O candidato a prefeito do Rio de Janeiro pelo PSOL, Tarcísio Motta, destacou em entrevista ao CARNAVALESCO suas propostas para fortalecer o Carnaval, principal evento cultural da cidade. Autor da lei que garante o carnaval como direito cultural, Motta afirmou que sua gestão transferirá a responsabilidade pela festa da Riotur para a Secretaria Municipal de Cultura, criando uma Subsecretaria Municipal do Carnaval. A ideia é desenvolver uma política permanente de fomento às escolas de samba, blocos de rua e agremiações, com subsídios e editais especiais.
O candidato também prometeu integrar o carnaval à rede de ensino municipal e valorizar as manifestações populares, como as turmas de bate-bolas e os blocos afro. Além disso, Motta defendeu uma modernização dos espaços destinados ao carnaval, como a Cidade do Samba e o Sambódromo, que completou 40 anos em 2024. Ele prometeu reformas que garantam acessibilidade e recuperação do projeto original do Sambódromo, além de melhorias para as escolas de samba dos grupos inferiores e para os blocos de embalo. Sobre os mega-blocos, o candidato se comprometeu a realizar um planejamento urbano especial para garantir a harmonia entre o carnaval de rua e o cotidiano da cidade, com diálogo constante com as agremiações. Confira a entrevista completa com Tarcísio Motta.
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O carnaval é o principal evento da cidade e traz um retorno em impostos que ajuda o Rio o ano todo. Eleito prefeito como você pretende fomentar o maior evento cultural da cidade?
“Carnaval é direito. Sou autor da lei que estabelece o carnaval como direito cultural dos cariocas e define que a prefeitura tem o dever de apoiar e incentivar a festa do Momo. Desde março de 2021, este direito está consagrado na Lei Orgânica do Município, a constituição da nossa cidade. Além de ser um patrimônio carioca incalculável, o carnaval arrecada milhões e movimenta bilhões. Ele não é um problema para as finanças do Rio, é uma solução. E em tempos de intolerância, ódio e preconceito, o carnaval é ainda mais importante, porque representa um Rio mais alegre, democrático e solidário. Vou reconhecer o carnaval como manifestação cultural e transferir da Empresa de Turismo do Município do Rio de Janeiro (Riotur) para a Secretaria Municipal de Cultura a responsabilidade sobre o carnaval. Vou criar a Subsecretaria Municipal do Carnaval e desenvolver um Plano Municipal de Democratização do Carnaval. O objetivo será efetivar uma política permanente de fomento ao carnaval das escolas de samba, dos blocos de rua, dos blocos de embalo, dos blocos afro, das bandas e dos bate-bolas. Teremos subsídios diretos e editais de fomento especiais, tanto para a rua quanto para a avenida. A gente vai desenvolver uma política depreservação de agremiações tradicionais e incentivo a novas agremiações carnavalescas. As escolas de samba mirins e os blocos voltados para crianças serão tratados com um carinho especial. Além disso, vou implementar um calendário anual de datas comemorativas para promover o trabalho das turmas de bate-bolas ao longo do ano, garantindo o ordenamento urbano necessário para viabilizar tais eventos. E vou criar pontos de cultura e espaços de memória nas quadras das escolas de samba e de blocos como o Bafo da Onça e o Cacique de Ramos, aproveitando o espaço físico dos locais como equipamentos culturais dos bairros. Uma das minhas prioridades será integrar a rede de ensino municipal com as agremiações carnavalescas, associando disciplinas formais como história, língua portuguesae ciências, ao universo de múltiplo saberes do carnaval e integrando a política de cultura com a política educacional do município”.
As obras da Cidade do Samba 2 já começaram. Mas são muitas agremiações em outros grupos que não tem um teto digno para construir seu carnaval. Sua candidatura tem alguma proposta para essas comunidades?
“Vou realizar reformas para modernizar a Cidade do Samba 1, terminar as obras da Cidade do Samba 2 e construir um novo complexo de barracões, oficinas e escritórios, com tecnologia de ponta, para garantir que todas as escolas de samba da cidade tenham um teto digno, do Grupo Especial até a Série Bronze. E vou fazer o mesmo para os blocos de embalo e blocos afro tradicionais da cidade, como o Bafo da Onça e os Filhos de Gandhi”.
O Sambódromo completou 40 anos em 2024. Obras de infraestrutura no local são pedidas há anos. Há previsão de alguma intervenção no equipamento caso você seja o prefeito?
“O Sambódromo é um patrimônio do Rio que foi abandonado pela prefeitura. Vou realizar reformas para modernizar a infraestrutura, promover a acessibilidade de pessoas com deficiência em todos os setores e recuperar o projeto original do Sambódromo, fazendo do espaço onde hoje estão as frisas uma área popular. A gente também vai garantir a manutenção das arquibancadas gratuitas montadas na concentração do desfile. Além disso, vou promover a mudança do local das cabines de rádio e televisão para o setor 6 do Sambódromo, de modo a possibilitar uma visão geral do desfile. E vou construir um corredor de descolamento no Sambódromo, junto aos camarotes para a imprensa, para garantir a circulação segura de jornalistas credenciados durantes os desfiles”.
A subvenção para as escolas de samba será mantida na sua gestão? Há previsão de aumento? Você pensa em usar as quadras das agremiações para atividades e projetos sociais da prefeitura?
“Como eu já disse, teremos subsídios diretos e editais de fomento especiais. Vou ampliar os investimentos da prefeitura no carnaval do Sambódromo e da Intendente Magalhães. Mas, acima de tudo, vou diminuir a disparidade entre os valores de subvenção, de modo que a verba destinada à Série Bronze seja no mínimo a metade do valor que é destinado ao Grupo Especial. E as escolas de samba mirins terão um tratamento especial. Além disso, vou criar pontos de cultura e espaços de memória nas quadras das escolas de samba, aproveitando o espaço físico dos locais como equipamentos culturais dos bairros e integrando eles à política educacional do município”.
Quais as suas ideias para o fomento do carnaval de rua e como equilibrar os mega-blocos durante o carnaval com a vida da cidade?
“Assim como farei com as escolas de samba, vou implementar subsídios diretos e oferecer editais especiais para fomentar o carnaval dos blocos de rua, blocos de embalo, blocos afro, bandas e turmas de bate-bolas. Minha prioridade será incentivar a espontaneidade do carnaval carioca, garantindo a livre manifestação cultural no espaço público, sem restrições burocráticas, e preservar a tradição das agremiações, respeitando sua história e sua relação com seus bairros de origem. Vou acabar com a lógica da autorização de evento e promover uma política baseada na garantia do direito ao carnaval, dialogando sempre com os blocos, bandas e turmas que fazem essa linda festa acontecer. Chega de perseguir artista e camelô que não fecha com a Ambev. No meu governo não existirá esse monopólio da Ambev que o Paes e o Crivella impuseram sobre os trabalhadores do carnaval rua. Dos músicos aos vendedores ambulantes, todos terão seus direitos garantidos. A Guarda Municipal não vai mais agir como capanga da patrocinadora da prefeitura. Os guardas atuarão como síndicos e guias para ajudar a festa a acontecer na paz, com inteligência e sem truculência. No que se refere aos mega-blocos, teremos um planejamento urbano especial. O calendário, os locais e os trajetos serão definidos de forma a garantir a tranquilidade dos cariocas”.