Se consumada na noite desta segunda-feira no plenário da Liesa, a terceira virada de mesa seguida no Grupo Especial marcará um duro golpe na já combalida credibilidade do carnaval carioca. Informada pelo jornalista Ancelmo Gois, a articulação busca a salvar desta vez a Imperatriz do rebaixamento. Em 2017 Paraíso do Tuiuti e em 2018 Grande Rio e Império Serrano foram beneficiadas pela virada. O reizinho de Madureira desta vez dicaria fora da artimanha.
Em entrevista concedida à reportagem do CARNAVALESCO, o jornalista Fabio Fabato destaca a falta de credibilidade atual da festa, e ressalta que ao abrir um precedente perigoso em 2017 a Liesa se tornou refém de si mesma.
“Terceira virada de mesa em sequência, além de ser algo digno de música no Fantástico, expõe ainda mais uma festa já sem credibilidade na praça. O erro começou no tapetão de 2017. As escolas estão dando motivos para serem ainda mais atacadas pelo poder público, que tanto as desprestigia hoje. Minha principal curiosidade, caso se confirme a virada, é ver a pitoresca justificativa para salvar apenas uma, já que duas escolas caíram”, questionou.
Aydano André Motta possui mais de três décadas dedicadas à cobertura de carnaval. O jornalista lamenta a possibilidade de uma nova virada de mesa e lembra que nem o atual prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, um declarado inimigo do carnaval, seria capaz de detonar a credibilidade dos desfiles desta maneira.
“É difícil pensar em uma notícia pior para o Carnaval do que é essa. Beira o absurdo a falta de consciência dos dirigentes do carnaval de que coisas desse tipo apenas destroem o próprio produto deles. Como acreditar em um espetáculo alicerçado na competição, mediante uma barbaridade dessas? A Liesa está jogando mais contra o carnaval que o bispo Crivella. Nem vou entrar no mérito da aberração que seria um não rebaixamento apenas da Imperatriz, sob que alegação eu não sei. E na verdade isso pouco importa. É criminoso o que estão fazendo com o carnaval”, pontuou.
A Liesa se reúne na noite desta segunda-feira para tratar do tema. Algumas escolas se posicionam favoráveis, outras contra o desrespeito do regulamento pelo terceiro ano consecutivo. A Imperatriz Leopoldinense já se beneficiou de uma virada de mesa para não desfilar no acesso em 1988.