A Acadêmicos do Tucuruvi gravou oficialmente seu samba-enredo para o Carnaval 2026, na Fábrica do Samba. mantendo firme a identidade sonora e o DNA rítmico que marcam a trajetória da escola. A obra, que embalará o enredo “Anti-Herói”, foi realizada em clima de concentração e orgulho. O intérprete Hudson Luiz, o arranjador Ricardo Rigolon (Chanel), o diretor de carnaval Rodrigo Delduque e o experiente mestre Serginho, responsável pelo inconfundível andamento da bateria, conversaram com o CARNAVALESCO.

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Fotos: Will Ferreira/CARNAVALESCO

À frente da bateria, mestre Serginho reforçou que o andamento de 142 BPM (batidas por minuto) segue como a marca registrada da escola e símbolo de identificação da comunidade.

“Nosso andamento será a mesma coisa de sempre: 142 e está tudo certo. É a cara da escola, uma identidade que a gente está formando. Onde for, sempre vai ser isso aí”, afirmou.

O mestre relembrou que o mesmo ritmo vem sendo mantido com sucesso desde o enredo Ifá (2024).

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Mestre Serginho

“É difícil segurar esse andamento, mas a comunidade já se identifica com ele. Foi assim com o Ifá, com o Assojaba e está sendo assim agora com o Anti-Herói. Vai ser sempre isso daí, até o dia que os caras me mandarem embora”, brincou.

Durante a gravação, a bateria apresentou apenas uma das bossas criadas especialmente para o desfile, mantendo as demais sob sigilo até os ensaios.

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“Gravamos só a bossa da introdução e da cabeça do samba. As outras três bossas a gente lança nos ensaios. Temos um cronograma certinho, com prazos para cada parte. A pior coisa é atropelar os processos”, explicou.

Com a gravação finalizada, Serginho admitiu o peso da responsabilidade. “Bate aquele frio na barriga. Não dormi a noite. Agora que acabou, é relaxar um pouco. A responsabilidade é grande — é o nome da comunidade que está ali”.

Arranjo com pegada afro e balanço de partido alto

O arranjador Ricardo Rigolon (Chanel) destacou a musicalidade do samba e as nuances que o tornam cativante.

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Arranjador Ricardo Rigolon (Chanel)

“Gosto muito do samba do Tucuruvi de 2026. É um samba curto, com um refrão do meio bem balançado, meio partido alto, e uma pegada afro logo no início. Acertaram nesse samba, eu gosto demais. É tão gostoso que a gente não queria parar de tocar. Passamos duas vezes e lamentamos que acabou. Acho que o destaque é o refrão do meio, muito bem construído e com balanço natural”.

Segundo ele, o arranjo foi pensado para valorizar a harmonia e a voz do intérprete, sem perder o caráter rítmico.

“Como o samba tem essa coisa de partido alto e samba de roda, trouxe isso para a introdução. Depois, entra o coral das meninas, que sempre fazem aberturas de voz lindas. Há um pingue-pongue entre cordas e coral, até o samba entrar com força total”.

Técnica e emoção em equilíbrio

Para o intérprete Hudson Luiz, a gravação da faixa oficial em São Paulo é um momento de técnica e emoção em doses iguais.

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“Você tem toda a comunidade no entorno, e isso muda tudo. É preciso mesclar técnica e emoção. A gravação vai para o mundo inteiro, então exige precisão, mas nunca dá para esquecer o que se sente ali. Esse é o samba da volta por cima do Zaca. A comunidade abraçou desde o início. Acreditamos muito que será o samba da nossa retomada ao Grupo Especial”, disse.

O cantor também revelou sua rotina de preparação vocal. “Tomo muito líquido, evito bebidas alcoólicas e nada gelado. Faço refeições leves e com frutas. A voz é instrumento de trabalho, precisa estar no melhor momento possível”.

Estrutura e foco coletivo

O diretor de carnaval, Rodrigo Delduque, elogiou a estrutura da gravação da Liga-SP e a organização interna do Tucuruvi.

“Viemos com toda a nossa comunidade, 40 ritmistas, 60 componentes de ala, corpo de musas, rainha e primeiro casal. Foi tudo tranquilo, com concentração na quadra e ônibus fretado. Estamos felizes de participar de um evento que valoriza o carnaval de São Paulo”.

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Diretor de carnaval, Rodrigo Delduque

Delduque também destacou o trabalho do carnavalesco Nícolas Gonçalves, autor do enredo “Anti-Herói”, e o clima de confiança que envolve a equipe.

“É um enredo ousado, diferente, que retrata muito o nosso momento. Temos um samba bom, um enredo bom, e a galera está com o samba na ponta da língua. O projeto é forte e a comunidade está animada”.