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A Estação Primeira de Mangueira encerrou o primeiro dia de desfiles de forma impactante. Com a estreia do carnavalesco Sidnei França, a Verde e Rosa trouxe para avenida o enredo “À Flor da Terra, no Rio da Negritude entre Dores e Paixões”, a escola entregou um belo trabalho plástico, uma comissão de frente emocionante e os mangueirenses saíram da Sapucaí com a sensação de dever cumprido e um recado claro para a sociedade.
Em seu segundo ano na Mangueira, a dupla de coreógrafos da comissão de frente, Lucas Maciel e Karina Dias, levaram para avenida uma coreografia na qual figuras do povo Banto se transformavam nos ‘crias’ da comunidade. O público foi ao delírio quando os dançarinos fizeram o ‘passinho’ e as pipas, que eram drones, voaram simbolizando o renascimento do povo Banto, trazido à força ao Brasil e que ‘floresce’ nas vielas.
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“É a coroação de um trabalho árduo. Virar madrugadas ensaiando não é fácil. Os bailarinos saíam do trabalho e iam direto pro ensaio até às 3h, 4h da manhã e ainda iam virado para o trabalho. É muito gratificante passar com um trabalho lindo pela Sapucaí. Sensação de dever cumprido, mas o gostinho de voltar nas campeãs e passar de novo por essa avenida é sempre mágico”, afirmou Karina para a repórter Juliana Henrik do CARNAVALESCO.
“Nos ensaios técnicos nós damos um pouco de spoiller, mas não podemos dar muitos. Acho que deu muito certo o que trouxemos para avenida e a galera respondeu de uma forma inimaginável”, complementou Lucas.
Outro ponto que vai ficar marcado no desfile da Verde e Rosa foi o show da bateria. Comandada por Rodrigo Explosão e Taranta Neto, que são crias da comunidade, a ‘Tem que respeitar meu tamborim’, apresentou uma bossa que reproduziu um tiro de fuzil enquanto uma luz vermelha piscava em cima dos ritmistas.
“Nosso desfile foi perfeito. Acho que a escola não cometeu falhas, nossa bateria conseguiu executar tudo o que trabalhamos durante oito meses. Agora é espera a quarta-feira com a esperança e a confirmação de que vamos ganhar os 40 pontos e ajudar a escola a levar o título”, disse Taranta Neto.
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“Saiu tudo conforme ensaiamos. Senti a confiança de todos os ritmistas, desfilando tranquilos e felizes. Foi o melhor carnaval nesses três anos de mestre. A bossa do tiro quando escutamos a letra do samba. Sou morador de comunidade e sei o que acontece. Esse tiro de fuzil no confronto entre polícia e bandido faz parte do cotidiano da comunidade. Eu sou um sobrevivente disso e quisemos reproduzir na avenida”, declarou Rodrigo Explosão.
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A rainha de bateria Evelyn Bastos também falou sobre o desfile da Verde e Rosa. “Estou em êxtase. Fizemos um trabalho lindo durante o ano inteiro para esse grande dia. Graças a Deus e aos Orixás entregamos mais essa aula de história que a Estação Primeira de Mangueira propõe ao mundo”.