O diretor de harmonia da Imperatriz Leopoldinense, Thiago Santos, conversou com o CARNAVALESCO e falou com entusiasmo sobre o trabalho que tem transformado a Rainha de Ramos em uma potência vocal e emocional na Marquês de Sapucaí. Em tom de gratidão e convicção, ele revelou os bastidores de uma filosofia que resgatou o espírito leve e vibrante da escola.
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“Nós temos um grupo de trabalho que conhece muito esse chão aqui. Por isso, desmistificando tudo o que já falaram da gente no passado, a escola estava pronta para explodir, só precisou botar as pessoas certas no lugar certo. Eu dei a sorte de estar nesse momento e ter a capacidade para desenvolver um trabalho que eu acreditava desde o início que ia funcionar”, contou Thiago
O diretor lembra que o primeiro passo foi “soltar” os componentes, que durante muito tempo desfilavam com rigidez.
“Nosso primeiro trabalho foi soltar nossos componentes, que se militarizaram há 20 anos atrás e foram se apegando a isso. Desde 2022 começamos esse processo e o resultado é visível. Nosso canto e nossa dança são muito livres. O componente vai para a avenida para se divertir com responsabilidade e está dando muito resultado. Nos últimos três anos a gente não perdeu nenhuma nota por falta de canto. Estamos muito felizes com isso”.
Veja o clipe oficial do samba-enredo da Imperatriz Leopoldinense para o Carnaval 2026
Sintonia entre voz, ritmo e harmonia
Parte desse sucesso, segundo Thiago, vem da parceria afinada entre o intérprete Pitty de Menezes e o mestre de bateria Lolo.
“Ajuda demais. Por serem muito amigos, isso traz uma sinergia boa, porque o processo de trabalho é cansativo. Mas são dois craques que me ajudam demais. Criamos nesses últimos três anos um estilo de desfilar e de se comportar na avenida que tem a ver com o que o Lolo faz com a bateria e o que o Pitty faz com a voz e o carro de som. Isso levou toda a escola a se comportar de forma explosiva e ao mesmo tempo inquieta”.

Thiago define a identidade da atual Imperatriz com uma frase que virou símbolo do momento vivido pela agremiação.
“A Imperatriz é uma escola que dança. A gente acreditou nisso, e o resultado está aí. Quem viu o show hoje na final viu o que aconteceu na Avenida nos últimos três anos. É muito gratificante”.
Do ensaio de quadra à rua: o segredo do canto natural
A preparação vocal e de evolução segue um método próprio. Antes de levar a comunidade para os ensaios de rua, a escola realiza uma série de encontros na quadra.
“Ficamos uns três ou quatro ensaios na quadra antes de ir para a rua, fora estúdio e tudo mais. É para alinhar com a comunidade cada palavra do samba. Na quadra a gente trabalha mais o canto; evolução mesmo é na rua. Quando chega o momento dos ensaios abertos, o samba já sai naturalmente”.
Encanto dos ensaios em Ramos
Os ensaios de rua da Imperatriz têm se tornado um fenômeno à parte no calendário do carnaval carioca. Thiago acredita que a autenticidade é o segredo.
“Eu acho que é um dos melhores ensaios, sim. Aqui tem uma coisa muito natural que acontece. Ficamos sete anos sem ir para a rua, voltamos em 2022 em Bonsucesso e depois viemos para cá, para o nosso lugar. É gratificante ver as pessoas botando cadeira de praia na porta de casa, porque ensaiamos em uma rua residencial. Esse é o nosso diferencial: ensaiamos onde as pessoas moram”.
A cena, segundo ele, é um retrato da ligação profunda entre a escola e o bairro. “As pessoas veem a gente da sacada, da varanda, da janela. E quem está mais animado desce para se juntar. É uma explosão de sentimentos. A rua tem bares, tem o after que o povo fica. Essa aglomeração de coisas faz o nosso ensaio ser considerado um dos melhores. Existem outros bons ensaios, mas a gente com certeza está entre os melhores”.
Encerrando a conversa, Thiago deixou claro que a Imperatriz seguirá acreditando no seu próprio jeito de fazer carnaval: dançando, cantando e contagiando Ramos e a Sapucaí.