Maracanaú se localiza no estado do Ceará, fazendo parte da Grande Fortaleza. Fundada oficialmente no século XIX, é uma região povoada há séculos, desde os indígenas até os dias atuais, sendo local de diversas histórias. Lugar de fabricação da cajuína e sede do Maior São João do mundo em questão de dias de festa, é essa a cidade que a Acadêmicos de Vigário Geral vai levar à Sapucaí no carnaval de 2024, sob a batuta de Alexandre Costa, Lino Salles e Marcus do Val, através do enredo “Maracanaú: Bem-vindos ao maior São João do planeta”.
Alexandre Costa, um dos carnavalescos da escola, recebeu o site CARNAVALESCO para comentar sobre a concepção do enredo, montagem e o trabalho no barracão da escola.
Ele fala que a ideia veio da busca de um enredo alegre e colorido, sem deixar a parte histórica e as tradições de lado. A equipe então chegou a Maracanaú, descobrindo várias histórias curiosas da cidade cearense.
“Nós descobrimos que lá é a cidade da bebida, da cajuína. Nós descobrimos que é uma cidade que tem um potencial enorme industrial. Nós temos o maior arraiar em tempo, que dura quarenta dias o arraiar de lá. Descobrimos também que algumas das misses que concorreram, até mo miss universo, saíram de Maracanaú”, contou Alexandre, animado.
Dentre todas essas curiosidades, foi a grandiosidade do São João da cidade que impressionou a equipe de criação, que busca levar uma homenagem bem colorida e à altura da festa para a avenida.
“A gente tem uma pegada que a gente gosta muito de levar o colorido para a avenida. A gente leva as cores da escola, mas a gente gosta do colorido, que eu acho que visualmente isso é carnaval para a gente”.
Alexandre prossegue falando sobre a decisão do enredo ser a cidade de Maracanaú, contando do processo desde a concepção até a aprovação da presidente Elisabeth da Cunha. Alexandre conta que o processo começa com três propostas de enredos sendo apresentadas em pequenos textos, explicando cada um, para que a presidente faça a escolha final.
“A escola deixa a gente bem à vontade para escolher o enredo. A gente levou mais de uma proposta para eles, como sempre a gente sempre leva três propostas. E aí a presidente, ela escolhe aquela que ela acha: ‘essa daqui eu gostei’, e aí a gente embarca nessa”.
O carnavalesco cita então o que ele enxerga como trunfo da escola para este carnaval de 2024 está nessas curiosidades que Maracanaú possui sendo carnavalizadas na avenida.
“Tem o potencial de um dos maiores parques industriais, que algumas que concorreram ao miss universo saíram de lá. A própria coisa do São João, eu não sabia que lá é dito como o maior São João do planeta por causa do tempo que dura quarenta dias. Essas coisas que foram instigando a gente”.
Na visão de Alexandre, a alegria será o grande destaque da Vigário para este carnaval.
“A alegria, com certeza, não tem como fazer um carnaval desse sem alegria. É um enredo que, eu aposto, a galera que vai estar assistindo vai gostar muito. Que é um enredo que acaba te contagiando, não tem jeito, é Brasil”.
Falamos também sobre o trabalho na Série Ouro, a situação dos barracões e do trabalho em um espaço mais precário. Alexandre destacou a questão das goteiras dentro do espaço, e como isso atrapalha o andamento das alegorias.
“O nosso barracão é relativamente pequeno. Você dá para ver que está tudo muito bem apertado, está apertadinho. Mas, a gente tem algumas coisas que acabam atrapalhando a gente, como você está vendo que, aqui choveu lá fora, aqui dentro chove ainda mais uma semana, que como a gente não tem telhado em cima, falta muita telha, aqui embaixo vaza tudo e fica pingando eternamente, então a gente tem que trabalhar por debaixo das lonas, então é plástico para cá, plástico para lá e a gente trabalhando debaixo. Quando faz sol, que o sol seca a laje, que aí para de pingar, é um alívio para a gente”.
O tamanho do espaço também é citado como uma problemática para produzir o carnaval, assim como a questão da água.
“A gente tem a questão da altura, que aqui eu não tenho muita altura no barracão, então algumas peças eu tenho que acabar fazendo de encaixe, porque se vou com um carro baixo lá na avenida ele some. Fora umas outras questões, tipo: eu aqui no barracão não tenho água. A gente não tem água, eu trago água de casa para a galera que trabalha. São umas coisinhas que se pudessem melhorar… a gente está na reza para Cidade do Samba 2 sair, que aí tudo melhora”.
Alexandre revela então que a garra é fundamental para que o trabalho prossiga dentro do possível, junto ao amor pelo carnaval, sendo esse o grande truque do barracão.
“É muito amor pelo carnaval, porque não é para todo mundo isso aqui não. Inclusive tem a equipe de decoração, que os meninos vieram, só que eles estão acostumados com a Cidade do Samba, né? Aí chega aqui, olha isso daqui, a situação que alaga o barracão, eles correm. Mas, tem uma galera que: ‘não, vamos lá, vamos fazer acontecer’, e vamos na garra, não tem jeito, é a garra mesmo”.
Por fim, Alexandre Costa afirmou sentir amor e prazer ao fazer carnaval, apesar de todas as adversidades citadas, comparando o fazer carnaval com outra atividade sua, ser professor.
“Eu vivo isso daqui o ano inteiro amigo, a gente entrega um trabalho já começa a pesquisa para o outro carnaval e é um trabalho de um ano, não trabalho só agora nos últimos meses. Tudo bem que agora o ritmo aperta um pouquinho, mas é um trabalho de um ano, então para a gente fazer a gente tem que gostar muito. E é uma coisa que é igual… eu sou professor, então toda a turma que eu pego, quando eu entro, é aquela coisa do arrepio que dá e: ‘vambora! Vamos fazer o nosso trabalho’”.
Conheça o desfile da Acadêmicos de Vigário Geral
Com cerca de 1.800 componentes e três alegorias, é que a Vigário Geral vem para desfilar na Sapucaí sendo a terceira escola da primeira noite de desfiles, no dia 9 de fevereiro. Alexandre Costa detalhou para o CARNAVALESCO o desfile da escola, setor por setor para o carnaval de 2024:
Setor 1: “O primeiro setor a gente começa contando a origem de Maracanaú. Esse primeiro setor é dedicado a isso. A gente começa contando a história desde os indígenas. A gente tem os indígenas que descobriram aquele pedaço lá da região. Tem também os negros que chegaram para também ajudar a construir. A gente tem os navegadores, né? Porque tudo acabou vindo também pelas invasões. É basicamente isso”.
Setor 2: “O segundo setor a gente já parte já para: Maracanaú foi, já surgiu, como que ela está se desenvolvendo. A gente já começa falando mais da coisa da: a cidade surgiu, e agora? A gente tem a parte de parque industrial que a gente tem que falar. A gente tem a curiosidade da cajuína, porque muitos pensam que é de Pernambuco, mas é lá de Maracanaú, o cara que descobriu. A gente também traz nesse setor a mão de obra que ajudou a construir a cidade em si”.
Setor 3: “O terceiro setor, que é o São João, não tem como não terminar no alto, em alto astral. A gente começa com os santos, que não pode deixar, São José e Santo Antônio. A gente tem a parte da fogueira, a gente vai levar os santos, a gente leva as coisas de São João: balão, bandeirinha, as coisas tradicionais de São João mesmo, só que interpretando através de fantasias”.