A cada domingo, na Amaral Peixoto, no Centro de Niterói, o ensaio de rua da Viradouro é marcado pela excelência impressionante dos quesitos. É até difícil acreditar que não tem um erro ou problema para ser citado. Porém, a verdade é que não existe. A atual campeã do Grupo Especial do Rio de Janeiro elcançou um nivel de apresentação característico de potências histórias do carnaval, como a Beija-Flor dos anos 2000, a Mocidade e Imperatriz dos anos 1990. No último domingo, todos mereceram destaque, mas vale ressaltar ainda mais o trabalho do cantor Wander Pires, da ala musical, e a performance impecável do casal Julinho e Rute.

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“Não tem nada pronto. Temos sempre que trabalhar, e o nosso desafio anual é não deixar esmorecer, não deixar cair a peteca, manter o pé no chão, trabalhar 50 vezes mais. Quando a gente começa o projeto, iniciamos pensando em melhorar o que já foi feito no ano anterior, a escola entra com mais tesão que o ano passado onde a gente foi campeão daquele jeito, o que tá acontecendo aqui é isso. Samba e bateria em sincronia, o samba bom pra caramba, enredo bom pra caramba, escola com um tesão absurdo, é uma máquina. E falo isso com muita tranquilidade e muita humildade, não é garantia de absolutamente nada. Mas os ensaios daqui realmente tem sido num nível alto e de forma constante, a gente entende que esse é o caminho e a gente tem muito menos chance de errar no dia. Não é garantia, mas é treinando que a gente consegue jogar. Claro, a comunidade daqui, ela é diferente, ela tira onda mesmo. Eu acho que a gente está numa sintonia muito grande, um trabalho amadurecido, uma comunidade absurdamente vibrante, apaixonada, e hoje a escola vive essa sintonia e consegue fazer grandes ensaios e, consequentemente, tem feito grande sucesso”, afirmou Marcelinho Calil, diretor executivo da Viradouro.

Comissão de Frente

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Os coreógrafos Rodrigo Negri e Priscilla Mota deram um gostinho do que virá na Avenida em 2025. Primeiro, o grupo dançou com muita intensidade, fizeram um ritual na Amaral Peixoto. Segundo, além da dança, eles cantaram o samba-enredo o tempo inteiro. Berraram, para ser mais exato. O pivô, representando Malunguinho, encarnou a alma do homenageado no enredo. Em um dos momentos de ápice da exibição todos “batiam folhas”, simbolizando a mata e a força da jurema sagrada, e arrancavam gritos e aplausos do público. Clima de expectativa, mais uma vez, para ver a coreografia oficial no dia do desfile.

Mestre-Sala e Porta-bandeira

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Como vinho, Julinho e Rute melhoraram a cada ano que passa. Todos de branco, no ensaio do último domingo, eles foram irretocáveis na dança. Primor! Os movimentos do mestre-sala são fortes e muito técnicos. A porta-bandeira alia vigor e simbolismo. Os giros dela são impressionantes. A coregrafia é feita no momento adequado e totalmente dentro do samba-enredo. Ah… bandeira sempre esticada.

Harmonia e Samba

Dois quesitos que são muito trabalhados pela Viradouro. O canto dos componentes, a atuação da ala musical e a perfeita conjunção entre letra, melodia e o que está sendo apresentado. O intérprete Wander Pires está muito bem encaixado no samba-enredo. Sua ala musical, coordenada pelo craque Hugo Bruno, domina toda obra. A sintonia com a bateria faz fluir o canto do componente na pista. A intensidade do canto é forte durante todo o treino, principalmente, pela dedicação de cada diretor de harmonia, que comanda e incentiva os componentes. O verso “O rei da mata que mata quem mata o Brasil” é cantado com uma vontade tão grande que quem está na Austrália, do outro lado do mundo, pode ouvir.

Evolução

Trabalho magistral da direção de carnaval. Foi percebido com nitidez a escola cantando e dançando o tempo todo. Quem não sambava, pulava, se mexia. Durante todo o treino, na Amaral Peixoto, vinha um diretor e pedia ainda mais “gingado” de todos. No verso “Ê juremeiro, curandeiro oh” os integrantes da escola parecem em alfa, tanto que se entregam naquele momento.

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Outros Destaques

O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, recém-eleito, apareceu, foi homenageado e exaltou o orgulho que a escola representa para o município. Mais uma vez, ele que sempre apoiará a escola, seja para o desfile, seja para a realização dos ensaios na Amaral Peixoto.

A rainha Erika Januza, muito identificada com a escola, tem grande participação na performance da bateria, quando é simulada a apresentação na frente da cabine de jurados. Ela dança com um integrante, fazendo uma coreografia especial.

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Mestre Ciça, que vive seu melhor momento profissional, junto com a “Furacão Vermelho e Branco”, teve atuação de gala. A bateria da Viradouro mudou e toca para o estilo que o samba-enredo pede. União perfeita com o carro de som.

“Tem uma nova bossa para entrar no samba, não apresentamos hoje porque ainda precisamos acertar. O samba encaixa com a bateria, a bateria encaixa com o samba, todo o samba é bom. Quando o samba é bom ele conserta tudo, bateria, andamento. A Viradouro tem um grande samba e facilita o trabalho da gente, andamento, me preocupo mais com o andamento mesmo. Mas hoje foi um ensaio perfeito, se vai ganhar eu não sei, mas ela está preparada pra disputar o titulo. A gente trabalha muito, vamos ensaiar amanhã, até o Carnaval é nesse ritmo””, revelou mestre Ciça.

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Sempre importante citar a dedicação das musas da Viradouro, que interagem com o público, sambam demais e cantam o samba-enredo o tempo todo. Muito capricho e responsabilidade com a agremiação.

Colaborou Luiz Gustavo