Responsável pela nota máximo nos quesitos que defendeu no carnaval de 2023, o carnavalesco Tarcísio Zanon segue na Viradouro para 2024. Com a missão de desenvolver o enredo “Arroboboi, Dangbé”, Zanon terá a missão de apresentar ao grande público, segundo ele, uma África diferente das que já foram retratadas na Sapucaí.

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Carnavalesco Tarcisio Zanon. Foto: Gabriel Gomes/Site CARNAVALESCO

“Esse enredo tem a missão de trazer uma África diferente, que pouco foi retratada na avenida, tratando da religiosidade vodu mais especificamente. O enredo tem essa missão de desdemonizar essa religião, de desdemonizar a figura da serpente, justamente porque a gente sempre quando fala vodu, tem a imagem daqueles bonecos furados, que na verdade não são para o mal e sim para cura. Nós aprendemos lá no terreiro de Bogum, com o primeiro ogã da casa, que a palavra vodun significa ‘tudo de bom para você’. Nós temos essa missão de transformar as pessoas e trazer um novo olhar para essa religião e para essa divindade, que é a serpente adorada por esses povos, assim como em outros povos, outros animais são adorados”, contou.

A ideia do enredo da Viradouro para o carnaval de 2024 surgiu ainda durante a pesquisa da obra de Rosa Maria Egipcíaca, enredo da escola no último carnaval. O carnavalesco Tarcísio Zanon revelou que foi apresentado a história ao pesquisar sobre a religiosidade da homenageada no carnaval de 2023.

“A ideia do enredo nasce intuitiva com uma pesquisa que estava fazendo sobre o acotundá, que era a religiosidade de Rosa no Daomé, com um livro do Aldair Rodrigues e do Moacir Maia (“Sacerdotisas voduns e rainhas do Rosário”), de Minas Gerais, que traz as sacerdotisas voduns e me dá inspiração para pesquisar esse assunto. Nós fomos à Bahia, conhecemos o terreiro de Bogum, um terreiro centenário, trazido por Ludovina e a partir daí, começamos a desenvolver esse enredo”, disse.

Além da história de Dagbé, o enredo da Viradouro também abordará a saga de Ludovina, africana que parte rumo ao Brasil em uma missão espiritual. A história foi apresentada ao carnavalesco da Viradouro, Tarcísio Zanon, durante sua viagem à Bahia.

“A figura da Ludovina, que eu não conhecia, uma mulher para época, conhecida como de partido alto, que veio para cá com uma missão espiritual de abrir três casas e veio como uma rainha também, consegue cumprir parte da sua missão, deixando para suas ancestrais outras partes. Uma mulher que veio com uma missão e conseguiu realizar, dentro de toda dificuldade. A sinopse vai revelar mais, porém é uma parte bem emocionante que descobrimos lá na Bahia”, revela Zanon.