O dia 22 de fevereiro de 2025 ficará eternamente marcado na memória de Carlos Augusto Rezende, popularmente conhecido como mestre Sombrinha. Pela primeira vez, ele adentrou o Sambódromo do Anhembi em um dia de desfile oficial como diretor de bateria – no caso, da Swing da Madá, bateria do Pérola Negra. A estreia não poderia ser melhor: a agremiação decidida o título defendendo o enredo “Exu Mulher”, desenvolvido pelo carnavalesco Rodrigo Meiners. Em entrevista ao CARNAVALESCO na noite do Desfile das Campeãs (08 de março), o profissional falou sobre a estreia no comando de uma bateria no Anhembi, pressão, aprendizados com o também ilustre pai e a expectativa para 2026.
* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp
Frio na barriga
Nem mesmo o fato de sermos herdeiros de uma das famílias mais importantes da história do samba paulistano impede a Sombrinha de se sentir algo diferente na estreia como comandante de uma bateria no Anhembi. Ele é filho de Solange Cruz Bichara Rezende, presidente da Mocidade Alegre, e de Marcos Rezende dos Santos Nascimento, o mestre Sombra, comandante da Ritmo Puro (bateria da Morada do Samba) desde 1994. Por tabela, ele é sobrinho-neto de Juarez da Cruz, fundador da agremiação do Limão.
Antes de agradecer pelo título conquistado, o comandante não negou que foi uma sensação diferente entrar no Anhembi como mestre de bateria: “No dia do desfile deu aquele nervosismo, tenha certeza disso. Aquela tensão pré-desfile veio, não nego. A bateria toda fantasiada, os ritmistas também ficaram bem apreensivos porque a gente costuma tocar aqui quando a bateria sai e tira os instrumentos do caminhão aqui atrás, ainda na montagem das escolas. O primeiro ritmo que a gente faz no dia do desfile é esse, para tirar toda a tração e deixe essa tensão aqui na concentração. Foi uma emoção diferente, foi a minha primeira vez tendo a responsabilidade de ser o mestre mesmo da bateria, eu sou diretor de bateria, é diferente. Graças a Deus foi recompensado.
Tranquilidade
Diz a sabedoria popular que ‘filho de peixe, peixinho é’. Embora seja uma maneira bastante eufemizada de se lidar com a situação, ser herdeiros de um clã tão tradicional nem sempre é algo simples de conviver.
Não para Sombrinha. Cheio de personalidade, ele não esconde que o sobrenome abre muitas portas. Citando sobretudo o pai, mestre de bateria como ele, o ritmista-mor da Swing da Madá mostrou bastante serenidade ao falar sobre a expectativa que a estreia dela gerou: “Sempre vai ser algo positivo ser filho de quem eu sou. que as pessoas me olham com outro olhar, elas me enxergam diferente. E é óbvio que tem aquela pressão quanto a ser igual ao pai, melhor que ele ou ser só mais um.
Ordem e prática
É natural que, ao chegar em um novo local (sobretudo em posição de destaque), um profissional comece a colocar sua marca – e, também, receba influências do novo ambiente. Essa via de duas mãos, ao menos da parte da Sombrinha, já foi muito bem resolvida.
Ao ser questionado sobre quais vivências da Mocidade Alegre (escola em que atualmente é um dos diretores de bateria e atua desde os cinco anos de idade) trazidas para a agremiação da Vila Madalena, Sombrinha começou falando sobre questões mais relacionadas à estruturação do segmento: “A característica do Ritmo Puro que a gente trouxe para Pérola é, principalmente, o esquema de logística e de organização na montagem da bateria, os princípios dos ensaios e a didática. Praticamente tudo vem isso vem da Mocidade, ainda mais por ser um trabalho que eu estou à frente e eu tenho que passar o meu conhecimento para os ritmistas. O meu conhecimento vem todo da Mocidade Alegre, essas características de apresentação e de ensaio, toda essa logística e organização… tudo vem isso da Mocidade”, disse.
No tocante à batucada de fato, Carlos Augusto revelou uma semelhança e ao menos uma diferença entre o Swing da Madá e o Ritmo Puro: “Agora, falando da tocada de fato da bateria, a nossa batida de caixa é praticamente a mesma. e na sonoridade”, explicou.
E para 2026?
Indagado sobre o que é possível esperar do “Swing da Madá” e do Pérola Negra como um todo na próxima temporada, Sombrinha destacou que, embora seja cedo para falar, a manutenção de peças será o principal mote do trabalho: “A gente busca contar com a base desse último carnaval para formar a nossa bateria em 2026. Também vamos esperar para ver qual vai ser o tema da escola, o que a gente vai ter que buscar de diferentes em arranjos. E, claro, tudo depende do samba, também relacionado”.
Há, entretanto, uma meta bastante clara: formando novos ritmistas que têm a escola no coração: “Nesse último carnaval, a gente não conseguiu fazer uma escolinha de bateria por falta de estrutura porque a Pérola passou por uma obra da Prefeitura na quadra. conheça, que se apaixone por Pérola – assim como milhares de pessoas de São Paulo”, finalizou.