A leitura da sinopse do enredo da Unidos do Viradouro para o Carnaval 2026 foi marcada por um retorno simbólico e afetivo: o evento aconteceu na quadra da Estácio de Sá, local que formou o homenageado do próximo desfile da escola, mestre Ciça — e também o carnavalesco Tarcísio Zanon. Em entrevista ao CARNAVALESCO, o artista expressou a emoção de estar de volta à casa onde iniciou sua trajetória no samba. “É uma alegria e uma emoção muito grandes. Cheguei pela manhã para ajudar na decoração da quadra e reencontrei a velha guarda, chorei. A Estácio foi a escola que me formou. Essa homenagem ao Ciça é também uma homenagem a todo estaciano, todo ritmista, todo sambista. O Ciça já é, por si só, uma escola de samba”, declarou Zanon.

Ciça começou sua trajetória como passista na própria Estácio, então Unidos de São Carlos, foi mestre de sala, ritmista e se consolidou como um dos mestres de bateria mais respeitados do carnaval carioca. A escolha de realizar a leitura da sinopse na quadra da Estácio reforça o enredo como um gesto de reconhecimento não só a um artista, mas também ao território que o formou.
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Tarcísio, que divide a criação com o enredista João Gustavo Melo, explicou que a construção da sinopse foi feita em estreita colaboração com o próprio homenageado. “A gente teve muitos diálogos com o Ciça. Foi um olhar de sambista para o Ciça. O público vai encontrar os grandes momentos da trajetória dele. Claro que é uma releitura, mas é isso que estamos vivendo: o tempo dos remakes. E é muito legal a gente fazer esse carnaval da metalinguagem, trabalhar essa metanarrativa, até porque eu mesmo já trabalho com o Ciça há anos”, comentou.
Para Zanon, a leitura da sinopse dentro da Estácio também teve papel estratégico na preparação dos compositores. Segundo ele, estar naquele espaço ajudou a mergulhar na “alma do enredo” e no universo afetivo do Ciça. “O Ciça nunca se mudou do Estácio. É aqui que ele se forma como sambista. É uma região onde floresce o samba. Nada mais é pertinente do que fazer essa leitura de sinopse aqui”, afirmou.
Viradouro apresenta sinopse de ‘Pra Cima, Ciça’ em noite de reencontro na quadra da Estácio de Sá
Questionado sobre o que espera dos sambas concorrentes, o carnavalesco orientou os compositores a estudarem o material, tirarem dúvidas e, sobretudo, se deixarem levar pela inspiração. “A sinopse é solta, feita para o compositor se sentir livre. Mas é claro que precisa seguir uma narrativa. O texto está muito claro, e espero que todos gostem muito”, disse.