O mundo do carnaval ainda tenta superar o falecimento de Gilsinho, intérprete de muita história e títulos Brasil afora. Nas escolas que eram defendidas por ele, é claro, o sentimento é ainda mais intenso. Uma delas é a Tom Maior, que realizou um ensaio inteiro em homenagem ao cantor no último domingo e aproveitou para anunciar o substituto no microfone principal: Bruno Ribas, que retorna para a agremiação após cinco anos de hiato. Sempre presente em momentos importantes para as escolas de samba de São Paulo, o CARNAVALESCO esteve presente no ensaio da Tom Maior em razão do enredo “Chico Xavier — Nas entrelinhas da alma, as raízes do céu em Uberaba”, assinado por Flávio Campello.
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Felicidade no retorno
O feriado de Nossa Senhora Aparecida (e, também, de Dia das Crianças) marcou o início da segunda passagem de Bruno Ribas pela Tom Maior. A primeira foi bastante qualifica: entre 2017 e 2020, a Tom Maior se estabilizou no Grupo Especial (e, aqui, convém lembrar que, em 2019, a agremiação foi campeã do Grupo de Acesso I) e teve o que é, para muitos, o melhor desfile da história da agremiação: “O Brasil de duas Imperatrizes: De Viena para o novo mundo, Carolina Josefa Leopoldina; De Ramos, Imperatriz Leopoldinense”, quarto lugar no concurso e que acabou sem perder décimos na apuração, perdendo o título nos critérios de desempate.
Ao relembrar a primeira passagem pela Tom Maior, Bruno Ribas destacou o desfile citado: “Em 2018, eu estava cantando, estava no barracão… estava muito envolvido com esse carnaval da Tom Maior. Tem aqui dentro do peito um pelinho ainda guardado por não ter sido campeão. Mas o gosto daquele desfile foi de campeão, não tenha dúvida”, comentou, também falando da já citada pontuação na terça-feira de carnaval – data em que, tradicionalmente, acontece a apuração do carnaval de São Paulo.
O intérprete foi ainda mais claro logo na sequência: “Eu te digo que a gente volta para, de novo, se agrupar, juntar a equipe, brigar pelo campeonato e ser feliz de novo”, concluiu.
Motivos do retorno
Se mostrou muita felicidade por retornar à Tom Maior, os responsáveis diretos pela contratação frisaram o porquê de Bruno Ribas voltar a vestir vermelho e amarelo. Carlos Alves, o Carlão, presidente e mestre de bateria da Tom 30 (ala de ritmistas da agremiação), fez questão de destacar que tudo passa pela busca do melhor resultado possível: “É um profissional que eu acredito muito, atende às nossas necessidades técnicas, e nós o contratamos. Foi isso que aconteceu. O carnaval hoje em dia é muito concorrido e eu trato a Tom Maior como empresa, como algo sério. Eu quero o melhor para a escola na vida dela. Sempre vou defender o melhor para a minha escola”, ponderou.
Erica Ferreira, diretora de Carnaval e de Harmonia da Tom Maior, foi exatamente na mesma linha que o presidente vermelho e amarelo: “Jogo é jogo e a gente está indo para disputar um campeonato – e, para isso, a gente precisa ter o melhor. Na atualidade, no mercado, o melhor era o Bruno Ribas. Nós tivemos algumas outras pessoas que não só nós fomos atrás também, mas muita gente entrou em contato com a gente. Muita gente fez sinal para a Tom Maior, mas a gente decidiu ser o Bruno Ribas. Conversamos com ele e, hoje, ele está aqui com a gente. Como eu falei, a gente está indo para uma disputa, o carnaval é um concurso e a gente precisa ir atrás do que tem de melhor no mercado”, comentou.
Voz ativa da comunidade
Além de justificar a contratação do intérprete, Erica também fez questão de destacar que o nome do cantor era o preferido de quem frequenta a Tom Maior: “De fato o Bruno Ribas é uma recontratação para a escola, mas eu vou falar ‘contratação’ porque faz dois anos que eu estou na escola – então, na minha gestão, é uma contratação. O fato é que ele super já era da casa! Foi um nome que os ritmistas, os Harmonias e todo mundo ficava falando dele, o nome imediatamente foi super bem cotado. E, mais uma vez, nós escutamos a voz da nossa comunidade – assim como foi na escolha do samba-enredo. Quem escolheu foi a comunidade – ouvindo, fazendo as nossas enquetes e sempre em comunhão com a escola como um todo. A gente foi lá, conversou com ele e ele topou. Ele é profissional e topou estar aqui com a gente”, disse.
Outros baluartes
Erica também fez questão de destacar outros nomes que fazem parte da antologia da Tom Maior: “Com o falecimento do Gilson, é claro que eu, como diretora de carnaval, tenho o Gilson aqui no coração eternamente. O Gilson é maravilhoso, é uma Ferrari que vai estar junto com Chico Xavier, com o Marko Antônio da Silva, com o Jura e tantos outros da nossa agremiação que se foram”, finalizou.
Chico Xavier é o fio condutor do enredo da Tom Maior para 2026, Marko foi o presidente da agremiação entre 1978 e 2011; e Jura é Jurandir Motta Santos, histórico diretor de bateria e de Carnaval da agremiação.
Noite para Gilsinho
Em homenagem ao intérprete, boa parte dos componentes que estiveram na quadra da Tom Maior vestiram branco, muitos deles, por sinal, com os dizeres “É Tudo Nosso”, histórico grito de guerra do intérprete, na camiseta. Enquanto Bruno Ribas ainda não tinha sido apresentado oficialmente, a ala musical da agremiação executou o ponto de Xangô imortalizado por Gilsinho no esquenta do desfile “Um Defeito de Cor”, da Portela, em 2024.
Enquanto “Uma nova Angola se abre para o mundo! Em nome da paz, Martinho da Vila canta a liberdade!”, samba de 2009 (e reeditado em 2025, com direito a título do Grupo de Acesso I e interpretado por Gilsinho) da agremiação, o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira da vermelho e amarelo, Ruhanan Lucas e Ana Paula Sgarbi, defenderam um pavilhão com o rosto do intérprete – que foi entregue aos filhos do cantor, Duda Gomes e Vinícius Sumas.
Ao falar do intérprete que também se tornou amigo pessoal, Carlão precisou interromper o discurso por conta da emoção que o inundou. Coube a Erica anunciar que, tal qual aconteceu na Portela, o palco da quadra da Tom Maior também ganhou o nome do intérprete.