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Técnico e quente, Salgueiro impressiona no canto e na performance dos demais quesitos

Por Lucas Santos (Colaboraram Allan Duffes, Freddy Fereira, Luiz Gustavo, Guibsom Romão, Juliana Henrik, Gabriel Radicetti, Marielli Patrocínio, Matheus Vinícius e Rhyan de Meira)

Já passavam das 20h de domingo quando o Salgueiro pisou em uma Sapucai lotada e com uma torcida apaixonada. Na temática, parecia uma continuação da lavagem,trazendo a energia da religiosidade e da busca pelo corpo fechado. Quente, a escola se mostrou extremamente feliz com o enredo e samba, retribuiu não só no canto, mas na organizaçãoda escola e no cuidado para nao errar. Se o canto foi potente e destaque, não se pode ignorar a excelente apresentação de alguns outros quesitos. Aliás, em alguns segmentos, como o primeiro casal, já era muito esperado esse destaque, mas a escola também teve mais uma vez uma apresentação completa e bem feita da comissão de frente, além de alto rendimento do samba. A Academia demonstrou força e jorrou expectativas de voltar a fazer desfiles que briguem efetivamente pelos primeiros lugares.

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“A gente tem uma escola que está se notabilizando por dar show. O Salgueiro dá show nos seus ensaios, um samba cantado por toda essa Sapucaí, acho que deve ter umas 80 mil pessoas aqui e todo mundo cantando com a gente. É uma sensação boa. Ao mesmo tempo, a gente tem a técnica. As paradas para apresentações foram todas perfeitas. A gente está pronto”, avaliou Wilsinho Alves, diretor de carnaval.

Comissão de Frente

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Paulo Pinna, mais uma vez, investiu bastante para o ensaio técnico. Com a temática voltada para o refrão do meio, e o figurino impecável dos componentes baseados na figura de Lampião, a comissão trouxe dança, elemento cenográfico e surpresas. Na segunda parte do samba houve uma troca de elenco quando os cangaceiros entram dentro de uma espécie de enormes jarros. Como é costume nas comissões de Paulo Pinna, os componentes demonstraram muita vontade e energia, inclusive, fazendo uma ótima coreografia de deslocamento. No final a bandeira do Salgueiro tremulava ao lado de Lampião ladeado pelas figuras que sugiram das garrafas. Ótima utilização da iluminação cênica também.

Mestre-sala e Porta-Bandeira

Primeiro é importante falar da elegância do figurino, isso na simplicidade, porque não era uma roupa super trabalhada em elementos, mas extremamente elegante. Sidclei no terno preto e com o costumeiro bastão na mão, enquanto Marcella estava com um vestido vermelho com alguns detalhes mais escuros. A saia do vestido, aliás, foi muito bem utilizada pela porta-bandeira em seus diversos giros. Impressionante como ela realiza tantos giros seguidos, na velocidade em que faz e mantém sempre a firmeza no pavilhão, mesmo em um momento que ventava bastante no Sambodromo. Surreal, a perfeição! E, Sidclei, acompanhava também com tamanha intensidade. Em um bailado mais clássico, até bastante comum par a dupla, o casal soube pontuar com alguns passos e gestos que se relacionavam com o samba. Já no fim, no refrão de baixo, após mais uma grande rodada de rodopios, Marcella com toda a classe saúda a cabine de julgadores com movimentos mostrando o pavilhão. Performance de nível alto.

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Fotos: Eduardo Hollanda/Divulgação Rio Carnaval

“A energia foi a mesma do último ensaio. A gente tem o canto muito forte da escola, mas claro que com o som fica muito mais fácil, você tem o som da bateria que é muito importante. Foi um ensaio maravilhoso, estamos prontos para semana que vem fazermos mais um desfile, já fizemos dois, que venha o terceiro”, disse o mestre-sala.

Harmonia

O carro de som do Salgueiro veio bem equilizado permitindo que Igor Sorriso pudesse comandar através de sua voz, com os apoios em um volume e equalizacão que pudesse ajudar ao intérprete sem aparecerem de forma exagerada. Livre e solto, o cantor, que é um intérprete com chamadas características, gosta de ir ao público e mexer com o componente, esteve sempre à vontade no samba, mas não esqueceu ou deixou de lado a necessidade de cantar com correção e intensidade a obra. Chamou a comunidade a responsabilidade que foi atendida de forma potente. O Salgueiro cantou bastante o samba durante todo o ensaio e tornou o clima quente, mostrando que nao era um ensaio somente para a tecnicidade.

“A gente fica com o som muito centrado no carro de som, não percebemos tanto a diferença num todo, mas foi um ensaio muito positivo. Mais um. Ajustando os detalhes, Salgueiro vem para buscar a vitória. Sabemos que a concorrência é grande, é muito difícil ganhar o carnaval, mas estamos preparados e vamos fazer um desfile maravilhoso”, comentou o cantor Igor Sorriso.

Samba

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O samba é muito valente e tem características muito intrínsecas ao estilo que o Salgueiro gosta de levar para a Sapucaí. Melodia de fácil assimilação, com alguns molhos como o refrão do meio que tem algumas características únicas. O andamento é para frente como gosta a “Furiosa”, mas permitiu que as batidas “bem macumbadas”, “de curimba”, pudessem fazer com que a obra ficassem ainda melhor, como em algumas bossas no refrão principal, no “macumbeiro, mandigueiro”. A obra, por ter bem do DNA do Salgueiro, impulsionou inclusive o rendimento de outros quesitos como harmonia e evolução. Muita interação, principalmente, com o público que também cantava das frisas.

Evolução

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O Salgueiro, mais uma vez, foi muito bem e o samba ajudou. Com pouquíssimas alas coreografadas, exceto a já característica do “maculelê”, coordenada por Carlinhos, e uma ala no final com bastões, a escola apostou na relação do salgueirense com o enredo. O que pode se ver foi uma agremiação muito livre, solta, mas correta, sem apresentar problemas de grandes espaçamentos ou alas emboladas. E, no deslocamento foi uma escola feliz, brincando carnaval e curtindo o samba. Muitos adereços, principalmente, nos primeiros setores, coisas leves que permitiam uma boa fluência do desfilante. Foi muito técnica também nos momentos que são mais críticos como apresentação de comissão e casal, além de saídas e entradas da bateria no recuo.

Bateria e Outros destaques

Uma bateria “Furiosa” do Acadêmicos do Salgueiro com sua afinação tradicionalmente mais pesada, inserida no DNA musical da branca e encarnada da Tijuca. A parte de trás do ritmo contou com um bom naipe de caixas, repiques coesos e taróis eficientes, que junto do balanço envolvente das terceiras deram um molho furioso à cozinha da bateria. Atabaques desfilaram em meio ao ritmo, tendo participação relevante em bossas. Na cabeça da bateria do Salgueiro, cuícas sólidas auxiliaras peças leves. Assim como tamborins tocaram com eficiência interligados a um naipe de showcalhos bem acima da média, que parecia um só por toda a pista. Bossas baseadas no que solicitava o samba, tanto em letra quanto em melodia, foram percebidas. São construções musicais refinadas e contemporâneas. Grande participação das terceiras nos arranjos. A bossa iniciada na segunda do samba terminada no final do refrão principal é uma grande elaboração musical, que culmina num solo de atabaques com ritmistas do repique tocando Cowbell, mostrando um dinamismo sonoro impecável. Uma “Furiosa” com um conjunto de bossas de intenso brilho sonoro, além de versatilidade rítmica. Uma bateria do Salgueiro preparada para a briga pelo gabarito, quiçá sonhando com premiações.

A rainha Viviane Araújo veio com a fantasia “Salve a malandragem” com chapéu de malandro e com fantasia cravejada em pedras preciosas, e claro, vermelho e branco nos tons. A fantasia também brilhava com o led quando a luz da Sapucaí diminuía. No esquenta, a escola cantou “Malandro Batuqueiro” e o icônico “Explode Coração”. O mascote “Sabiá” puxou o início do ensaio. Os componentes traziam nas mãos luzinhas que produziam um efeito de vela, funcionando com as luzes apagadas. Parecia uma grande procissão salgueirense.

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“A gente manteve a mesma consistência do ensaio passadob e o que tem feito nos ensaios, tanto de rua, como setor 11, e no outro ensaio técnico. É isso que a gente preparou pra esse ano, esperar agora segunda-feira pra colocar em prática tudo que a gente ensaiou. Esteve tudo aqui hoje, sem nada guardado”, citou mestre Guilherme.

“Depois de hoje, aqui, eu vou dormir a semana inteira tranquilo. Está tudo no lugar. Tudo que a gente ensaiou ao longo desses oito meses. Até antes de escolher o samba. Após a escolha do samba conseguimos encaixar as bossas e hoje foi pra sacramentar que a Furiosa está pronta para o carnaval”, completou mestre Gustavo

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