Finalmente um grande sonho alvinegro se tornou realidade. Após uma curta passagem pelo Grupo de Acesso em 2011, a Torcida Jovem ficou anos no antigo chamado ‘Grupo 1-Uesp’, onde bateu na trave várias vezes para voltar à segunda prateleira do carnaval paulistano. Também, em 2022, já com todas as escolas da terceira divisão integrada à Liga-SP, a Jovem novamente quase conseguiu o acesso, ficando atrás de Nenê e Peruche. As três brigaram fortemente na apuração àquela época.

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Entretanto, naquela oportunidade, já havia indícios de que a escola alvinegra estava em uma crescente como uma escola que logo alcançaria os seus objetivos. Em uma apuração que imaginávamos ser acirrada no Grupo de Acesso em 2023, a oriunda santista nadou de braçadas e conquistou o título e, consequentemente, a vaga para o Grupo de Acesso I.

A reportagem do site CARNAVALESCO visitou o barracão da agremiação e conversou com Fernando Dias, integrante da comissão artística e um dos responsáveis pelo projeto de carnaval que a escola levou para si.

Vale destacar que a Torcida Jovem historicamente tem bastante enredos afros. Nesta volta ao Acesso I não será diferente – “Raiz afro mãe, meu Brasil bantu”, é o título do tema da entidade.

O tema da Jovem foi decidido internamente, pela própria diretoria e pelo pesquisador Marcelo Caverna, que é um grande conhecido do carnaval paulistano, também por ser mestre de bateria da escola. “O enredo conta a história dos escravos, que é o povo bantu. Eles vieram da África, escravizados através do europeu em troca de mercadorias e sendo vendidos para os senhores de engenho. Aos poucos eles foram conquistando a sua liberdade, o seu espaço e voltando a se tornar reis e rainhas como eram na África”, explicou Fernando Dias.

Importância da cultura

Perguntado sobre o que é mais alucinante nesse enredo, na opinião de Fernando é a cultura. O artista gosta de comunicar ao povo enredos históricos, além de entender o que ocorreu para chegarmos aqui. “O que me fascina é a cultura. É muito legal trazer enredos históricos e culturais para as pessoas conhecerem mais. E também desenvolver este projeto. Cada vez que ele começa a ganhar corpo, ganhar vida, a gente se apaixona muito mais e começa a entender muito mais lá atrás a nossa história, o que foi passado e o que aconteceu”, disse.

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Diferencial na matriz africana

Há uma demanda muito grande de enredos ligados à matriz africana no Grupo de Acesso I. das oito agremiações, seis delas têm fortes ligações. Contudo, de acordo com Fernando, a riqueza do tema e a garra da comunidade podem ser os diferenciais no desfile. “Todas as outras escolas buscaram um enredo afro e estão trazendo a cultura. A Jovem foi por esse lado e eu vejo um grande diferencial no projeto e na própria comunidade que aceitou esse tema afro. Nós temos, talvez, o melhor samba do Acesso I e a comunidade está cantando e abraçou. o grande diferencial vai estar nesse projeto. A garra e o desenvolvimento que eles abraçaram. Nosso enredo é muito rico nesse aspecto da cultura”, declarou.

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Voltando para a escola

Dias afirma que a volta para a Torcida Jovem está sendo benéfica e está encontrando uma escola bastante organizada e com uma diretoria que tem pensamentos melhores para o desenvolvimento de um carnaval. “Para mim está sendo gratificante depois de sete anos estar voltando para a Torcida Jovem. Eu passei aqui como carnavalesco e a convite da diretoria estou retornando. O grande diferencial da minha participação aqui é legal por ter uma nova diretoria com um novo pensamento. Tanto que eles foram campeões e estão voltando para o Acesso I. Eu sempre acreditei que a Jovem tem força e é só saber usar ela para poder chegar onde a gente quer, que é o Grupo Especial. Para nós, artistas, é muito gratificante pegar a escola com essa vontade”, comentou.

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Beleza estética

Indo ao barracão é inegável ver que a escola está investindo bastante nas alegorias. O cuidado com o acabamento de todas está sendo primoroso. O otimismo reina internamente, e com Fernando não é diferente. “O Acesso I é um grupo que antecede ao Grupo Especial, então se deve ter mais ou menos o mesmo nível. A Jovem vem com isso, com fantasias luxuosas, alegorias grandes, bem acabadas, montadas e preenchidas. Porque se a gente conseguir chegar lá, eu acredito muito nisso, não vai sofrer tanto. Está bem legal isso. Quando o conjunto chegar na avenida, vai surpreender muita gente”, afirmou.

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Ficha técnica
1000 componentes
3 alegorias
Diretor de barracão – Paulo Roberto
Trabalho de pesquisa – Marcelo Caverna