Nem mesmo o forte calor de domingo conseguiu diminuir a energia e a alegria do portelense em mais um ensaio de rua da Majestade do Samba. Depois das 19h, a Estrada do Portela já estava lotada para o ensaio, e, após um esquenta cheio de sucessos comandado por Zé Paulo Sierra e Vitinho, quando a obra de 2026 começou a apresentar seus primeiros versos, a comunidade mostrou que o samba está na ponta da língua — e, mais do que isso, que o hino para o Carnaval 2026 tem muito daquilo que o portelense gosta de levar para a Sapucaí. Impulsionado por um alto rendimento da Tabajara do Samba, que mostrou sua força já desde a bem desenvolvida introdução, o samba se manteve muito bem durante o ensaio, não caiu em nenhum momento, e o portelense cantou e evoluiu com muita alegria, mas sem esquecer de primar pela organização e correção. No final, com pouco mais de uma hora e quinze de ensaio, a satisfação estava estampada no rosto da comunidade e principalmente da direção.
* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp
O diretor de carnaval, Junior Schall, avaliou o rendimento da escola neste ensaio e comparou com a boa apresentação no minidesfile da Cidade do Samba, no fim de semana passado.
“Entendemos que no minidesfile conseguimos reproduzir muito desse potencial que a gente trabalha na quadra e aqui no ensaio de rua. Com um núcleo menor, conseguimos ter um grande aproveitamento do samba com a bateria do mestre Vitinho, o carro de som capitaneado pelo Zé Paulo (Sierra) e todos os componentes da escola. A gente fala de sinergia. A gente fala do canto do samba em um alto volume e por toda a extensão da escola. Ali, com um grupo menor, e aqui, na Estrada do Portela, neste início de exercício ainda, multiplicado por bem mais de mil, aplicamos algo que teremos que fazer no desfile oficial. Não depende da extensão do trajeto, depende da intensidade colocada no trajeto”.

Em 2026, com o enredo “O Mistério do Príncipe do Bará — A oração do Negrinho e a ressurreição de sua coroa sob o céu aberto do Rio Grande”, a Portela será a terceira escola a se apresentar na primeira noite de desfiles do Grupo Especial.
MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA

Marlon Lamar e Squel Jorgea, indo para o terceiro Carnaval juntos, mostraram-se bem à vontade apesar do forte calor e da responsabilidade de abrir o desfile, já que a Portela não levou a comissão de frente para este ensaio. Na entrada da apresentação no local preparado para o treino de cabine, a dupla já apresentou alguns passos de dança afro, com Squel logo em seguida se destacando pelo número de giros e pela intensidade. Além desses passos mais tradicionais, o casal escolheu fazer algumas pontuações nos gestos em cima da letra do samba e mostrou movimentos de muita doçura e ternura, sempre se procurando e sempre também procurando valorizar o pavilhão, saudando-o para o público. Excelente apresentação.
HARMONIA E SAMBA-ENREDO
O intérprete Zé Paulo Sierra mostrou bom entrosamento com o mestre Vitinho. Antes do ensaio, a dupla teve muito cuidado nos ajustes de som, e a introdução do samba mostrou criatividade e correção, trazendo primeiro um samba de partido-alto para depois trazer muita força de instrumentos mais leves, como chocalhos e xequerês, com uma batida mais marcada e tribal já no grito e nos versos que antecedem o refrão principal, até entrar no refrão propriamente dito e a bateria subir na cabeça. Aliás, não foi só a introdução que impressionou: o samba inteiro teve um rendimento muito alto. Destaque para os dois refrões, mas também para o início da cabeça com “É Bará, é Bará ô ô…” e para os versos mais melodiosos e de letra forte: “Enquanto houver um pastoreio / A chama não apagará / Não há demanda que o povo preto não possa enfrentar”. Este último, talvez, concorra para ser, em letra, o verso do carnaval.

Isso tudo impulsionou o canto da comunidade, que se manteve alto e intenso durante todo o ensaio. Grande performance da comunidade portelense.
O intérprete Zé Paulo Sierra avaliou o ensaio, comparou também com o trabalho no minidesfile e revelou toda a emoção de participar de mais um ensaio de rua da Majestade do Samba.
“Hoje foi só mais um dia de trabalho. Estamos trabalhando e trabalhando. A gente tem amistoso trabalho essa semana e vamos passo a passo, como foi no minidesfile, que, para mim — não vou avaliar as outras escolas —, eu coloco a Portela como uma das melhores no minidesfile. E ali não está em julgamento fantasia, ali é comunicação, é como o samba rendeu e tudo mais. Acho que a Portela fez um grande trabalho de harmonia, tanto aqui como lá, e essa comunidade está de parabéns. Aqui o astral é muito bom, é muita ancestralidade, é a escola do coração e mexe para caramba. Aprendi a amar Carnaval por conta de um samba da Portela. É difícil segurar a emoção e, aqui, a Portela me confiou esse trabalho superdifícil, que não é substituir o Gilsinho, é conseguir que, em pouco tempo, essa dor amenize. E acho que, em pouco mais de dois meses, a gente tem conseguido fazer isso”.
EVOLUÇÃO
Outro quesito em que a comunidade deu um show. Muito organizada, sem apresentar buracos, evoluindo com fluidez mesmo com as dificuldades já conhecidas da Estrada do Portela — via de subida e mais estreita, por exemplo. Os componentes, além de tudo, mostraram alegria em desfilar, felizes com o samba. Primaram pela espontaneidade, já que não se viram alas coreografadas — pelo menos nesta apresentação. E, com um grande número de componentes para o ensaio, a Portela veio bem grande, mostrando a dedicação que a comunidade tem com os treinos. Bom trabalho da equipe da Portela, que conseguiu manter a organização e a alegria durante todo o treino deste domingo.

OUTROS DESTAQUES
A “Tabajara do Samba”, do mestre Vitinho, mostrou muita musicalidade, e um naipe que se destacou foi o de xequerês, dando um molho todo especial ao samba. Já a rainha Bianca Monteiro chamou a atenção pelo já costumeiro samba no pé e por alguns momentos especiais em que, após a bateria abrir no meio, Bianca entrava seguida da ala de xequerês e dançava junto com os ritmistas que abaixavam. Momento de muito frisson no público.

No esquenta, Zé Paulo e Vitinho trouxeram diversas obras antigas e mais recentes da discografia portelense, passando por “Contos de Areia”, “Madureira Sobe o Pelô”, “Um Defeito de Cor”, “Das Maravilhas do Mar Fez o Esplendor de Uma Noite”, entre outras.










