Com a missão de desfilar pela primeira vez nesse modelo de Grupo Especial, a Unidos de Padre Miguel realizou mais um ensaio de rua no bairro e segue mostrando que seus planos são ambiciosos. Na noite da última sexta-feira, o destaque foi coletivo, com evolução e harmonia no ponto certo, além de grande apresentação da comissão de frente, casal superando o vento e bom rendimento do samba. Em 2025, o Boi Vermelho será a primeira escola a desfilar no domingo de carnaval (2 de março) com o enredo “Egbé Iyá Nassô”, dos carnavalescos Alexandre Louzada e Lucas Milato.
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Fim da temporada da UPM itinerante. Depois de ensaiar na Vintém e no Ponto Chic, o local do ensaio da última sexta foi a Praça Guilherme da Silveira, em Padre Miguel, onde ensaiará até chegar o dia do desfile. Foi um ensaio com o gás de uma comunidade disposta a ir além de apenas brigar para ficar na elite do carnaval. As alterações nos locais de ensaio já fazem parte do calendário da escola e, mais uma vez, contou com grande adesão do público nas calçadas da Rua Coronel Tamarindo.
“A gente está mantendo a tradição. Primeiro a gente começa dentro da comunidade, dentro da Vila Vintém, depois a gente faz no Ponto Chic e, por último, começa aqui na Guilherme da Silveira e vai até fevereiro. O maior objetivo é fazer a convocação e aquele esquenta de bairro”, disse Cícero Costa, diretor de carnaval.
Ao final do ensaio, a diretora de carnaval Lara mara falou sobre suas impressões de mais um treino rumo ao grande dia na Sapucaí.
“Estou muito feliz, foi como nos outros ensaios. Foi muito bom, comunidade cantando, eu acho que esse é o caminho. Estamos muito confiantes”.
Comissão de frente
Empenhada e muito bem ensaiada, a comissão de frente, liderada pelo coreógrafo Sérgio Lobato apresentou filhos de santo da Casa Branca do Engenho Velho, levando oferendas para Xangô. O grupo contava com um bailarino que representava Xangô e uma bailarina, para Iyá Nassô. Com muito sincronismo, a dança contava com elementos afro. No refrão do meio, a personagem Xangô era erguida e, no refrão principal, o destaque era da personagem Iyá Nassô, quando os outros bailarinos todos se agachavam e apontavam para ela.
Mestre-sala e Porta-bandeira
O casal enfrentou uma ventania no primeiro módulo de jurados que desafiou a porta-bandeira. Quando o samba cantou “Airá guarda seus filhos no ilê da Barroquinha”, após terminar os giros, o vento bateu forte e acabou por enrolar a bandeira em uma volta. Nos outros módulos, a atuação foi impecável e a mostra de uma das coreografias mais bem trabalhadas desta temporada de ensaios de rua. No início, Vinícius Antunes e Jéssica Ferreira apresentam o pavilhão, fazem referências a Orixás e saem em giros vigorosos até retomarem a coreografia. Muito alinhados, eles bailam procurando um ao outro e esbanjam elegância, além de conseguirem impor ritmo na dança, aplicando movimentos tradicionais às variações melódicas do samba. Os giros no estilo africano da Jéssica caem muito bem no refrão principal.
Harmonia
Coro afinado. A escola ensaiou com muitas alas e passando por cada uma delas, foi possível perceber o canto em volume uniforme. Alto, mais exatamente. O carro de som conduziu o canto com o primor que já acostumou o público e a comunidade respondeu a altura. Da comissão de frente à ala dos compositores, a noite de ensaio foi de cantar forte, principalmente durante os apagões da bateria.
Evolução
Muitas alas presentes favorecem a Unidos de Padre Miguel treinar melhor a sua evolução. Mas, o que a escola mostrou é que não terá trabalho para organizar os seus desfilantes. Compactas, soltas e brincando na pista, a escola evoluiu bem e fez um ensaio agradável de assistir pelo andamento dos componentes.
Samba-enredo
Bruno Ribas é craque e tem com ele um carro de som capaz de potencializar seu trabalho. Tanta qualidade, faz o samba da UPM crescer a cada apresentação. Com a comunidade cantando muito, a obra, já elogiada no mundo do carnaval, ganha mais força e totais condições de garantir a nota máxima no quesito. A ideia de cantar “Vila Vintém é terra de macumbeiro”, caiu nas graças dos componentes que gritam com vontade, enquanto batem no peito. O samba é incansável e rende bem o tempo todo de ensaio.
Outros destaques
A bateria “Guerreiros” é a grande aliada do quesito harmonia, com a sua capacidade de mexer com os componentes. Em diversos momentos, foi feito apagões para jogar o canto para o público e para a comunidade, que respondeu bem. Quando a bateria subia, era hora de a escola inteira vibrar com o ritmo liderado pelo mestre Dinho.
“Hoje foi perfeito! Lógico que sempre tem uma coisinha a melhorar, questão de andamento, mas o que vi aqui estou satisfeitíssimo. Esse é o terceiro ensaio de rua. Tem um negócio que ainda não coloquei na bateria, mas vamos chegar lá”, contou mestre Dinho após o ensaio.
A rainha da bateria Dedê Marinho recebeu a visita da rainha da bateria da Viradouro, Érika Januza. As duas sambaram juntas antes do ensaio começar, o que ajudou no esquenta do público para a passagem da escola.
A partir deste ensaio, a UPM firma o pé na Guilherme da Silveira e ainda terá mais um ensaio antes da pausa para os festejos do final do ano, na próxima sexta-feira, 20 de dezembro.