Por Geissa Evaristo
Primeira escola a desfilar sem chuva forte na madrugada desta sexta-feira na Marquês de Sapucaí, a Unidos de Padre Miguel, escola sempre aguardada devido aos seus últimos grandes carnavais fez a melhor arrancada da noite entre as cinco que já desfilaram, no entanto, apresentou problemas de acabamento em alegorias e graves erros em evolução. A escola estourou três minutos dos 55 máximos do tempo de desfile. A agremiação apresentou o enredo “Qualquer semelhança não terá sido mera coincidência”, uma homenagem ao dramaturgo Dias Gomes.
A comissão de frente de David Lima trouxe “Oya por nós, santa senhora!” uma referência à Santa Bárbara em O Pagador de Promessas. A coreografia muito bem elaborada pelo coreógrafo foi dividida em alguns momentos. Bem marcante na letra do samba-enredo. O ápice, porém acontecia quando Iansã se revelava saindo do tripé e dançando. Determinado momento ela dava um grito e o público reagia. O grupo de apresentou sem erros frente as cabines de módulos dos julgadores. Destaque para o figurino e a maquiagem bem elaborada com pedacinhos de papel.
Vinicius Antunes e Jéssica Ferreira não desfilaram com chuva, porém a pista de desfiles continuava completamente molhada com alguns pontos de poça d’agua, mas não eles aparentavam nenhum tipo de insegurança ou receio. Executaram a dança com leveza e muita segurança. A sintonia da dupla demostra ser cada vez maior. Jessica manteve o pavilhão esticado a todo tempo em todas as cabines de julgadores e Vinicius o tempo todo à cortejava com graça e simpatia. Ao final da apresentação, antes de se despedirem dos julgadores, o mestre-sala oferecia uma rosa vermelha à porta-bandeira que seguia dançando portando o adereço. A dupla em sua fantasia representou ” O encontro do Zé Burro com Santa Bárbara”.
Acostumada a cantar o samba-enredo à plenos pulmões, a Unidos de Padre Miguel não apresentou problemas no quesito. A comunidade muito bem ensaiada deu conta do recado, exceto as composições da alegoria que em sua maioria se limitavam a cantar apenas os refrões. O intérprete Pixulé comandou com muita categoria e impulsionamento o rendimento do canto dos componentes.
O carnavalesco João Vitor mostrou que é um dos melhores da nova geração. O artista apresentou fantasias lindas, e, acima de tudo com muita leitura. Destaque para a ala das crianças, uma referência na Unidos de Padre Miguel. O leigo que chegasse no Sambódromo facilmente reconheceria o enredo sobre Dias Gomes. Leitura clara nos carros alegóricos, inclusive, dispensando o roteiro do desfile em muitos momentos.
A evolução foi o grande ponto fraco da Unidos de Padre Miguel nessa noite. A escola não soube controlar o andamento das suas alas e acabou abrindo grandes buracos em momentos distintos do desfile. Um grande clarão foi aberto frente à cabine 2 e outro com a dimensão de 8 pirulitos de caixa de som foi aberto na quarta cabine de julgadores na frente do último carro alegórico. Algumas alas também ficaram espaçadas demais. Aos 46 minutos a escola mudou o andamento do desfile passando a acelerar demais para não estourar o tempo. A ala da velha guarda por exemplo, passou dentro da ala à frente.
“Aqui se aprende a amar o samba”, o verso foi cantado com componentes batendo no peito, parece ter sido a parte favorita dos componentes da Vintém que desfilaram na Marquês de Sapucaí nesta madrugada. A obra rendeu como o esperado para uma escola considerada favorita desde a fundação da Lierj, mas não contagiou o público.
Muito bem vestida, a Unidos de Padre Miguel não contou com problemas de acabamento em fantasias. Criativas, passaram boa leitura do enredo mais especificamente nas alas do primeiro setor do desfile. Destaque para as alas Coronel Odorico, ala 6 e As borboletas do Dirceu, ala 7. A riqueza de detalhes das fantasias foi até o pé do componente que não usou as tradicionais sapatilhas simples utilizadas pela maioria dos componentes da Série A. Na escola, os pés de todas as alas, incluindo a bateria estavam protegidos por calçados diferentes e visivelmente mais caros. A ala 19, As doces tentações de Dona, em cor neon e coreografada surtia um belo efeito visual.
Acostumada a trazer para a Avenida alegorias luxuosas e impecáveis, a escola também não repetiu neste quesito o mesmo apresentado nos seus últimos carnavais. A alegoria 2 “Perdidos a gente não sabe em quem acreditar” apresentou grave problema de acabamento. Ferros estavam visíveis e tortos, dando a impressão de que o teto da alegoria iria se desprender a qualquer momento. Na alegoria 3, “Natureza, capital, bicho e carnaval”, o leão estava com a pintura descascando e na quarta e última alegoria ” Na apoteose do absurdo, viva Santo Dias”, a grande escultura atrás da alegoria possuía um problema de acabamento no rosto do boneco. Além disso, a mão da escultura da Dona Redonda estava decepada.
Com uma das fantasias mais luxuosas da noite, a Unidos de Padre Miguel levantava o público durante a passagem de mestre Dinho e seus ritmistas. Representando “O Rei de Ramos” o grupo executou bossas perfeitamente encaixadas dentro da letra do samba. Destaque para o retorno da rainha, Karina Costa vestida de ” A sorte” com um figurino à altura do apresentado pelos ritmistas.
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