A derrota do Flamengo na final do Campeonato Carioca para o Fluminense em nada influenciou o ensaio técnico da Estácio de Sá, neste sábado. Com reedição do enredo de 1995, em homenagem ao Rubro-Negro, impulsionado pelo ótimo desempenho da bateria Medalha de Ouro, de mestre Chuvisco, o samba da escola funcionou perfeitamente na Avenida e foi cantado a plenos pulmões pela comunidade e boa parte do público presente na Sapucaí. A comissão de frente também deu show na pista e arrancou aplausos, assim como a evolução da agremiação, com componentes leves e soltos. O ponto a corrigir está no quesito Mestre-Sala e Porta-Bandeira. Feliciano Junior e Alcione Carvalho tiveram muitas dificuldades com o forte vento que atingiu a Sapucaí. A Vermelha e Branca cruzou a pista em 55 minutos. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO
“As impressões foram as melhores possíveis, apesar do Flamengo não ter colaborado, mas acho que a comunidade mostrou para o que veio, né? Cantou bastante, a bateria é sem comentários e estou muito satisfeito com o que vi hoje. É uma sensação maravilhosa. Depois de dois anos sem ver minha escola, poder ver esse montão de gente cantando. Sabe? Emoção a flor da pele hoje.Eu ainda quero que a gente continue trabalhando o samba. Eu sei que tá todo mundo cantando, porque a letra é fácil, mas vamos massificar esses dias aí com muito canto e evolução da escola. O leão tá quietinho, mas podem esperar porque o coro vai comer!”, prometeu o diretor de carnaval Julinho Fonseca.
Harmonia e Samba-Enredo
Impulsionada pelo bom desempenho do samba e da bateria, a Estácio fechou o penúltimo dia de ensaios técnicos da Série Ouro com um show de canto da comunidade. As alas demonstraram força logo no início da apresentação, com destaque para a ala 2, ‘Rita e João’, e para os componentes que virão no primeiro carro alegórico da escola, além da ala nove, que mostrava muita garra no canto. As baianas também estavam com o samba na ponta da língua, e bem vestidas, com as cores da escola. As alas depois da bateria diminuíram um pouco o ritmo, como a ala 17, ‘Dança da Lua’, mas nada que atrapalhasse o canto da agremiação.
O carro de som da escola, comandado por Serginho do Porto, soube conduzir perfeitamente o samba e o fez funcionar na avenida. As partes que fazem referência mais explícita ao Flamengo, como “É mengo tengo/No meu quengo é só Flamengo/Uh! Tererê/Sou Flamengo até morrer” e”Vesti rubro-negro/Não tem pra ninguém”, foram as mais cantadas pelos componentes da escola.
“Está aí, é uma prévia do que vem no dia 21. Estamos aqui para tirar as dúvidas. O andamento não caiu um só minuto e o samba se tornou leve. É um samba clássico que já está na cabeça de todo mundo, isso é muito importante. A Estácio foi muito feliz quando ela reedita um samba que é a cara do povo, é a cara da alegria e da maior torcida do Brasil. Mesmo quem não é flamenguista canta e mesmo eu, que sou vascaíno, estou cantando melhor que muitos flamenguistas por aí”, brincou o intérprete Serginho do Porto.
Mestre-Sala e Porta-Bandeira
Se os casais não precisaram se preocupar com a chuva neste sábado, o vento foi o principal inimigo das duplas. Atrapalhados pelo forte rajada, o primeiro casal da escola, Feliciano Junior e Alcione Carvalho, apresentou algumas falhas em sua apresentação. A porta-bandeira enrolou o pavilhão em todos os módulos julgadores, sendo no segundo mais de uma vez. Apesar dos problemas causados pelo clima, alguns detalhes positivos foram apresentados na pista, como alguns momentos no qual o mestre-sala fez gestos em referência ao enredo da escola, como o “Vapo” e “comemoração do Gabigol”. Além disso, o casal estava com uma bela roupa para o ensaio, ela, de preto e prata, e ele, em um tom de bege claro. Os dois se olhavam a todo momento durante a apresentação. O casal completou a exibição nas cabines com 1m46s.
“É muito emocionante depois de tanto tempo retornar a Marquês de Sapucaí, no meu caso estar voltando para minha escola depois de treze anos, mas eu sinto que passar com a Alcione é uma sensação diferente e nada melhor do que voltar para nossa casa, né? Eu sinto que passamos bem, passamos leves, então estou feliz. Eu diria que o saldo foi positivo no ensaio de hoje”, acredita o mestre-sala.
A porta-bandeira falou sobre a dificuldade que teve com o forte vento da Sapucaí. “Olha… algo bem atípico, né? Estamos acostumados com o verão que é um clima diferente, mas é da natureza, a gente não consegue controlar, né? Mas a energia é que conta e deu tudo certo, graças a Deus. Muito feliz! É emocionante voltar depois de tanto tempo, tantas dúvidas sobre quando ou se ia acontecer o carnaval e a gente poder pisar aqui depois de tudo que passou é tão emocionante… estar com a nossa escola, nossa comunidade, uma nova parceria que está sendo incrível e a gente pôde trabalhar bastante para entregar para a Estácio o melhor que ela merece, então eu tô muito feliz”.
Bateria
A bateria do mestre Chuvisco foi uma das grandes atrações do dia. Com diversidade de bossas, a ‘Medalha de Ouro’ animou principalmente os setores 2 e 3, os mais cheios deste sábado. Uma das bossas ocorre no refrão do meio, enquanto outra vai de ‘Seis jovens remadores’ até ‘Ganhar em terra e mar’. Chuvisco preparou uma batida de funk, e promoveu uma paradinha para a escola cantar e bater palmas, assim como a torcida do Flamengo, de ‘Só o amor’ até ‘Campeões da nova era’. Em alguns momentos, também, a bateria dava pequenas paradas para o público cantar alguns trechos do samba. Durante as chamadas para a realização das bossas, os diretores da bateria da Estácio também faziam referência ao Flamengo com a famosa comemoração do Gabigol. À frente da bateria Medalha de Ouro, um componente da escola vinha fazendo embaixadinhas.
“O ensaio me surpreendeu, não esperava tanto e eu acho que a bateria está pronta para o desfile. Fui surpreendido hoje por essa bateria maravilhosa da Estácio de Sá. As bossas serão as que nós executamos hoje, nós só temos que ajustar algumas coisas com a evolução da escola porque tem bossas que nós temos que parar, por conta das coreografias. Então, a gente tem que ajustar isso direitinho com a harmonia e com evolução da escola para executar com tranquilidade”, esclareceu o mestre Chuvisco.
Evolução
A Estácio de Sá passou sem grandes problemas de evolução, sem correrias ou lentidão, com componentes muito leves, soltos e empolgados, como pede o enredo da escola. Os harmonias chamaram atenção de alguns componentes em algumas alas com relação ao posicionamento, principalmente nas primeiras fileiras, mas nada que atrapalhasse a evolução da escola. Com muita alegria, empolgação e samba no pé, a ala de passistas da escola, com roupas douradas, além de evoluir e sambar, os componentes da ala cantavam a letra do samba a plenos pulmões. As alas vieram intercaladas em vermelho e branco com o verso do samba “Paixão que arde sem parar”.
Outros destaques
Comandada por Ariadne Lux, a comissão de frente da Estácio de Sá brindou o público presente com uma bela e animada coreografia de abertura da escola. Com uma roupa simples e leve, camiseta da escola e bermuda preta, os componentes da comissão faziam diversas referências ao futebol durante suas apresentações aos módulos de julgadores. Na apresentação, alguns componentes tiravam a blusa e a rodavam no ar, como tradicionalmente acontece em estádios de futebol. Em outro momento, os integrantes da comissão soltavam papel picado e lançavam bolas de futebol para as arquibancadas. E, por fim, uma bandeira com “Festa na Favela” era hasteada por outros integrantes, levando o público ao delírio.
Quem esteve presente na Sapucaí foi o arbitro de vídeo, o VAR, fantasia de um tradicional torcedor rubro-negro, Robson Porto, assíduo frequentador dos jogos do clube. No fim, a escola também trouxe um tripé com agradecimento a outras co-irmãs que ajudaram a agremiação de São Carlos na preparação do Carnaval, como Viradouro, Salgueiro, Mangueira, Imperatriz, Grande Rio e Vila Isabel.
Com o enredo “Cobra Coral, Papagaio Vintém #VestiRubroNegro Não Tem Pra Ninguém”, a Estácio de Sá será a terceira escola a desfilar na segunda noite de desfiles da Série Ouro
Participaram da cobertura: Leonardo Damico, Gabriel Gomes, Lucas Santos, José Luiz Moreira, Walter Farias. Fotos de Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO