Na despedida da temporada na estrada que leva o nome da Majestade do Samba, calçadas abarrotadas e a comunidade comparecendo em peso para prestigiar a Portela e passar boas energias para escola que agora ensaia na Sapucaí, no próximo sábado, no teste de som e de luz. Na pista o que se viu foi uma escola pulsando mantendo o nível forte no canto, capitaneados por um Gilsinho que se deu ao luxo de diversas vezes jogar o samba para os portelenses que sustentaram muito bem a obra. Em uma noite de muito calor na Zona Norte do Rio, quente mesmo estava no chão da comunidade que tem assumido o protagonismo desde os primeiros dias de preparação para o Carnaval 2025. Comprou a briga do samba e vai levando ele com uma harmonia potente para Sapucaí.
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O presidente Fábio Pavão analisou este último ensaio de rua e a temporada como um todo da Portela em preparação para o Carnaval 2025.
“A Portela chega muito bem, foi uma excelente temporada de rua aqui na Estrada do Portela, lá na (Rua) Carolina Machado, treinando a evolução, a harmonia, o entrosamento da bateria, carro de som, a alegria dos componentes se destacou durante todo processo e foi aumentando. A gente chega hoje no ponto ideal pra fazer um grande carnaval. Fizemos um bom primeiro ensaio técnico, foi positiva a nossa avaliação, vamos fazer ainda melhor no segundo e arrebentar no desfile é o que a gente espera”, avaliou o mandatário.
O diretor de carnaval, Junior Schall, também avaliou não somente este último ensaio de rua da Portela em Madureira como pontuou a preparação como um todo da escola, ressaltando a força e a energia que a Majestade do Samba chega para essa reta final.
“Avalio de uma maneira muito boa, é uma escola que chega afiada no final, é uma escola que chega fazendo acontecer. A Portela faz acontecer no chão, é chover no molhado porque a Portela sempre fez. Mas, está muito, muito feliz de novo. E a Portela estando muito feliz ela faz acontecer. Com a excelência que só a maior das campeãs possui: técnica, alma, força e felicidade. A avaliação é muito boa do que nós vimos no terreiro da Portela, no chão da Estrada do Portela e, em outros ensaios, na Carolina Machado. A Portela está entendendo que é fechar o carnaval. É óbvio que no dia 22 é o exercício para amplificação, porque sim, pode amplificar e vai amplificar e quando ainda mais no dia quatro, no desfile oficial, lá é o apogeu aqui é o estado de felicidade consciente”, comentou o diretor.
Em 2025, a Portela vai encerrar a terceira noite de desfiles do Grupo Especial levando para a Marquês de Sapucaí o enredo “Cantar será buscar o caminho que vai dar no sol – Uma homenagem a Milton Nascimento”.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Com a missão de abrir este ensaio , Marlon Lamar e Squel Jorgea desfilaram pelo chão da Estrada do Portela com sangue nos olhos buscando apresentar mais intensidade nos movimentos, mas sem perder a delicadeza de movimentos próprios para o casal e o sincronismo. Se, neste último ponto, talvez, ainda haja margem a ser atingida, principalmente pela qualidade e experiência do casal, a dupla teve como ponto positivo fazer uma coreografia mais limpa, sem buscar passos mais coreografados, trazendo do casal o que também casa muito mais com o enredo que é o próprio bailado clássico do mestre-sala e da porta-bandeira, visto que o homenageado também sempre empreendeu a sua vida pela delicadeza e sensibilidade.
Dessa forma, a preferência por uma bailado mais característico é tradicional foi um grande acerto. Um ponto também que não poderia ser ignorado foi a elegância da dupla neste último ensaio, com os trajes dos dois trazendo um belíssimo tom de prateado.
Harmonia
Mais uma vez, destaque do ensaio da Portela, a harmonia é um trunfo para o desfile em mostrar como o trabalho tem dado certo, visto que a comunidade tem mantido uma performance forte no canto já algumas semanas. O mérito da escola que conseguiu manter o trabalho e não deixar que o canto oscilasse ao longo dessa jornada. Mesmo com o forte calor, os componentes seguiam cantando, subindo a ladeira que é a Estrada do Portela quando passa da Rua Clara Nunes, inclusive, com bom canto das alas coreografadas, que conseguiam fazer seus movimentos sem baixar a intensidade do canto.
Antes do ensaio, o diretor de carnaval Junior Schall orientou a comunidade para que não fizesse o caco “eu acredito ” depois do trecho “quem acredita na vida não deixa de amar”, para que não pudesse se configurar no desfile para oo jurados como algo cantado que não está na letra apresentada. A comunidade absorveu bem a orientação e mostrou sua alegria no momento do versos cantado ele com toda força e alegria que vinha cantando, mas sem o caco como orientado.
No carro de som, mais uma vez Gilsinho mostrou o controle de sempre das ações, aproveitando alguns momentos do ensaio para deixar o samba na boca do povo que respondia aos pedidos do intérprete cantando ainda mais forte. Destaque para a introdução do ensaio com a música “Maria Maria”, de Milton Nascimento, mais uma vez, sendo interpretada e trazendo a comunidade para esquentar e estar pronta quando o samba-enredo mesmo era cantado.
Samba
O samba se colocou à serviço da comunidade e do carro de som. O andamento esteve dentro daquilo que a Tabajara do Samba gosta de trabalhar, mas ainda gera cuidados em termos de andamento, para não correr risco de ficar arrastado, visto que é uma obra mais melodiosa e de menor explosão, a não ser no refrão principal “Iyá chamou Oxalá preto rei pra sambar”. Os componentes têm jogado ele pra cima com a força do canto e tem sustentado bem o canto não deixando ele arrastar.
Houve um bom trabalho do carro de som para destacar alguns trechos que se tornaram “queridinhos” da comunidade como o bis “Quem acredita na vida não deixa de amar” e o refrão do meio “nessa estrada,é sonho, é poeira”, baseado em alguns sucessos de Milton. Até o teste de som, a Portela ainda terá mais um ensaio de canto na quadra, uma oportunidade para trabalhar ainda mais o samba, unindo comunidade, carro de som e Tabajara.
Evolução
Na evolução, algumas dificuldades inerentes a Estrada do Portela, como ser uma subida em boa parte do trecho do ensaio e, neste último particularmente, a grande quantidade de pessoas nas calçadas que em alguns momentos acabam transbordando para a pista e atrapalhando um pouco o deslocamento dos foliões. Mas, isso tudo, não será problema no desfile, só foram enumerados aqui para dizer que ainda assim a Portela fez uma evolução positiva, tendo fluidez, apresentando um bom deslocamento sem ficar exagerados períodos parada e sem acelerar demais.
A fluidez foi de uma escola que estava curtindo o momento e brincando carnaval. E as alas coreografadas que não eram em demasia, abrilhantaram o desfile com seus movimentos, como uma ala no início que apresentava saias e produziam um bonito efeito. Outro destaque, foi uma ala já para o final, vindo logo em seguida ao terceiro casal de mestre-sala e porta-bandeira que faziam uma teatralização mostrando tristeza, dor, sofrimento, talvez representante a parte do enredo que fala dos anos de chumbo, mas já na parte final do samba terminavam a sua performance com muita alegria. No geral, uma evolução bem eficiente para o ensaio na Estrada do Portela, já que em geral a evolução é mais testada pela Portela nos ensaios da Rua Carolina Machado, em que o terreno é mais plano.
Outros destaques
A rainha Bianca Monteiro chamou a atenção com o seu já costumeiro samba no pé e com um chapéu de Panamá com fita no azul da Portela. Algumas alas tinham um adereço na cabeça, um sol, um chapéu, algumas fininhas de acetato que produziam um bonito efeito, principalmente o que vinha em tons dourado ou prata.
No final do ensaio, ao som da bateria de mestre Nilo Sérgio, os segmentos e a comunidade protagonizaram um momento de muita alegria cantando e pulando com o samba, festejando essa temporada de ensaios que chega ao fim em Madureira. Até o presidente Fábio Pavão se entregou e participou da “festa” junto com a rainha Bianca, o casal de mestre-sala e da, Marlon e Squel, o diretor de Carnaval Junior Schall, todos a frente da Tabajara do Samba junto com mestre Nilo. Energia muito positiva.
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