Após uma torrencial chuva que caiu enquanto a Unidos de Vila Maria estava na Concentração do Anhembi, a azul-e-verde da Zona Norte paulistana cantou a própria história no enredo “Vila Maria. Minha Origem. Minha Essência. Minha História! Muito Além do Carnaval”. Quarta escola a desfilar na sexta-feira (17) no Grupo Especial do carnaval paulistano, a agremiação demonstrou muita emoção por mostrar ao mundo um pouco da própria agremiação, de acordo com entrevistas realizadas pelo CARNAVALESCO após a exibição.
Cristiano Bara (carnavalesco)
“Aqui foi tudo perfeito. Depois de muita chuva na Concentração, vento, voa tudo, anda carro, Nossa Senhora patinava, a gente estava protegido por ela e fizemos um grande desfile, um grande espetáculo para conquistar o título tão sonhado”.
“Nós não fizemos um enredo sobre o bairro, falamos da escola e trouxemos essa essência, que são as escolas que moram no bairro. Foi uma felicidade muito grande, a gente viveu isso o tempo todo. Eu e toda a minha equipe, eu não faço carnaval sozinho. Preciso de uma equipe e a gente viveu seis anos da Vila Maria comigo. A coisa foi muito fácil, nós fizemos figurinos que a gente tirava da cabeça porque não tinha no papel. Foi uma tranquilidade muito grande porque a gente vivia isso o dia inteiro. Eu bebi dessa água, fui tratado pela fisioterapia da escola… é o viver todo dia que fez a gente projetar e produzir um grande desfile e um grande carnaval para que a gente possa levantar o título tão sonhado da Vila Maria”.
Wander Pires (intérprete)
“O samba fluiu perfeitamente! Foi maravilhoso, foi lindo, lindo, lindo. Um momento único. Foi melhor do que a gente esperava. Esse povo é maravilhoso. Agora é esperar terça-feira, com fé em Deus ele vai nos abençoar com o nosso primeiro título”.
“É isso que eu queria comentar, obrigado pela oportunidade. O pessoal comprou a ideia, o pessoal abraçou a ideia do enredo da Vila Maria. Eles cantavam a Vila Maria como se a Vila Maria fosse deles! Eles cantavam como se eles fossem componentes da Vila Maria diretamente da arquibancada. Isso foi maravilhoso”.
Mestre Moleza (diretor de bateria)
“Diante de todas as dificuldades que tivemos na Concentração, com um verdadeiro dilúvio, papai do céu abençoou e nós tivemos discernimento para fazer uma estratégia, principalmente com os instrumentos, em especial os surdos, que a gente sabe que chuva e instrumentos de couros são inimigos. Não fizemos o Esquenta, tinha muita água e deixamos a ala musical cantar, e só colocamos os surdos para tocar quando estava valendo, no samba do ano. Tudo isso para, quando entramos, a chuva para. Eu tenho vinte e poucos anos de carnaval, dezesseis como mestre de bateria, e nunca tinha passado por isso. A experiência de ouvir e aprender com os mais velhos, que foram homenageados nos nossos instrumentos, fez com que a gente conseguisse manter a qualidade dos ensaios. Estamos muito felizes com o resultado, conseguimos fazer o que ensaiamos, as paradinhas e as bossas. A galera caiu dentro no primeiro setor e na Monumental. A gente vinha sentindo que os arranjos e as bossas tinham energia e impacto, às vezes a gente cria algumas coisas e pensa que tem impacto, mas pra quem vai receber não é bem assim. Nesse ano nós conseguimos fazer esse casamento, primeiramente da comunidade e, depois, do público presente. A gente sai feliz e, literalmente, de alma lavada, molhado. Tem que se trocar rapidinho porque, se não, vamos ficar gripados”.
“Foi só a afinação dos surdos, na verdade. Tá todo mundo molhado, enxarcado, mas isso traz uma motivação para o pessoal se animar e cantar. Temos uma bateria jovem, então isso não comprometeu. O que eu fiquei receoso foi essa água. Parece que o tempo foi certinho, do Esquenta e de conseguir poupar os surdos, de deixá-los virados. Temos a proteção, os plásticos nos instrumentos, porém, quando vem muita água, não tem nada que faça segurar a afinação. Quando começou a chuva, não pegamos mais chuva, então não impactou tanto. Nossos diretores são muito experientes e competentes, conseguiram segurar a afinação até o final do desfile”
“O canto foi diferente, sim. Você sentia o povo e a escola mais leves, o samba é de fácil assimilação, caiu no gosto da comunidade. Falando do quesito Harmonia, foi o ano em que a escola mais cantou, foi o ano em que tivemos mais aceitação do público pelo samba, pelos refrãos, que são gostosos de ouvir, suingados. Tinha tudo a ver com a letra, também, com solos de naipes. A gente está feliz, ficamos receosos com a chuva, pensamos que ensaiamos tanto para tomar essa chuva… mas a gente sabe que tudo tem um porquê”
Adilson José de Souza (presidente)
“Foi perfeito dentro da condição em que nós estávamos. Tomamos uma chuva muito grande. Tudo para que quem não fosse de personalidade, que quem não tivesse oa vontade de fazer o que foi feito, não faria. Ficamos molhados, perdemos contato de rádio, pifaram todos. Se você colocar tudo isso e ver o que foi feito na avenida, foi um desfile de esplendor. Mostrou o que é uma escola de samba unida, que tem a definição de onde elas são e querem ir. A Vila Maria é bem complexa, só quem é entende”.
“Dentro desse canto todo que vimos, é importante para nós, que somos apaixonados pela escola e vimos a escola crescer e se estruturar, também, a arte e a verdade que são mostradas. É um enredo que às vezes se mostra algo que você não consegue identificar, uma figura diferente… aqui é história, verídica, de fato e vivida. Muitos adultos, pessoas de idade e as crianças vem vivendo esse sentimento”.