A Vila Maria busca com todas as suas forças voltar ao Grupo Especial do carnaval de São Paulo. Esse é o objetivo de todas as agremiações que habitam os grupos inferiores, mas no caso da verde, azul e branco da Zona Norte, é algo específico. A escola estava acostumada a brigar nas primeiras posições, sempre participando do Desfile das Campeãs. Por três anos consecutivos, em 2019, 2020 e 2022, a agremiação do Jardim Japão figurou entre as cinco melhores da tabela. Porém, em 2023, no ano em que homenageou a si própria, houve o descenso e, desde então, a permanência no Grupo de Acesso 1.
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Para conseguir alcançar a elite, a Vila Maria mudou praticamente a equipe toda para o Carnaval 2025. Houve as trocas nos segmentos: mestre-sala e porta-bandeira, comissão de frente, intérprete e carnavalesco – Eduardo Caetano, responsável pelo desfile da agremiação, abriu as portas do barracão para o CARNAVALESCO e conversou com a equipe sobre o que a ‘Mais Famosa’ irá levar para a avenida no domingo de carnaval.
A Unidos de Vila será a quarta escola a desfilar no dia 02/03 pelo Grupo de Acesso 1 com o enredo “O Planeta Terra pede socorro. É hora de renovar e preservar!”.
Explicando o tema
O carnavalesco explicou brevemente o enredo. É um tema que mistura a situação que o planeta Terra enfrenta e já sente, mas que será levado para a avenida com ficção. “Eu e a diretoria prezamos por sair da mesmice. Através de pesquisas, eu descobri que as civilizações pré-colombianas já previam, lá no ano 200 d.C. que o mundo acabaria depois do ano 2000 devido aos fatores naturais que o ser-humano causaria. O nosso enredo começa lá em 2200. Ele começa lá no futuro, onde há o caos, a destruição, onde haverá falta de água, falta de alimento, haverá a extinção de muitos animais, situações climáticas adversas ao extremo. Com isso, Gaia, que é a mãe-natureza, não aceitando que seus filhos vivam mais nessa situação, entra em uma cápsula do tempo e volta a dois mil anos atrás, em 200 d.C. para ver como era a vida naquela época, já que eles previam que o mundo acabaria depois do ano 2000. Ela pegou todas essas informações com os povos incas, astecas e maias, entendeu porque a civilização também começou a acabar devido às situações climáticas e voltou com todas essas informações na intenção de construir um mundo melhor, trazendo novamente a água, o alimento, os animais extintos e de uma forma que a humanidade vivesse em plena comunicação com a natureza”, explicou.
Surgimento do enredo – Inspiração na COP30
Eduardo Caetano contou que a ideia do tema surgiu da diretoria através da COP30, que será realizada no Brasil. Esse foi o início da ideia para chegar a um consenso com o objetivo de discutir a narrativa. O artista também cita os projetos sociais que a agremiação fornece à sua comunidade. “Ele surge na concepção do que está acontecendo no mundo hoje. Essa situação climática, desmatamento, animais em extinção, aquecimento global. E aí, por que não aproveitar esse gancho da COP30? É a união de todos os países da ONU em busca de uma solução para frear o que está acontecendo com o mundo. Veio da diretoria. Chegamos a um consenso para isso, mas de uma forma mais visionária. Não é novidade para ninguém que a Vila Maria é a escola de São Paulo que tem o maior projeto social. Ela proporciona assistência social, cursos profissionalizantes e ajuda a comunidade com dentista, psicologia e outros fatores de saúde também. A Vila Maria já tem essa característica mesmo de preocupação com o próximo. Por isso chegamos a esse acordo”, contou.
Cores variadas na passarela
Em outros trabalhos na sua carreira, Eduardo Caetano tem um vasto currículo de concepção de alegorias e fantasias em diversas agremiações. É a especialidade do artista. Com isso, especificamente na Vila Maria, ele contou que o público irá presenciar as cores bastante variadas no desfile da agremiação. “Cada profissional tem uma característica. Eu costumo dizer que dificilmente erro em cores. Eu gosto muito de paletas de cores. Eu sou formado em artes e tenho esse fio condutor muito colorido na minha vida. Para mim a cor representa muito em questão de comunicação visual. A paleta de cores está bem variada. A escola, como vem no início com o carro da destruição, automaticamente vai vir nas cores pesadas, que dão essa leitura realmente de destruição. Ou seja, muito laranja, preto, roxo. Mas depois quando chega nas antigas civilizações, você vai ter o excesso de verde, da natureza fluindo, você tem esse resgate das civilizações por essas cores e depois a renovação dos seres distintos e da vida como ela deveria ser. Está muito variado mesmo”, disse.
Trunfo no desfile
Sobre o que será o maior sucesso da ‘mais famosa’ no desfile, o artista citou samba-enredo, mas deu uma ênfase maior à comissão de frente que está sendo executada pela coreógrafa Taiana Freitas, estreante comandando a ala. “Eu sou suspeito de falar, porque eu sou apaixonado pelo enredo. É lógico que eu vou falar da minha concepção plástica, apesar de ser um pouco diferente. Eu estou trazendo uma concepção plástica sem exageros, mas o necessário para as pessoas entenderem qual é a mensagem. Lógico, com beleza, mas com uma leitura plástica fácil. O samba eu acho que é um dos pontos fortes da escola. A Vila Maria está com o samba muito para cima, um samba que é muito didático e leal ao enredo. A comunidade realmente abraçou. Mas eu acho que o público tem que prestar atenção na comissão de frente. Nós temos a nossa coreógrafa, a Taiana Freitas, que está dando um show. A comissão é um duelo até um pouco clichê, mas será feito de maneira diferente. Eu costumo dizer que as histórias têm sempre o mesmo final, mas às vezes o final pode ser diferente”, concluiu.
Setor a setor do desfile
Setor 1
“Tem uma coisa muito interessante que os três setores são divididos pelo relógio. O primeiro relógio é o da destruição. O nome já diz que nós estamos começando em 2200. Não vai ter água, não vai ter alimento, situação climática adversa ao extremo. Nós vamos retratar isso na avenida, essa situação. Lógico, de uma forma alegre, lúdica, divertida, mas não deixando de colocar na avenida essa agressividade que o momento pede”.
Setor 2
O segundo setor, nós vamos falando do relógio da preservação. O relógio onde fomos buscar nas antigas civilizações a forma que nós podemos ter para preservar a humanidade e todo ser vivo que vive sobre ela, sobre a terra. Dentro disso nós falamos das antigas civilizações: incas, astecas e maias”.
Setor 3
O terceiro setor é a renovação, que é a forma de vida que vai ressurgindo. A água suja se transforma em água limpa. Nós temos vidas aquáticas, nós temos o vegetal, nós temos vidas acima dele, que são pássaros, mamíferos, etc… E aí fica o nosso recado no desfile: O que nós podemos fazer para evitar que tudo isso aconteça novamente? Nós temos que fazer a reciclagem, a conscientização e a preservação. Essa é a nossa mensagem”, finalizou.
Ficha técnica
Carnavalesco: Eduardo Caetano
Três alegorias
1200 componentes (15 alas)
Diretor de barracão: Pica-pau
Diretora de ateliê: Cláudia