolução do Vai-Vai não sofreu como em outros anos. A escola passou segura por isso e a reação do departamento de harmonia dizia tudo. O desempenho técnico foi satisfatório também. Dentro das alas tudo ocorreu normalmente na pista. A única situação a se observar é a questão da última alegoria que se afastou um pouco da ala que estava a frente.
Samba-enredo
É famoso um samba de 2005, mas que foi perfeitamente produzido para 2023. A adaptação ficou satisfatória e a Saracura provou que pode modernizar canções antigas de forma que se pareça atual. A princípio a melodia iria mudar em relação a 2005.
A entonação do “É carnaval” estava na última sílaba, mas agora a ala musical optou por alternar. Às vezes canta do jeito antigo e na maioria das vezes com a nova adaptação.
Vale destacar novamente o intérprete Luiz Felipe, que além de comandar sua ala musical com autoridade, levantou a arquibancada. Felipe desfilou pela terceira vez na agremiação e está cada vez mais ambientado com os microfones.
Fantasias
As vestimentas mostraram simplicidade, mas tinha um fácil entendimento. Entre todas as fantasias, há de se ressaltar novamente a comissão de frente. Roupagem e maquiagem perfeitas. Criatividade muito acima.
O resto da escola teve uma performance linear nas fantasias. Nada de luxo, porém nada ‘remendado’. Houve investimento.
Alegorias
A primeira alegoria foi representando o big-bang, que é a teoria que deu início a tudo. Um carro que chamou a atenção por ser monocromático em preto. Na parte do centro a coroa do Vai-Vai com o nome da escola se destacou na alegoria.
O segundo carro alegórico foi como o “Juízo Final e a sentença da vida”, onde tinha uma escultura de anjo e diabo.
A terceira alegoria simbolizou o renascimento do Vai-Vai. O maior exemplo disso foi a Fênix, que significa o renascer das cinzas. Nessa alegoria, os papéis picados podem significar a felicidade, pois o Vai-Vai, na visão deles, continua intacto e vai além dos desfiles.
Outros destaques
A bateria ‘Pegada de Macaco’ de mestre Tadeu e Beto, mudaram totalmente a estratégia de vários anos. Desta vez eles se modernizaram e se juntaram às outras baterias para realizar várias bossas. Os breques foram realizados em vários momentos do desfile. É algo inédito, visto que a bateria do Vai-Vai é conhecida apenas por marcar o samba.