No dia 05 de outubro foi a vez da Acadêmicos do Tucuruvi realizar a sua gravação do projeto audiovisual da Liga-SP. Dentro do estúdio a agremiação ousou. A Cantareira proporcionou uma das gravações mais complexas. Como a comunidade da Zona Norte irá para a avenida com um enredo indígena (“Assojaba – A Busca Pelo Manto”), a parte musical mergulhou de cabeça e usou diversos instrumentos para fazer alusão ao povo originário. Uma introdução com flauta predominante é um exemplo, além do uso de outros instrumentos em determinadas partes do samba-enredo e realizações de bossas. O CARNAVALESCO conversou com pessoas diretamente ligadas ao projeto da escola para o Carnaval 2025 e todos falaram sobre o trabalho da Liga-SP.
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Prazer para a comunidade
O vice-presidente e diretor de carnaval da Tucuruvi, Rodrigo Delduque, classificou como prazeroso para a sua agremiação estar participando da iniciativa da Liga-SP. “Eu acho bacana. Tudo que é bom para o carnaval, a Tucuruví está sempre de cabeça. Acho que é bem legal esse modelo que o presidente Sidnei Carrioulo está trazendo de volta. Movimenta um pouco a escola, nos preparamos para vir também, assim como todo evento nós fazemos. Para nós é sempre uma grande honra, um prazer”, disse.
Com tudo feito, o gestor maior elogiou o coral e se diz contente com a comunidade, que desde o Carnaval 2024 realiza intensos trabalhos específicos de canto. “A gente vem fazendo um trabalho paralelo de canto já desde o ano passado que vem dando muito certo, a escola também vem apostando nisso, eles por si também se cobram muito e a escola está entendendo esse momento. A gente tem sempre falado que a oportunidade está aí e só depende de nós. Acho que está surtindo efeito. Estamos bem felizes e bem contentes com a nossa comunidade”, comentou.
Grande dia e característica marcante
É a primeira vez que o intérprete oficial da agremiação, Hudson Luiz, realiza uma gravação com a Liga-SP. O cantor elogiou a estrutura do estúdio montado e disse que a característica do álbum conversa com o sentimento da escola, além de avaliar como vem sendo o desempenho do módulo musical. “É uma iniciativa muito legal. Eu acho que você ganha um pouco a questão do sentimento. Você sente de fato o que está rolando ali. Não é aquela coisa mecânica do estúdio, que também é muito importante, mas essa gravação ao vivo, eu acho que ela serve para gente sentir como de fato está o nosso samba, bateria, as cordas e a própria comunidade que faz o coral ali conosco. Eu gostei demais de hoje estar participando da minha primeira gravação ao vivo pela Liga. Eu gostei demais do formato e espero que o produto seja muito bem aceito, não só no carnaval de São Paulo, mas como no carnaval nacional”, declarou.
O cantor elogiou a sua ala musical, explicando como funcionam as vozes de seus apoios no carro de som. Segundp Hudson, tudo foi montado de acordo com seu tom de voz. “Quando eu cheguei na Tucuruvi , eu vim com a proposta de fazer um coral timbrado de acordo com o meu timbre de voz. E aí como que funcionou? Eu sempre pego as vozes mais leves e coloco na frente. As meninas são maravilhosas, Helen Cristina e Carol Oliver, duas cantoras que dispensam comentários. E os outros dois cantores, que é o André Luiz, ele tem um médio-agudo um pouco mais baixo, fazendo a conexão de graves para os agudos e o Thiago Melodia, que tem uma voz muito potente, mais pesada para o grave. A gente tem um carro de som bem equilibrado e que a gente consegue hoje fazer um grande trabalho de acordo com o que a escola sempre nos dá, que é o samba eu tive a sorte de cantar já um grande samba no Carnaval 2024 e, agora , para o segundo ano, um outro grande samba”, explicou.
O coral foi outro destaque na gravação. Os integrantes presentes mostraram grande sinergia com a trilha-sonora da Cantareira para 2025. Luiz revelou como funciona o entendimento do samba-enredo junto à comunidade, dizendo que fazem leitura da obra junto com a comunidade para todos entenderem. “A gente faz um trabalho de leitura do samba, de entendimento do samba e esse trabalho é feito para a comunidade, os setores e todos os segmentos. E eu através do nosso gestor Rodrigo Delduque, faço isso junto com a nossa harmonia. Fazer essa leitura, passar para os componentes como de fato é a pronúncia de cada palavra. A gente consegue realizar esse trabalho e fazer com que eles cantem de fato a real melodia. Nesse ensaio a gente não tem absolutamente nada de bateria, nada de som, é tudo no gogó. Eu costumo dizer muito que cada componente nosso é uma célula reprodutora”, contou.
Trabalho incessante dentro do samba
Antes da gravação, o mestre Serginho se dizia bem confiante após o hiato de quatro anos sem gravações. “Ficamos quatro anos longes. A última gravação que a gente fez foi antes da pandemia. A estrutura está linda, maravilhosa, como sempre. A Liga sempre faz uma estrutura legal. Saímos lá da quadra para chegar aqui e fazer os reparos tudo certinho. A gente tá bem confiante. A escola também está trabalhando muito”, disse.
O mestre revelou que, desde a escolha do samba-enredo 2025, o trabalho vem sendo intenso e aproveitou para elogiar o intérprete Hudson Luiz. “Estamos fazendo ensaios gerais e a bateria desde quando escolheu o samba está ensaiando direto. Não parei um minuto ainda. Eu nem sei o que é férias. O importante mesmo é que a comunidade já abraçou. A semana desses dias lá atrás a gente foi lendo de quatro horas. Todo mundo já sentiu que o samba já cresceu. O Hudson está cantando demais”, declarou.
O enredo de ‘Ifá’ foi um marco na agremiação. Apesar de não conquistar a posição desejada, a Tucuruvi “Se a gente for comparar com ‘Ifá’, a gente foi engatinhando aos pouquinhos. ‘Assojaba’ já tá tipo como se tivesse acabado o carnaval e a gente já foi direto. A escola está a mil por hora. De novo nós escolhemos um grande samba-enredo e o Hudson, vou repetir de novo, mandou demais”, completou.
Representatividade da obra
Dennis Moraes, um dos compositores do samba-enredo, elogiou a produção da Liga-SP e afirmou que o álbum vai ficar para a história. “Realmente, é um projeto maravilhoso. Nós passamos por isso no Rio de Janeiro, agora aqui na Fábrica do Samba. É um espetáculo, a produção está maravilhosa. O álbum do Carnaval 2025 de São Paulo vai vir para estourar, marcar mesmo a história, fazer parte da história do carnaval”, afirmou.
Sobre a sua composição, o escritor da obra trata o tema da escola como atual e com muita representatividade ao carnaval. “É um tema atual demais e todos somos o povo originário, não tem jeito de ter confusão disso. O enredo trata da volta do manto para a nossa terra, para o povo originário, que tem muita representatividade e o carnaval só tem a ganhar. Acho que vai ser um tema muito atual”, concluiu.