Mais difícil do que se apresentar para os jurados e alcançar os 50 pontos é enfrentar plantões intermináveis em um hospital de grande porte e uma UPA 24 horas para ajudar no combate ao novo Coronavírus. Essa tem sido a rotina do mestre-sala Alex Marcelino. O artista é também enfermeiro e está na linha de frente da Covid-19. Entre um plantão e outro, encontrou um tempo para conversar com a equipe do site CARNAVALESCO.
“Vivemos um cenário de guerra, mas não vou recuar. Enquanto tiver saúde, enquanto tiver de pé vou ajudar minha população”, disse.
Pesquisas apontam que os números de transmissão do Coronavírus estão apresentando queda no Rio, apesar disso, os casos e mortes continuam aumentando, o Estado já passa das 8900 mortes e acumula quase 98 mil casos. Embora tenha começado a flexibilização da quarentena e parte da população esteja seguindo uma vida quase normal, nos hospitais a realidade é bem diferente. Alex Marcelino, que atua em uma unidade de saúde referência para casos graves de Covid-19, conta que passou por momentos difíceis durante os plantões.
“No começo foi muito complicado, tivemos episódios de muitas pessoas passando mal ao mesmo tempo, um cenário de guerra! E, ao mesmo tempo a gente via muita gente nas ruas sem acreditar que isso era verdade, sem acreditar na seriedade da doença. Nós que estávamos dentro do hospital vimos uma situação muito difícil, um verdadeiro cenário de guerra. A gente via muito paciente pedindo pra voltar pra casa, outros falavam que não queriam morrer. Não gosto muito de falar sobre isso porque é muito triste”, relembra o enfermeiro que também trabalha em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
Trabalhar na linha de frente do Covid-19 não é fácil, exige muitos cuidados e o profissional fica o tempo todo em risco iminente de se contaminar. Marcelino conta que teve e ainda tem medo de contrair a doença ou de levar o vírus para casa e acabar contaminando seus familiares, mas é preciso seguir em frente.
“Tive medo e ainda tenho, mas é a profissão que escolhi, então não vou desistir. Vou pra guerra, vou ajudar a salvar as pessoas. Quem salva é Deus, a gente está aqui para ajudar. Não vou recuar, não. Enquanto tiver saúde, enquanto tiver de pé vou ajudar minha população”, enfatiza o mestre-sala que sonha com o dia que os enfermeiros serão mais valorizados.
Depois de um plantão cansativo e enfrentar a volta pra casa no transporte público, os cuidados continuam em casa. Alex conta que ao chegar tem o cuidado de tomar banho o mais rápido possível e coloca a roupa que veio da rua imediatamente para lavar.
“É preciso ficar bem atento para não nos contaminarmos e nem infectarmos nossos familiares, amigos. Assim que chego em casa tiro toda a roupa, tomo logo banho. Apesar que a gente não vem com a roupa que estava usando no hospital, mas a gente vem com a nossa, mas que estava na rua e a gente anda de transporte público, ônibus, trem. Tenho o maior cuidado aqui em casa para não contaminar a minha esposa, a gente não tem ficado muito junto porque tenho medo de contaminá-la, ela está em casa cumprindo a quarentena. Temo pelos meus pais também, não vou na casa deles a gente tem se falado por telefone, só vou lá quando tenho que levar alguma compra ou fazer alguma coisa que eles não possam, mas aí é tudo muito rápido, sem contato físico”, explica.
Apesar do cenário parecer promissor, com rotinas menos pesadas nas UTIs, Alex enfatiza a necessidade da população não descuidar dos cuidados necessários para combater a Covid-19.
“Faço um pedido a todos vocês; o máximo que puderem se proteger, se protejam! Evitem aglomerações para evitarmos o aumento de contágio. Usem máscara ao sair de casa, por mais breve que seja essa saída, pra que a gente consiga combater esse vírus maldito que nos assola”. (Por Daniela Safadi e Vinicius Vasconcelos)