Por Luiz Gustavo Thomaz, Guibsom Romão, Maria Clara, Matheus Morais e fotos de Magaiver Fernandes 

A União de Maricá abriu a noite de ensaios de sábado debaixo de uma insistente chuva e
com bastante empolgação, vista no canto forte da escola durante todo o tempo na pista. O
samba foi cantado com força pelos componentes em todas as suas passagens, com uma
ótima sustentação em todos os momentos da obra, principalmente, no refrão principal “Maricá é meu país, meu país é Maricá”. A evolução animada e redonda também foi um destaque do ensaio, mesmo com a pista escorregadia pela chuva que não parou de cair em toda a apresentação da escola. Estreante na Série Ouro, a União de Maricá desfilará na sexta de carnaval, dia 09 de fevereiro, sendo a sexta escola a desfilar com o enredo “O Esperançar do Poeta”. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO

“A avaliação é a melhor possível. A galera cantando muito. Porque a gente já sabe o que está acontecendo lá em Maricá. Que o pessoal aqui do Rio não vai ter essa noção do que tem acontecido lá. Mas é muito emocionante você ver uma comunidade nova, uma prefeitura que enxerga o carnaval como um vetor de mudança social na vida das pessoas, através da educação, através da saúde, através de tudo de bom que o carnaval pode proporcionar. A União de Maricá não vai ser só investimento num grande desfile da parte plástica. Isso aqui (o ensaio) é importante. Para disputar com o Império Serrano, União da Ilha, Estácio de Sá, a gente precisa disso aqui. A gente precisa de chão. E a Maricá tem chão também, mostrou isso aqui hoje. Do ponto de vista de evolução, de produção, de canto, a gente vai ficar sempre cobrando um pouco mais, mas a gente já está perto do que a gente quer para o desfile. É muito uma questão de comunicação, coisas internas mesmo na equipe, entendeu? Mas, no ponto de vista do ensaio, saio mega feliz, foi super positivo”, explicou Wilsinho Alves, diretor de carnaval. Ele revelou que a escola desfilará com 1800 componentes.

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Comissão de frente

A comissão de frente, comandada por Patrick Carvalho, veio com seus integrantes vestidos de malandros da rua, mais pop com calça jeans, cordões e uma criança representando a conhecida figura do malandro sambista, neste caso, uma alusão ao compositor Paulinho Guará. Mesclando passos de charme e samba, a comissão mostrou uma boa dança e obteve comunicação com o público.

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“Acho que hoje foi para lavar mesmo. Eu estava precisando dessa chuva. Pressão, muito trabalho, Maricá e Salgueiro. Dois projetos grandiosos, muito grandiosos. Duas escolas que não economizaram no investimento das minhas ideias. E, falando de Maricá, parece que eu já estou na escola há dez anos, eu estou muito feliz. É um time de profissionais. Acho que a gente vai trazer uma comissão de frente nível especial no Grupo de Acesso. É uma composição de samba, é uma pegada de samba. Essa comissão de frente, eu escrevi ela com muito carinho. Me inspirei na minha história, porque eu sou esse cara que nasci na comunidade do Cantagalo e a minha vivência foi nos becos e vielas. A minha dança tem a assinatura das vielas do meu humor e a comissão vai ter isso”, revelou o coreógrafo Patrick Carvalho.

Mestre-sala e Porta-bandeira

A pista bem molhada e o vento foram obstáculos para uma apresentação mais solta do casal Fabricio e Giovanna, sobretudo, na altura da primeira cabine. Porém, eles usaram a experiência para conseguirem uma atuação segura mesmo sem o cenário ideal. Na segunda cabine o casal teve um desempenho mais confortável.

“A gente aproveitou que choveu e aí lapidamos os movimentos, sem correria, até porque estava escorregando muito. Com os movimentos bem colocados, tudo bateu no tempo certinho, os movimentos corretos e tudo mais. Só falta só a pegada do dia, que aí, com o terreno seco, a gente espera que possa estar mais fácil para a gente. avaliamos alguns gestos que a gente pode aumentar ou diminuir, esse tipo de coisa. Mas é praticamente só ajuste mesmo. A nossa fantasia propícia para que a gente possa fazer uma boa evolução, uma evolução forte, uma fantasia leve. E a gente espera isso, que seja bastante leve no dia, para que a gente possa evoluir da maneira que se precisa”, disse o mestre-sala.

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“Para mim, foi excelente, até porque com chuva o brilho não é o mesmo, fica tudo muito apagado, nós fomos com a nossa raça, com a nossa alegria e correu exatamente do jeito que nós queríamos. Nós ensaiamos com chuva na São Clemente. Há uns três ou quatro anos. A gente pegou um dilúvio que a água vinha quase até o joelho. E nós viemos também no mesmo esquema, com calma, assim tudo foi tranquilo. Nosso grande medo no ensaio com chuva, há poucos dias do desfile, é cair e se machucar. Eu falei para ela, calma, sem correria, colocação de posição. Eu sou muito eufórica, mas a coisa corre e fica perigoso. A fantasia de 2024 é segredo, mas adianto que é o jeito que eu adoro. E posso dar uma dica, vou vir com faisão”, emendou Giovanna.

Harmonia

O canto foi o grande destaque do ensaio da União de Maricá. Foram poucos os
componentes que deixavam de cantar algum trecho do samba. Todas as partes eram
entoadas em uníssono, mostrando uma escola totalmente azeitada neste quesito. No refrão
principal o já forte canto explodia, sobretudo no trecho que inflama mais os componentes,
“Maricá é meu país, meu país é Maricá”.

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“Posso dizer que está tudo encaixadinho, porque eu, Mateus e toda ala musical, juntamente com a bateria, o mestre Paulinho Esteves, a gente vem trabalhando muito. Incansavelmente! A gente estava ensaiando toda sexta na quadra e também tinha as quartas. Ensaio com a bateria, carro de som, posso dizer que agora o rendimento está muito legal, o samba também está sendo bem aceito. Está saindo para fora da bolha, como dizem, porque as pessoas estão cantando, principalmente, o refrão e essa estrofe do ‘Maricá é meu país, meu país é Maricá’. Vamos esperar agora a diretoria comunicar a gente também no carro de som se eles acharam que faltou alguma coisa ou querem acrescentar alguma coisa, vai dar um ‘bizu’ na gente. Já estamos preparadose a gente vai está mais preparado ainda para o desfile”, comentou o intéprete Nino do Milênio.

“Acredito que a grande sacada do samba como o Nino falou é o ‘Maricá é meu país, meu país é Maricá’. A gente costuma falar muito que escola que quer ser campeã não escolhe dia, não escolhe horário, não escolhe tempo. A gente ensaiou sob muita chuva e fizemos um grande ensaio técnico. Nossa comunidade que não está cantando o samba, está gritando o samba. Nossa escola vai estrear com o pé direito fazendo um grande trabalho no dia 9 de fevereiro”, garantiu o cantor Matheus Gaúcho.

Evolução

Maricá evoluiu de forma tranquila e com bastante animação na avenida, sem maiores descompassos, mesmo com a pista bem molhada. Desfilantes mostrando muita garra no andamento do ensaio, e a escola manteve um ritmo constante até o final de sua
apresentação.

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Samba-enredo

Além do citado canto dos componentes, o samba teve uma boa sustentação por parte dos
intérpretes Nino do Milênio e Matheus Gaúcho, e teve uma agradável passagem ao longo
do ensaio técnico. O samba dos compositores Rafael Gigante, Vinicius Ferreira, Junior
Fionda, Camarão Neto, Victor do Chapéu, Jefferson Oliveira, Marquinho Abaeté e André do
Posto 7 mostrou força e foi bem cantado pelo público que estava nas grades da avenida, o
trecho que cita o nome da escola e consequentemente da cidade da mesma caiu na boca de quem assistiu ao ensaio. O refrão central com uma bonita melodia também chamou a
atenção.

“Tenho uma bateria com 230 ritmistas e eu acho que 130 nunca desfilaram na Marquês de Sapucaí. A bateria veio da Intendente Magalhães. Ela se comportou como uma bateria deve se comportar na Marquês de Sapucaí. Não vou dizer que ela já está no patamar lá de cima, não. Mas eu acho que ela chegou e conseguiu desempenhar o melhor dela e o que a gente vinha fazer nos ensaios. Agora, a gente vai ajustar uma coisinha ou outra. A chuva atrapalhou um pouquinho. Mas nada que comprometesse esse trabalho. Eu tenho certeza que até o desfile vai estar 100%”, afirmou o mestre Paulinho Esteves.

Outros destaques

A ala de passistas se apresentou muito bem vestida e com samba no pé e canto afiados,
sendo mais um ponto positivo da agremiação em seu ensaio.