Anunciada recentemente como nova rainha de bateria da Imperatriz Leopoldinense, Maria Mariá, vinda da comunidade, quebrou na Verde e Branca de Ramos um ciclo de majestades famosas, como Luiza Brunet, Cris Vianna, Iza, revelando também um novo momento e caminho a ser seguido pela agremiação. A nova rainha conversou com a reportagem do site CARNAVALESCO. Passista da escola desde o mirim, ela revelou que a ficha ainda não caiu e que sua chegada ao trono à frente da Swing da Leopoldina representa uma vitória para outras integrantes da comunidade.
“Ainda não caiu, eu acho que vai cair quando eu subir lá no palco e a presidente me apresentar para a comunidade. É um momento único, é uma carência que a nossa escola sentia. Espero suprir todo essa necessidade, porque eu sou fruto dessa comunidade, sou daqui, sou desse chão, eu sei a importância e a relevância que esse cargo tem, o peso, o quanto ele representa para muitas meninas da favela, para muitas meninas que são passistas, para os passistas em geral, que tem esse sonho, essa vontade, esse anseio, que acham que é uma coisa longínqua. Nos últimos anos no carnaval a gente vem percebendo, essa onda maravilhosa de trazer pessoas da comunidade para crescerem, para assumirem cargos de importância, e que entendem a relevância desses cargos. Sabem que devem colocar suas opiniões, que precisam ser bons exemplos para as crianças, para companheiros de ala, para que a comunidade entenda o que é ser uma escola de samba. O simbolismo é gigantesco. Ainda não consigo por em palavras tudo que isso representa. Não só para mim, mas para todo mundo. Representa o sonho de muita gente, vai além do meu, dizer que tudo é possível, todo esses anseios de a gente querer chegar lá, que é possível, acho que essa é a maior mensagem”, acredita Maria Mariá.
A rainha de bateria da Imperatriz Leopoldinense Maria Mariá arrebentando no samba no pé no ensaio de quadra. #imperatriz #carnaval #riocarnaval #carnaval2023 #carnavalrj #carnavalesco pic.twitter.com/MyYjIhI8el
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Maria Mariá é CPX na veia
A Imperatriz sempre ficou conhecida pelas grandes rainhas que teve em sua história. Mas, faltava uma rainha que saísse não só da comunidade, como da ala de passistas. Moradora do Complexo do Alemão desde que nasceu, Maria Mariá tem uma posição muito firme em relação à proximidade que a Imperatriz deve ter com sua comunidade. A nova rainha fala sobre a polêmica com o termo “CPX” desenvolvida nas últimas eleições, e conta que fez parte da caminhada de campanha do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, que percorreu várias ruas próximas ao Complexo do Alemão.
“Muita gente falava que a Imperatriz parecia ser uma escola distante da comunidade. E eu chego para representar tudo isso. Eu estava lá como voluntária do “Voz da Comunidade”. Estava nesta caminhada, eu fui uma das ‘bandidas’ que estava lá com o presidente eleito naquela caminhada. Sei a importância disso, de CPX. Por isso nas postagens, eu fiz questão de deixar a CPX abreviado, para as pessoas entenderem de fato o que é, o que de fato representa”, explicou Maria.
A nova rainha espera manter sua relação de forma bem próxima com os outros segmentos. Maria não quer que a comunidade a veja de uma forma distante ou que pareça estar acima.
“Eu quero que esse reinado seja horizontal. Que as pessoas não pensem que eu serei alguém distante, que eu mudei. Óbvio que é um cargo de responsabilidade, que é uma postura, que é um posicionamento diferente, mas as pessoas precisam entender que é uma componente, que é uma pessoas por trás dessa coroa, que tem sentimentos, que tem suas opiniões, que quer fazer o melhor para a comunidade. Trabalhar muito também para esse caneco ser nosso”, espera a nova rainha.
Além de sambar muito, a nova rainha de bateria da Imperatriz, Maria Mariá, tem muito carisma e é cria da comunidade. #carnavalesco pic.twitter.com/7mDF3MSxph
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Até o penúltimo carnaval fazendo parte da ala mirim da Imperatriz, estreante na ala de passistas em 2022, Maria Mariá, que é aluna de comunicação na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, conta que o samba nasceu em sua vida através do pai.
“Meu pai (Orlando) é o máximo. E o meu irmão também, é um sambista nato, a parte da família da minha mãe é cearense. Ela está em festa por conta do enredo sobre o nordeste, Lampião, mas a minha veia sambista vem do meu pai, carioca raiz, e é uma honra representar a minha ancestralidade, festejar a minha ancestralidade com todo mundo, com essa escola, com esse pavilhão, com essa nação incrível. Vou dar tudo que eu tenho, o meu melhor, fazer o possível e o impossível para que seja incrível”.
A nova rainha também revelou rindo que ficou totalmente surpresa quando viu as parabenizações recebidas por figuras do samba. A que mais lhe impactou foi a mensagem recebida da rainha da Estação Primeira de Mangueira, Evelyn Bastos.
“Eu caí para trás. Quando eu vi a mensagem da Evelyn eu achei que era mentira, ‘ela está me mandando mensagem?’. Eu não acreditei, eu parei, respirei, e fui responder. Pensando que tinha que responder de rainha para rainha , neste momento (risos). Eu já convidei, e espero ter a oportunidade de convidar todas as rainhas. Acho que essa confraternização é muito importante com essas co-irmãs, com todos os sambistas, para as pessoas entenderem o que é o samba, o que é essa união, o que é ser de escola de samba, a partir da união, do amor, em celebração”, finaliza a rainha Maria Mariá.
Tem mais do samba no pé de Maria Mariá, a nova rainha de bateria da Imperatriz. #carnavalesco pic.twitter.com/aOIlDUsVVu
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