Neste sábado, a Unidos de Vila Maria escolheu o samba-enredo que irá embalar seu desfile no próximo carnaval. Localizada no Jardim Japão, Zona Norte de São Paulo, a quadra da escola recebeu um grande público para prestigiar o evento. A disputa contou com três obras finalistas e foi bastante equilibrada. Os concorrentes apostaram tanto na força do palco, com intérpretes renomados, quanto na energia da torcida e em elementos que engrandeceram a festa. O samba 13, o primeiro a se apresentar, saiu vencedor. A comunidade vibrou intensamente com o anúncio feito pelo presidente Adilson, pelo vice-presidente Marcelo Rocha e pelo intérprete Clayton Reis. A parceria campeã é formada por Alemão do Pandeiro, Anderson Magrão, Mazinho Argenta, Renne Campos e Márcio Bijú. Para o Carnaval 2026, a agremiação levará à avenida o enredo “Do chão que alimenta à culinária que encanta: Brasil, um banquete de sabores”, assinado pelo carnavalesco Vinícius Freitas.
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Além de um título
Completamente emocionado com a vitória, Alemão do Pandeiro relembrou sua trajetória na escola e declarou todo o seu amor à entidade.
“Ganhar na Vila Maria é a sensação de glória e dever cumprido. É muito além, porque faz parte da minha vida, criação e história como homem. É uma conquista que vai além de um título de concurso de samba-enredo. Estou radiante, principalmente sendo a primeira vitória depois da perda do meu maior ídolo, que é meu pai. Dedico a ele essa vitória e sei que está aqui nos iluminando”, disse.
O compositor, que agora soma cinco vitórias na Vila Maria, se torna um dos maiores campeões da agremiação. Ele comentou sobre seu processo de composição:
“Sou muito criterioso. Quando recebo uma sinopse, procuro estudar, ler e absorver as ideias. Sempre extraio o máximo possível da diretoria e do carnavalesco, além do que a sinopse traz. Quero saber o que eles desejam de emoção no samba. Neste ano, especificamente, consegui ir mais a fundo e trazer essa essência à tona, mostrando o melhor resultado”, contou.
Objetivo de fazer um samba potente
Falando tecnicamente da música, o compositor Renne Campos detalhou a construção da letra, inteiramente baseada no enredo desenvolvido por Vinícius Freitas.
“O samba foi construído focado na proposta do enredo. Esse tema traz toda a brasilidade dos alimentos e o que a nossa terra proporciona. Procuramos trabalhar isso em versos que fazem alusão aos produtos do solo que depois são consumidos, como a feijoada, a cachaça e a cerveja. O Brasil produz muita coisa especial que merece ser mostrada como um livro”, ressaltou.
Segundo ele, a ideia de colocar o samba em melodia alta surgiu desde o início. A parceria entende que um samba potente é o ideal para a Vila Maria disputar uma vaga no Grupo Especial.
“Sempre foi o nosso objetivo, porque sabemos o quanto o Acesso é acirrado, com escolas muito tradicionais. É preciso um samba que realmente mexa com a arquibancada e a comunidade. Desde o início, a proposta foi essa: trazer um samba valente, aguerrido e com potencial de fazer jus ao carnaval da Vila Maria”, declarou.
Decisão final
Extremamente feliz com a escolha, o presidente Adilson José detalhou o processo de votação para a decisão final. Ele reiterou a importância de ouvir os sambas ao vivo, com bateria e torcida.
“Nós já conhecíamos os sambas pelas audições internas, mas faltava esse passo, que é a apresentação com sete passagens. Fazemos isso propositalmente para entender e sentir o samba junto da bateria e da comunidade. A escolha é embasada em vários aspectos: primeiro, a parte do canto, responsável pela musicalidade da escola, apontando os pontos fortes e as possíveis dificuldades para a comunidade; depois, o mestre de bateria, que avalia a harmonia rítmica e opina livremente; em seguida, o carnavalesco e o enredista, que verificam se a obra se encaixa no desfile. Por fim, analisamos todos os detalhes da escrita. Hoje fomos agraciados com uma grande escolha, que se colocou em condição de perfeição. É um conjunto muito forte que trará uma grande resposta”, explicou.
Samba de qualidade, mas com ajustes
O intérprete Clayton Reis elogiou a obra, mas destacou a necessidade de alguns ajustes para equilibrar a execução musical. Ele também lembrou que a Vila Maria poderá ter um ritmo de canto e evolução diferente, devido à mudança na Cadência da Vila, agora sob o comando do mestre Marcel Bonfim.
“É um samba bom, tem um refrão forte e uma cabeça marcante. Vou mexer em alguns pontos, pois há muitos picos que podem atrapalhar a ala musical. São apenas ajustes para manter o equilíbrio. É um samba que vai casar com uma bateria de cara nova, com um andamento diferente. A ideia é que a Vila Maria tenha uma pegada renovada”, afirmou.
O cantor, que por anos esteve na Mocidade Unida da Mooca em dupla com Gui Cruz, foi contratado em 2025 para ser a voz solo da Unidos de Vila Maria. Esta foi sua primeira experiência como intérprete principal da escola.
“Minha parceria com o Gui Cruz foi maravilhosa, mas sozinho você tem mais caminhos para explorar, mais brincadeiras para fazer. Em dupla a gente se comunicava no olhar e tinha um entrosamento legal, mas acho que sozinho é melhor, você fica mais solto”, disse.
Escolha certeira e a busca pela nota máxima
Também emocionado, o estreante carnavalesco da escola, Vinícius Freitas, exaltou o nível da competição e comemorou a escolha.
“Tenho certeza de que a Vila Maria escolheu a melhor obra possível para o Carnaval 2026. Com a força da comunidade e todo o trabalho que já estamos realizando na quadra, na evolução, na harmonia, na bateria e no time de canto, levaremos um grande espetáculo. Só tenho a agradecer aos compositores pela grande disputa de hoje. A escolha foi certíssima”, celebrou.
O artista ainda destacou a importância do quesito e das reuniões internas para trabalhar o samba de forma correta.
“O samba-enredo é um dos principais quesitos do carnaval e pode fazer a diferença para qualquer escola. Começar com uma obra como essa já é meio caminho andado. Tivemos várias reuniões nos últimos meses e hoje foi apenas a definição. Agora vamos trabalhar ajustes em melodia e letra para o roteiro do desfile, buscando o sucesso e a nota máxima”, refletiu.
Apresentações
A final foi bastante disputada, mas, em termos de torcida, o samba 13 teve vantagem sobre os outros dois concorrentes. Com balões, bandeiras e um grande contingente, a parceria fez a festa e cantou forte o samba vencedor. Vale destacar a presença de palco, com Emerson Dias e Carlos Jr. na liderança.
O samba 25, da parceria de Edmilson e cia., foi o segundo a se apresentar. Até então, era o time atual campeão. A obra tem um refrão empolgante que caiu no gosto do público, com destaque para a frase: “O cardápio anuncia: Vila Maria campeã do carnaval”.
O último a se apresentar foi o samba 10, da parceria de Gui Cruz e cia., que disputou em pé de igualdade com o samba 13. Com melodia alta e refrão contagiante, foi bem recebido, mas não conseguiu superar o time de Alemão do Pandeiro.