Nos últimos dois anos, a Rosas de Ouro desfilou às sextas-feiras, mas se pesquisar carnavais anteriores, se vê a Roseira presente no sábado. É uma agremiação que alterna bastante nos dias de desfiles. Esse também é o discurso da escola, onde se diz preparada para qualquer horário, sendo na sexta ou no sábado. Vale destacar que a Rosas de Ouro ficou na décima primeira colocação e, sendo assim, tem quatro posições para escolher dentre as que restarem. O diretor de harmonia Dante Baptista e o intérprete Carlos Júnior conversaram com o CARNAVALESCO e falaram sobre o que deve acontecer neste sábado, que é o dia da definição dos desfiles.

Foto: Fábio Martins/CARNAVALESCO

Análise do julgamento e estratégias de horário

No último carnaval, a Rosas de Ouro fechou a noite de sexta-feira ao amanhecer. De acordo com Dante, tudo ocorreu da forma que a escola queria. A estratégia que montaram para a os componentes se concentrarem deu certo e não houve dificuldades no transporte até o Anhembi. “A gente acredita que por conta da nossa estratégia de pré-concentração feita na quadra e concentração no polo, foi muito facilitada porque a gente não teve, como acontece nas primeiras escolas da sexta-feira, o fator do trânsito da Marginal muito intenso, porque é um momento em que as pessoas saem para viajar e a gente não enfrentou esse problema. Pegamos vias vazias na madrugada. Optamos por fazer uma pré-concentração na quadra começando cedo, uma saída gradual dos ônibus, ala por ala, para que a gente chegasse na concentração do Anhembi praticamente montados. Então isso aconteceu, a gente conseguiu executar essa estratégia e isso gerou um momento de tranquilidade. Ficou confortável mesmo para o próprio componente, que pôde desfrutar e ter um ambiente sem nenhuma turbulência”, explicou.

O diretor disse que houve mudanças para a Roseira se comportar na pista, visto que em 2023 passaram sufoco na apuração, ficando na décima segunda colocação. Dante diz não concordar com a posição final da agremiação na tabela, além de que um melhor julgamento precisa ser feito no carnaval como um todo, pois a Rosas de Ouro foi mal interpretada pelos jurados, segundo o profissional. “A gente também tinha executado algumas mudanças com relação ao último carnaval de 2023 e surtiram efeito na avenida. Percebemos isso de forma positiva, e por tudo isso que a gente projetou e executou, não era o resultado esperado o 11º lugar. Acreditamos que merecemos um carnaval melhor, mas depois do desfile a gente entendeu, voltamos para a prancheta, entendemos onde nós erramos e também onde fomos mal julgados. Com relação aos nossos erros, é um trabalho ano a ano de aprimorar, de buscar fazer que essa margem de erro seja mínima, que ela tenda a ser zero, porque isso é fundamental para conseguir resultado. Com relação a ser mal julgado é a gente buscar nas esferas competentes dentro da Liga-SP que o melhor julgamento seja bom para todos, não só para nossa agremiação”, declarou.

Como a escola ocupou o 11º lugar no Carnaval 2024, só restará apenas quatro posições de escolha. Dante diz que há alguns fatores para se ter uma posição positiva de desfile. “O conceito de agradável é muito amplo, porque nem sempre o que é bom para uma escola é bom para outra. As estratégias de desfile são diferentes para cada agremiação, os desafios que cada dia e cada horário impõe são diferentes. Se você é uma das primeiras a desfilar na sexta-feira, você tem uma questão do trânsito da cidade, que ele dificulta um pouco mais, você pode ter focos de congestionamento na Marginal para chegar ao Anhembi. No sábado para o outro lado pega a estrada mais vazia, mas tem uma dificuldade um pouco maior de mobilizar os componentes, porque eles já estão mais relaxados, já viveram a primeira noite. Todos os horários e dias têm os seus pontos positivos e seus desafios”, disse.

Perguntado sobre preferência pela sexta ou sábado, o diretor disse que não tem um dia que queira, pois a agremiação já realizou grandes desfiles em ambos os dias. “Com relação à preferência por dia ou horário, a gente gosta dos dois dias. A Rosas de Ouro já fez grandes desfiles, seja na sexta-feira ou no sábado. Nos últimos anos a gente tem desfilado mais às sextas-feiras, mas também gostamos do sábado. O nosso componente hoje é apaixonado pela escola, então vai estar presente e vai se engajar com o nosso desfile independente do dia que estiver desfilando”, completou.

Problemas no som do Anhembi, expectativa da ordem e trabalho bem feito

O intérprete Carlos Júnior tem experiências em desfiles pela manhã. O mais famoso é pelo Império de Casa Verde no não de 2005, onde foi campeão. Em 2023 foi com a Tucuruvi e, no último carnaval, com a Roseira. O cantor fez duras críticas ao trabalho feito pelo som da Liga-SP no Anhembi pela manhã. “Eu desfilei nos dois últimos anos de manhã pela Tucuruvi e Rosas. Acredito que nesse último carnaval nós fizemos um trabalho de uma escola que tem pretensões de longo prazo. Todos os envolvidos foram e fizeram o seu dever. Contudo, o júri talvez pelo horário, estava em uma atenção ruim com o trabalho e a prova é o corte de 100% deles. A escola se prepara para sair de manhã, nós cantores também, porém o julgamento me parece ser cansativo hoje em dia, principalmente para a última. Isso vai também para sonoplastia da emissora parceira da Liga, que equalizou nosso desfile muito mal. Está sem coral, voz solo, poucas cordas. Faltou qualidade, pareceu um trabalho de alguém que estava cansado”, relatou.

O cantor deu o seu palpite sobre como será a definição e, na opinião dele, as seis primeiras escolas vão pegar as melhores posições. “Em particular conto com a intervenção da segurança pública no caso das escolas oriundas de torcidas. Lá em cima nós temos três. Não sei se vão desfilar no sábado, por exemplo. Então acho que pode sobrar uma vaga na penúltima a desfilar ou segunda de algum dos dois dias. Posso estar viajando, mas muitas escolas vão preencher o sábado, que é um dia a mais para preparação. Nem todas pensam dessa forma, mas é o desejo da maioria. Creio eu que lá nas primeiras seis escolas, vão preencherem as seis melhores vagas com um adendo da possibilidade de intervenção da segurança pública, o que já aconteceu em outros carnavais”, comentou

Analisando o seu primeiro ano como intérprete oficial da Rosas de Ouro, ‘Carlão’, como é conhecido no mundo do samba, avaliou como positivo sua estreia e exaltou a ala musical. “Eu não tenho capacidade para fazer uma avaliação do meu trabalho. Como sempre digo, nunca me julguei puxador ou intérprete de escolas de samba. O destino me deu a oportunidade de ter um trabalho digno e todo ano procuro junto com os companheiros de carro de som deixar o meu melhor. Uma estreia é sempre uma expectativa. Tenho plena convicção de que fizemos um trabalho de alta performance. Se não foi melhor que a excelência, foi talvez pela falta de sinergia costumeira nos meus antigos trabalhos. Contudo, tenho para mim que dentro do planejado, nós ensaiamos, executamos, cumprimos o objetivo, mostramos que o tempo e o trabalho bem feito pode trazer muito mais do que fizemos”, finalizou.