Para fechar o desfile das escolas da Série Ouro do Carnaval carioca neste sábado (10), o Império Serrano desfilou com 5 alegorias. Entre elas, o último carro da agremiação, “Ilé-Ifé, Igbó E Ifón. O Imperador De Oxalá”, apresentou o grande Orixá: Oxalá, o “pai” de todos.
A alegoria gigante é branca com detalhes prateados. Na frente, dois caracóis em marrom e ao centro a figura de Oxalá. Na alegoria desfilou tanto componentes mais jovens como a velha guarda da escola.
André de Souza, de 42 anos, é fiscal da receita e viajou de Brasília até o Rio para desfilar pela primeira vez no Império Serrano. Apaixonado pelo Carnaval, e realizando um sonho, ele falou sobre a importância de estar na alegoria: “Este carro representa a liberdade, representa como é que você é e como você pode ser por completo”, disse emocionado.
Com o enredo intitulado “Ilú-ọba Ọ̀yọ́: a gira dos ancestrais”. A obra, desenvolvida pelo carnavalesco Alex de Souza, pretende levar o título da Série Ouro com uma celebração aos orixás.
Alan Paiva, de 33 anos, é figurinista e o destaque da alegoria. Vestindo a fantasia de Orixá Funfun, ele falou sobre o sentimento de estar numa posição importante na alegoria. “Eu tenho uma casa de Umbanda, então eu me sinto muito emocionado por estar aqui vestindo essa fantasia no carro. É reconhecimento e ancestralidade”, disse Alan emocionado. Ele é pai de todos nós”, completou.
“Ilu-ọba Ọ̀yọ́” se refere ao nome de um antigo império que se estendia pelas regiões que hoje são conhecidas como Nigéria, Togo e Benin, na África Ocidental. Com a diáspora africana, os povos originários dessas terras trouxeram para o Brasil seus rituais sagrados, fundando e recriando suas tradições ancestrais na forma do candomblé, com forte presença na Bahia. Essa religião se expandiu, evoluindo para um rito que unifica diversas divindades em um culto coletivo conhecido como xirê, o qual é descrito no enredo como a “gira dos ancestrais”.
Ivo Mendes, de 73 anos, é o vice-presidente do Jongo da Serrinha e filho de Maria de Lourdes Mendes, uma das fundadoras da escola de samba. Desfilando na alegoria, ele defende o enredo e como ele se encontra com a “ancestralidade”: “Estar aqui é estar representando também os meus antepassados, os orixás”, disse alegre e com brilho nos olhos por defender a sua escola por mais um ano. “É uma homenagem que eu estou fazendo aqui a eles, e para mim é representar o meu povo”, completou.