A Uirapuru da Mooca, que será a nona a desfilar no Grupo de Acesso II do Carnaval de 2026, apresentou, de maneira oficial, o samba-enredo que embalará o desfile de “Maria Felipa – No Balanço da Maré, a Heroína da Independência”, assinado por uma Comissão de Carnaval. A obra foi composta por Thiago Meiners, Thiago Brito, André Valencio, Marcel da COHAB, JB Laureano, Diego Laureano, Wil PZ, Daniel Rizzo, Sandra Aranha e Tubino. A curiosidade é que a agremiação foi a última das 32 agremiações da Liga-SP a anunciar a canção com a qual se apresentará na próxima temporada.

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Fotos; Will Ferreira/CARNAVALESCO

Para encerrar o ciclo de anúncios e apresentações de sambas-enredo para o Carnaval 2026, o CARNAVALESCO esteve presente no evento realizado na quadra da Uirapuru da Mooca – assim como fez com todas as demais escolas que fizeram eventos semelhantes para divulgar a canção a ser executada no Anhembi.

Colaboração especial

Um dos compositores e também intérprete da agremiação, Thiago Brito destacou qual foi o seu papel e a principal preocupação dele na parceria: “Eu fui convidado para a composição do samba porque, quando eu cheguei na escola, já havia um enredo sendo trabalhado. Cheguei para auxiliar mais na parte melódica. O Thiago Meiners é um cara excepcional na letra, é um letrista de mão cheia, já ganhou sambas em várias escolas – não só do Rio, como também em São Paulo e em todos os lugares do Brasil. Foi fácil, a gente tem uma comunicação por se conhecer há bastante tempo. Fomos conversando e ajustando tudo, vendo o que estava e o que não estava bom, mexendo nos refrãos e etc. Pô, irmão, isso aqui não tá bom, vamos mexer nesse refrão e vamos embora. Desse jeito, deu super certo, a galera certamente vai se surpreender. Tenho certeza que é um dos melhores sambas dos grupos de acesso”, destacou.

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A melodia, novamente, foi tema quando o compositor e intérprete destacou que o horário no qual a escola se apresentará foi um fator condicionante para a criação da obra: “A gente pensou muito na parte melódica. Como a gente é a nona escola a desfilar, a gente pensou em fazer um samba muito dinâmico, bem curto. A nossa segunda estrofe, se eu não me engano, tem seis linhas ou cinco. Vai ficar fácil para o povo cantar. A cabeça é uma melodia bem fácil e pancada: ela é bem para frente, na base da valentia. No refrão do meio, dá para a gente fazer pergunta e resposta”, detalhou.

Carinho pela composição

Mesmo sendo muito conhecido por ser intérprete, Thiago Brito voltou no tempo para falar o motivo pelo qual vê com bons olhos a caneta para criar canções: “A minha história no carnaval começou como compositor. Eu sempre gostei de cantar. Comecei tocando um cavaquinho em um grupo de pagode lá no Rio, um amigo me chamou para colocar um samba na Filhos da Águia [escola mirim da Portela] e eu fui nessa. Perdemos a final, mas virei o cantor da escola. A partir dali, tudo começou a acontecer. É um caminho que, às vezes, a gente não escolhe”, refletiu.

Após ser intérprete do Camisa Verde e Branco em 2017, o profissional não tinha mais voltado para a folia da maior cidade da América Latina. Tal fato também foi relembrado por ele: “Nesse retorno para São Paulo, na Uirapuru, tenho essa oportunidade de assinar, de poder mostrar para o povo que a gente também faz composição. A gente contribui um pouquinho daqui e dali. Eu costumo dizer que a composição de samba-enredo não tem um só: o que banca também é compositor, também tem a participação dele. É mais uma forma do povo conhecer mais um pouquinho o Thiago Brito. Não só intérprete, mas também do lado músico e compositor”, comemorou.

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Experiência

Para destacar a qualidade da obra que foi composta também por ele, Thiago Brito recordou a própria carreira: “São 20 anos de Marquês de Sapucaí. Como oficial, são 15 anos, vou pro 16º agora, na Unidos da Ponte. E, há bastante tempo, faço parte do carro de som de várias outras escolas: Portela, Salgueiro, Unidos da Tijuca, Tuiuti. Estou de volta na Portela para 2026 e, pelo conhecimento que a gente tem, vejo o Samba da Uirapuru muito grande. Hoje, óbvio que a gente escuta todas as escolas. Quando uma escola lança um samba, a gente já corre para ouvir e saber se vai ter algum perigo. Tenho certeza que vocês do CARNAVALESCO e toda a mídia especializada no carnaval vai colocar o samba da Uirapuru como um dos melhores do ano”, apostou.

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Parte favorita

O próprio intérprete destacou qual é, para ele, o melhor trecho da canção: “O carro-chefe, para mim, vai ser o refrão principal: ele vai pegar na veia. É um samba muito valente, vai ser um samba com um refrão de fácil assimilação. Não só para a escola, mas para todos que acompanham carnaval. A gente não consegue fazer muitos ensaios como no Grupo Especial por vários fatores, mas eu acredito que esse refrão principal vai pegar na veia”, revelou.

Elogios

Não foi apenas o intérprete e compositor da canção que elogiou a obra. Sidnei Aguilera de Almeida, presidente da Uirapuru da Mooca, relembrou o ano de 2025 da agremiação para fazer uma comparação: “O samba foi encomendado, porém tudo foi analisado passo a passo. Todo mundo gostou, é um samba muito fácil de cantar. No ano passado nós tivemos uma dificuldade para fazer esse trabalho, mas, em 2026, acertamos nesse aspecto. Em 2026, a gente vai ter um grande samba. O tema é muito gostoso, sobre a Bahia, estamos falando de Maria Felipa. Deu um bom samba”, comemorou.

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Em 2025, a agremiação da Zona Leste estava no Grupo Especial de Bairros da União das Escolas de Samba Paulistana (UESP) – quarto pelotão na hierarquia do carnaval da cidade de São Paulo. Com o enredo “Pra Oxóssi Dançar”, a agremiação foi campeã com três décimos de vantagem para a segunda colocada.

Quem também elogiou a obra foi Diego Jesus, um dos integrantes da Comissão de Carnaval da agremiação: “Eu sou até suspeito para falar porque eu tenho um carinho muito especial pela Bahia. Não sou baiano, mas eu tenho um amor incondicional pela Bahia. Eu estou apaixonado pelo samba! Ele vai trazer um sacode por toda a levada que a música possui. Quando a gente fala da Bahia, a gente já pensa em tudo aquilo que é instrumental, tudo aquilo que é alegria, tudo aquilo que dança, tudo aquilo que envolve mexer com o corpo. Esse samba vai mexer com a galera, vai fazer a galera literalmente sair do chão”, afirmou.

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Reformulações

Assim como acontece com inúmeras agremiações, o samba da Uirapuru da Mooca também teve alterações no processo da composição. O próprio Diego detalhou: “Se tem um samba que está 100% pronto é esse! Até antes de lançar o samba, a gente já tinha gravado o clipe, a gente já tinha feito um trabalho audiovisual que foi lançado há pouco. E, por uma questão de a gente pensar melhor, a gente mudou um pouco, teve que fazer algumas modificações no samba. A gente teve que gravar o samba inteiro de novo, o clipe inteiro de novo – justamente pensando em trabalhar o enredo, com a história, com aquilo que é verdade e com aquilo que vamos contar dessa grande guerreira que nós vamos contar a história. A gente precisou parar e repensar para que tudo estivesse 100% alinhado, para que a gente leve, de fato, para a Avenida, uma história concreta e uma história verdadeira. Aquilo que o livro não contou, a gente quer apresentar na Avenida”, finalizou.

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Evento completo

O evento na quadra da Uirapuru da Mooca, na avenida Salim Farah Maluf, na Zona Leste de São Paulo, teve início com uma apresentação do grupo Sambarraca. Com todos os segmentos adentrando o espaço com sambas-alusivos, a agremiação deu espaço para diversos grupos (como Ala das Baianas, Passistas e Malandros e etc) se exibirem ao som de grandes sambas da história da escola.

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Também foram apresentados os novos casais mirim e juvenil, bem como a nova princesa da Moocadência, bateria da Uirapuru da Mooca, Giulia Marques – que estará na corte ao lado da rainha Acássia Amorim. Também houve espaço para uma homenagem ao diretor cultural da agremiação, José Carlos Lisboa – que foi o carnavalesco da agremiação em 2009 (conquistando o título do antigo Grupo 1 da UESP, equivalente ao atual Grupo de Acesso II) e 2010 – quando a agremiação se manteve no Grupo de Acesso I.

A festividade foi encerrada com apresentação do maior campeão do Grupo Especial de São Paulo – que, inclusive, utiliza o terreiro da Uirapuru da Mooca enquanto a nova quadra do Vai-Vai não fica concluída.

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