Por Lucas Gomes
O Salgueiro encerrou seu desfile sobre Xangô homenageando alguns integrantes da Velha Guarda na quinta e última alegoria. O carro representava a esperança de que Xangô, em sua misericórdia e espírito de justiça e lealdade, defenda os brasileiros de ladrões, corruptos, maus políticos e pessoas mal intencionadas que causam sofrimento ao Brasil.
Com bom humor, trouxeram os baluartes da escola representando os Ministros do Supremo Tribunal Federal na parte da frente da alegoria, que ainda contava com uma grande balança dourada, símbolo maior da Justiça, além de figuras de raios, representando o poder de Xangô.
O senhor Timbó do Salgueiro, com 60 anos de serviços prestados a Academia do Samba, disse que para ele é uma honra vir representando um cargo tão importante como o de Ministro da Justiça.
“É a primeira vez que eu venho no carro. Estou me sentindo feliz de vir no carro em que estão os 12 ministros da Justiça. É um prazer para mim, que sou benemérito da escola e tenho meus serviços prestados à alegoria”, contou seu Timbó, emocionado.
Dona Vera Sônia é uma das fundadoras da escola e desfilou no primeiro ano de Salgueiro. Neste, representando os Ministros do Supremo e também os 12 obás do Xangô, ela, aos 79 anos, com 68 de Salgueiro, desfilou mesmo de bengala.
“Eu estou até de bengala aqui. É um sentimento bastante intenso. Como enfermeira, o meu sentimento é de amor ao próximo, que anda faltando, inclusive para se fazer justiça. Eu sou uma das fundadoras do Salgueiro, saí no primeiro ano da escola”, disse, orgulhosa.
Outros elementos irreverentes da alegoria foram as policiais federais na lateral. Vestidos de farda e quepe, além das algemas, as “federais” vieram representar uma categoria da justiça que tem aparecido constantemente na mídia após a deflagração de operações com a Lava Jato.
Ana Renata, com 11 anos do Salgueiro passando por alas da comunidade e, desta vez no carro alegórico como “federal”, acredita que este é o momento para se fazer a crítica social.
“O nome da fantasia é “Dá Federal” e este carro é da justiça, principalmente da justiça de Xangô. Esse carro é uma parte mais da atualidade. Então, nós estamos criticando a corrupção. É como se fôssemos da “Lava Jato”, as federais. Acho que tem toda a relação com o momento em que estamos vivendo. Todo esse último setor é uma crítica social”.
Então, nesse momento tão conturbado que o Brasil está vivendo, e a gente vir de juiz, é uma satisfação muito grande. Espero que a gente alcance o campeonato e o nosso Brasil melhore”.