Por Matheus Vinícius (Colaboraram Luan Costa, Freddy Ferreira, Raphael Lacerda, Luiz Gustavo, Gabriel Radicetti, Juliana Henrik, Carolina Freitas, Marcos Marinho e Matheus Morais)
Quem abriu o novo modelo de teste de luz e som da Marquês de Sapucaí foi a Unidos de Padre Miguel. À frente da escola, mães de santo defumavam a Avenida e abriam os caminhos para o Boi Vermelho executar um ensaio com o mínimo de erros possível. O vigor da Comissão de Frente e do casal de Mestre-Sala e Porta-Bandeira foram destaques positivos da exibição. A vermelho e branco da Vila Vintém também mostrou que seus componentes eram capazes de cantar forte o samba do ano.
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Um ponto de atenção é o uso da luz cênica da Sapucaí. Os desfilantes evoluíram a maior parte do tempo sob uma luz vermelha que pode gerar dificuldades na Evolução. Não foi o caso, já que a UPM passou de forma bem organizada.
A Unidos de Padre Miguel abrirá os desfiles do Grupo Especial, no domingo, 2 de março, com o enredo “Egbé Iyá Nasso” desenvolvido pelos carnavalescos Alexandre Louzada e Lucas Milato.
“Particularmente, eu sabia que isso ia acontecer. Com o som da avenida a escola berraria o samba. Facilitaria para gente e a escola está pronta, não tem mais o que fazer, agora é esperar o dia. Descansar essa semana, entregar as fantasias que ainda faltam ser entregues e no dia oficial sermos felizes. Carnaval é isso, é felicidade. A gente está feliz por estar no Grupo Especial e no domingo vamos exalar alegria, fazer de tudo para permanecer no grupo. A nossa comunidade não vai medir esforços para isso, ou pra chegar numa posição melhor, ou quem sabe até ser campeã, quem sabe papai do céu abençoa a gente. Carnaval está pronto, e com todo respeito e humildade, as coisas acontecem aqui na pista”, avaliou Cícero Costa, diretor de carnaval.
Comissão de Frente
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A Comissão de Frente, de Sérgio Lobato, trouxe algumas representações de Exu. As mulheres estavam pintadas de vermelho, enquanto os homens tinham capa preta, cartola e o corpo todo pintado de vermelho. Tridentes também compunham como cenário e como adereço para os rapazes. O grupo apresentou uma coreografia intensa, de passos rápidos e que encantou o público. O clímax da apresentação era a aparição do Exu Mirim, um menino da comunidade, de sambar ao som das partes finais do samba. Infelizmente, no primeiro módulo de jurados, alguns componentes deixaram a cartola cair. Já na segunda cabine, a apresentação foi sob a luz vermelha, aspecto que não se repetiu nas demais.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
O mestre-sala Vinícius Antunes e a porta-bandeira Jéssica Ferreira mostraram muita precisão e energia nos movimentos. Ficou nítida a cumplicidade do casal na Avenida. Durante o bailado, eles agregaram movimentos de orixás, permitindo que a dança fosse mais intensa. Vale destacar o giro executado por Jessi no trecho “Gira a saia da yabá”.
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“Foi um ensaio maravilhoso com a nossa comunidade, com o nosso Boi Vermelho. Como sempre, a escola veio guerreira, forte, e a gente não pode fazer menos, né? Temos que ser fortes também, guerreiros, lutando e brigando pelo nosso Boi Vermelho. O ensaio foi lindo, o jogo de luz, o som… Tudo perfeito, maravilhoso”, disse a porta-bandeira.
“Graças a Deus o ensaio foi muito bom. Sabemos que sempre há algo a melhorar. Nossa coreógrafa querida, Vânia Reis, que está aqui ao meu lado, não me deixa mentir! Sempre tem algo para aperfeiçoar, para ajustar. Mas foi incrível, foi perfeito. Estamos no caminho certo”, completou o mestre-sala.
Harmonia e Samba
A escola passou cantando, o que permitiu que Bruno Ribas e mestre Dinho fizessem um apagão na Sapucaí para os componentes bradarem o samba. A composição de Thiago Vaz, W Correa, Richard Valença, Diego Nicolau, Orlando Ambrosio, Renan Diniz, Miguel Dibo, Cabeça Do Ajax, Chacal do Sax, Julio Alves, Igor Federal, Caio Alves, Camila Myngal, Marquinhos, Faustino Maykon e Clá no final oscilou no rendimento. Houve uma queda após a entrada da bateria no segundo recuo, mas retomou à intensidade anterior. Houve problema de som da Avenida no meio da apresentação do casal no 3° módulo.
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O intérprete Bruno Ribas analisou o teste de luz e som. “Perfeito! Xangô é tudo na minha vida e na Vila Vintém. A harmonia foi fantástica! Se hoje fosse o desfile oficial, sinceramente, eu estaria agora com a mente muito tranquila de que fizemos um carnaval fantástico na pista. Não poderia ter sido melhor. Primeira vez no Rio de Janeiro que esse evento acontece – de estar recebendo a passagem de som antes do dia do carnaval. Sinceramente, minha avaliação é 100%. Muito bacana, adorei. Daqui até carnaval é um petelequinho aqui, outro ali. Não tem nada para dizer de contrário à perfeição”, declarou o interpréte.
Evolução
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Durante os 78 minutos de Avenida, a escola passou grande e coesa, com os componentes confortáveis. A UPM optou pelo uso de muitas alas coreografadas. Balões vermelhos foram soltos na conclusão do apagão do mestre Dinho.
Bateria e Outros destaques
Vale ressaltar a beleza da ala das baianas, assim como o carisma da ala da crianças. Entre outros destaques do ensaio estão a performance delicada de rainha, Andressa Marinho, a Dedê, à frente da bateria de mestre Dinho. Na parte da frente da bateria ressoou o belo entrosamento entre chocalhos e tamborins. Que ainda contou com o trabalho sólido de cuícas e agogôs bem desenhados. Na cozinha, o destaque ficou com o balanço envolvente das terceiras e da afinação de surdos de grande qualidade. Bossas conectadas à temática afro da escola embalaram a bateria da UPM, com arranjos que exibiram boa musicalidade e pressão sonora de surdos. Uma criação musical intuitiva, com destaque para a paradinha dançante do refrão do meio e para a bem elaborada bossa da cabeça. Uma bateria segura e preparada para o desfile oficial.
“A análise da bateria é perfeita. Ela está pronta para o desfile. O som, desde o dia em que viemos aqui para fazer o teste, melhorou muito. Ainda tem alguns ajustes para fazer, claro. Como somos a primeira escola hoje e no dia seguinte teremos a segunda, a terceira… vai ficar ainda melhor. Mas já vejo uma grande evolução. Tudo, tudo, tudo foi feito aqui. Está tudo pronto, agora é só chegar a hora”, contou mestre Dinho, comandante da bateria “Guerreiros”.