Primeira escola a desfilar no segundo dia do Grupo Especial, o Paraíso do Tuiuti somou vários problemas de evolução. A agremiação abriu inúmeros buracos durante a apresentação em frente aos módulos julgadores e precisou correr no fim da exibição. Os destaques positivos ficaram por conta da criativa e bonita comissão de frente, e do samba, que funcionou bastante na Avenida. A escola também somou bom conjunto estético, porém, confuso. Apesar da velocidade na reta final, o Tuiuti não conseguiu completar o desfile no tempo regulamentar e estourou o limite em dois minutos. Fora isso, a escola pode ter problema em obrigatoridade, afinal, a princesa Mayara Lima passou por apuros com o tapa-sexo, segundo o jornal Extra, e deixou a genitália à mostra, o que pode ocasionar penalidade. * VEJA FOTOS

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Fotos de Allan Duffes e Nelson Malfacini/Site CARNAVALESCO

Comissão de Frente

Coreografada por Claudia Mota, a comissão de frente foi composta por 15 homens. Os dançarinos do Tuiuti fizeram uma representação do momento de criação do homem na terra, ordem de Olodumarê a Oxalá, que teve dificuldades para realizar o pedido. Nanã chega então para ajudar, com moldes em barro, e Oxalá faz o homem o apresentando ao ‘Deus Supremo’ Olodumarê.

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A comissão de frente foi um dos grandes destaques do Paraíso do Tuiuti neste sábado. A apresentação se iniciava no chão, com Oxalá e Nanã coreografando, na sequência, Oxalá subia no tripé para encontrar com Olodumarê. O elemento cênico brilhava, simbolizava a terra e se abria. Oxalá, então jogava sementes e nasciam os homens negros. Estes desceram e seguiram coreografia sincronizada com as dançarinas que representavam as Nanãs. A apresentação durou cerca de três minutos e levantou o público presente.

Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira veio em representação de Zumbi e Dandara dos Palmares, que simbolizavam a resistência e a força da ancestralidade africana. Raphael Rodrigues e Dandara Ventapane vieram com figurinos com bastante detalhes em prateado e amarelo. A saia da porta-bandeira vinha cores amarela e laranja, as mesmas do esplendor do mestre-sala. A dupla fez grande apresentação nas duas cabines duplas, mostrou bastante sincronia, coreografia diversificada e sintonia nos olhares e gestos. No terceiro módulo, no setor 6, em um dos giros, Dandara esbarrou o pavilhão de forma leve em Raphael. A apresentação total da dupla durou cerca de 2m15s.

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Harmonia

O Paraíso do Tuiuti foi uma das escolas que mais se destacou no canto até aqui. Todas as alas cantaram bastante o samba, passaram brincando e pulando nos primeiros módulos. A força na voz e a energia foi atrapalhada pela correria no final. Destaque para as alas 3, ‘Poder e Prosperidade’ e 4 ‘Guerreiros Implacáveis da Resistência: Ogunhye, Zumbi! Epa Hey, Dandara!’. As últimas alas, no entanto, não tiveram a mesma entonação e não brincaram por conta da evolução ruim da escola.

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Enredo

O Tuiuti abriu seu desfile abordando a criação dos homens através das figuras dos orixás, e os primeiros grandes personagens negros da história da civilização, como Piankh Piye, primeiro faraó preto da história. A partir daí surgem os nomes pretos de resistência à escravidão, como Zumbi e Dandara. Chegando a um passado mais recente, a escola trouxe nomes como Nelson Mandela, Angela Davis e Barack Obama. No segundo setor, ‘Beleza do Movimento’, o Tuiuti contou a importância dos artistas negros e da representatividade dos mesmos, com nomes antigos como Benjamin de Oliveira, Mercedes Baptista e Maria Lata D’Água, até artistas contemporâneos, como Ru Paul, Beyoncé e Chadwick Boseman.

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Em seguida, a escola rende homenagem a grandes nomes negros que contribuíram na história da ciência da humanidade, como Wangari Maathai, George Washington Carver, Katherine Johnson e mais recentemente a biomédica brasileira Jaqueline Goes de Jesus, que ajudou no combate à pandemia da covid-19. Por fim, o Tuiuti trouxe a fé nas religiões de matrizes africanas como ato de resistência negra, como o Candomblé. Também é abordado outros cultos e ritos como o surgimento do movimento Rastafári, a Congada, e no Brasil, o Maracatu, e o movimento religioso de atribuições de outras religiões que resultaram na Umbanda. A escola encerrou o carnaval com uma saudação em respeito aos ensinamentos dos orixás e do povo preto por luta de resistência.

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Evolução

O Paraíso do Tuiuti somou inúmeros problemas de evolução durante todo desfile. O quarto carro teve problemas para a colocação de composições na alegoria e acabou retratando a passagem da escola na Avenida. Foi aberto um buraco na frente do carro logo na primeira cabine de jurados por conta do erro. Na sequência, outro buraco foi aberto no setor seis à frente do segundo casal de mestre-sala e porta-bandeira. A alegoria quatro teve problemas novamente no final e não acompanhou a ala anterior, que avançou. Um novo buraco foi formado no setor 11, em frente a cabine dupla de jurados. Além dos buracos abertos, a escola correu bastante no fim, algumas alegorias passaram rápido pelos jurados no final e alas também correram bastante. Apesar da velocidade, a escola não evitou o estouro no cronômetro.

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Samba

O samba funcionou bastante na Avenida, todas as alas cantaram muito obra, além das arquibancadas, que gritavam o refrão junto com a comunidade, principalmente na bossa do mestre Marcão. Além do refrão, o samba também foi bastante entoado do verso ‘Sou alabê gungunando o tambor’ até ‘Inundou um oceano até a Pedra do Sal’. O carro de som também fez ótimo trabalho com Celsinho Mody e conduziu a escola com maestria pelo Sambódromo.

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Fantasias

O Paraíso do Tuiuti promoveu uma diversidade de fantasias dentro das alas para simbolizar a ancestralidade africana do início da civilização, como no Egito. A ala 2, ‘O Egito é Negro: Salve o Faraó Piankh Piye’ tem ao todo cinco figurinos diferentes, com representações de Piankh Piye e Orunmilá, além de griôs africanos. A fantasia de Orunmilía, branca com elementos em prata ainda tinha foto de personalidade negras homageadas no alto de um adereço. As alas seguintes apresentaram os mesmos modelos de exibição. Na ala 8, o Tuitui homenageou Ru Paul, com uma personagem de roupa rosa, perucas loiras e saltos, enquanto na sequência a homenageada foi Beyoncé, que teve uma mulher com vestido dourado, seguida por outros componentes com a fantasia de Oxum.

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A ala das Baianas rendeu homenagem a Angela Davis, mulher negra ligada aos movimentos antirracistas e feministas nos Estados Unidos. Com saias em branco e dourado, as matriarcas representavam a força das mulheres negras que enfrentam opressão. A ala ‘A Ialorixá Imortal: Oke Aro, Mãe Stella de Oxóssi’ também apresentou bonita fantasia nas cores verde e branco do orixá, com flecha na mão e detalhes em dourado. A ala 21, que rendia homenagem a Katherine Johnson também teve riqueza de detalhes na fantasia, com bonitos esplendores em alusão à satélites variedade de cores. Já no fim, a ala ‘As Dama do Paço e as Calungas do Maracatu’ também chamaram atenção no visual, com elementos nas mãos e riqueza de detalhes nas saias.

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Apesar de apresentaram bom acabamento, criatividade e chamarem atenção no visual, a quantidade de figurinos diferentes na mesma ala causou certa estranheza. Um personagem principal vinha no meio de cada ala, os principais ao redor, e outros fantasias diferentes nas laterais e no fundo. Apesar da coerência com o que foi proposto, ficou esteticamente confuso.

Alegorias

A primeira alegoria de Paulo Barros trouxe a mensagem de Orunmilá, orixá a quem os homens devem ouvir e seguir os ensinamentos. O carro traz duas rampas onde era feita coreografia pela composição. A alegoria tinha bonitos totens nas laterais. Contudo, os movimentos de subida e descida dos componentes não causou impacto interessante, as fitas brancas se soltaram e ficaram por cima do carro. O movimento também não teve total sincronia. Na sequência, o carnavalesco trouxe a alegoria ‘Dragão do Mar: Kawóó Kábiyési, Francisco José do Nascimento’, em homenagem líder cearense abolicionista. O carro fazia menção a dragões e ao ‘mar de fogo’ por conta da profissão de jangadeiro e a luta contra a escravidão no país. Apesar da beleza, as composições não apresentaram sincronia no momento de abertura dos panos azuis.

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O terceiro carro fazia alusão a ‘Wakanda’, cidade imaginária super desenvolvida de predominância preta. A alegoria trouxe duas panteras na parte de cima em referência ao herói Pantera Negra, interpretado por Chadwick Boseman. O carro tinha detalhes de design africano nas cores branca, preta e laranja, e as composições, vestidas de Pantera Negra vinham em gangorras, apresentando bonito efeito de movimento. A alegoria quatro, ‘Estrelas Além do Tempo’ mostra um globo terrestre na parte do topo como referência a cientista negra Katherine Johson, que revolucionou a pesquisa espacial. Contudo, foi nessa alegoria que o problema de evolução foi gerado.

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O último carro do Tuiuti teve o nome ‘Que Nossos Caminhos Se Abram’ com um culto aos orixás e destaque para as religiões de matriz africana. A intenção foi retratar a mensagem de cada orixá parar transmitir a sabedoria e o legado que os personagens retratados deixaram ao longo do desfile da escola. Uma grande escultura de Oxalá marcou o último carro, no pedido de um mundo mais justo. Todos os carros apresentaram ótimo acabamento, cores vibrantes, luzes em neon piscando, e chamaram atenção do público.

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Outros Destaques

Os problemas de evolução foram tantos que alguns membros da bateria Super Som tiveram que ajudar na saída do último carro, o empurrando. A bateria do mestre Marcão, no entanto, levantou o público com as bossas. A ideia de trazer personagens negros importantes na história foi boa, mas eles foram quase imperceptíveis escondidos no meio das alas.

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