Para 2025 a Mancha Verde irá desfilar no ritmo da Bahia. Mas não será a terra de São Salvador como sempre é feita no carnaval. O enredo, inspirado no documentário “Bahia da fé ao profano”, retrata a alma do povo baiano, todos os seus comportamentos, festanças e personalidade. É uma ideia do presidente Paulo Serdan, que após assistir o longa-metragem, montou a comissão de carnaval com o objetivo de executar o tema da ‘Mais Querida’. A escola, para este ano, não tem nenhum carnavalesco assinando o enredo, e sim uma comissão de carnaval com nove pessoas em suas respectivas funções. Sendo a quarta agremiação a desfilar na sexta-feira de carnaval, a Mancha Verde irá levar para a avenida o enredo “Bahia da fé ao profano”. O diretor de carnaval Paolo Bianchi recebeu o CARNAVALESCO no barracão e explicou todo o projeto.
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Surgimento do enredo
O profissional contou como o tema nasceu. “A Mancha definiu de fazer o enredo por uma ideia do presidente. Alguns anos atrás, a gente tomou a decisão de sempre que possível, temas 100% cultural. A gente só acaba fazendo o enredo com patrocínio, se é uma situação interessante, mas a preferência do presidente é sempre dessa forma. Ele fica consumindo bastante produtos, programas na TV Futura e outras televisões. Sempre que vê um negócio legal, nos manda. Dessa forma, um pouquinho antes do carnaval do ano passado, ele viu essa minissérie em uma madrugada, que a gente tem de insônias pré-carnaval e nos disse. No primeiro momento algumas pessoas falaram: ‘Bahia de novo?’ Mas quando a gente assistiu, viu que era diferente. Não é sobre o local, e sim sobre o povo baiano, como eles trabalham, fazem para viver a vida dele de festa de fé, seja católica, umbanda ou candomblé. E ao mesmo tempo eles profanam, que é o título do nosso enredo. Profanar, nada mais é do que curtir a festa”, explicou.
Comissão de carnaval e Paulo Serdan na ajuda
Paolo explicou que toda a comissão, que tem nove pessoas no comando, deu suas opiniões para a confecção do enredo, e até o presidente Paulo Serdan ajudou para tudo sair do papel. “A comissão trabalhou se ajudando bastante. Eu e o Lucas Abelha nós desenvolvemos o enredo e ele fez boa parte dos desenhos do nosso carnaval. O próprio Paulinho Filho, que é da comissão, é diretor, e o próprio presidente também dá bastante opinião para a gente. Nós somos tranquilos e esse foi o segredo. Todo mundo aceita a visão do outro”, contou.
Esteticamente forte
A Mancha Verde tem investido em grandiosas alegorias nos últimos anos, e o diretor de carnaval comentou que para o próximo desfile não será diferente. O profissional quer ver a reação do público com o tamanho do elemento alegórico da comissão de frente. “A gente vem na mesma pegada dos últimos anos, com estruturas muito grandes e bem acabadas. Uma novidade é uma alegoria de comissão de frente que a gente não tem faz tempo, com uma situação bem diferente do que já fizeram aqui em São Paulo. O carro tem uma surpresa que é bem interessante do ponto de vista de funcionalidade dela e de tamanho. Espero que dê um impacto bem legal. As fantasias esse ano, todas estão muito legais. Um destaque para as baianas, que é o nosso grande xodó. O presidente deu liberdade, investiu para que a gente viesse com alegorias, propostas diferentes e acabamento numeroso. A gente adora o trabalho da Bibinha (decoração). Nós vamos bem confiantes”, declarou.
Abertura impactante
O líder aposta em uma abertura de impacto no desfile da Mancha, enaltecendo a comissão de frente, abre-alas e a ala das baianas. “Nós vamos com uma abertura da escola bem forte, uma comissão de frente inovadora, diferente. A gente tentou fazer um negócio bem pesquisado, cuidadoso. A comissão de frente fala do Senhor do Bonfim em uma situação bem legal, mas ela remete quando a fitinha deixou de ser a que usava no pescoço e virou um amuleto da sorte. Foi para o pulso do turista, do morador lá de Salvador. A gente ambientou a comissão nessa época para sair do lugar comum e ter uma alternativa diferente. A primeira ala faz uma coreografia muito legal, o casal dispensa comentários e a roupa está muito legal também. As baianas não são segredo, todo mundo já viu, ela está muito bonita, vai ter LED, vai estar iluminando o chão se a luz do Anhembi não estragar, foi feito. O abre-alas é grandioso e conversa com tudo. Vai ser uma abertura avassaladora”, afirmou.
Objetivo de vencer
Desde o ano de 2018 a Mancha Verde não sabe o que é sair do Desfile das Campeãs. São seis carnavais consecutivos figurando entre as cinco, com dois títulos e dois vices. A promessa é tentar brigar pela taça novamente. “A gente trabalha seriamente, pensando no título sempre. Nós trabalhamos de uma forma muito profissional. A gente é cobrado pelo presidente como profissionais. Nós agimos sempre de maneira estratégica, com planejamento e a gente sabe que o carnaval é uma mistura de investimento, planejamento, seriedade e engajamento do povo. Você pode fazer um carnaval maravilhoso, estar tudo pronto em dezembro, mas se o povo não vir junto, não tem título. A gente trabalha nessas três frentes, o presidente da Mancha é um cara extremamente consciente, todo carnaval nós acabamos com as contas em dia e isso é uma honra que a gente tem. Não abrimos mão disso. Ao mesmo tempo, ele ousa e investe para fazer o melhor. A nossa comunidade também dispensa comentários. Por isso a nossa briga é sempre para ganhar o carnaval”, finalizou.
Conheça o desfile
Setor 1: “No primeiro setor, o ‘se embelezar’ tem tudo a ver com Iemanjá, Oxum, Logun-Odé e com as joias de crioula, que é como que as escravas se enfeitavam por ordem dos seus senhores na época colonial. O nosso casal, Marcelo vem de Logun-Odé e a Adriana como ‘joias de crioula’ Depois a gente vem com as baianas propriamente vestidas de Oxum. Elas têm um peixe, que é o Dourado das águas doces. A primeira alegoria que vem atrás das baianas é uma continuidade disso. É um carro bem legal e tem uma situação bem criativa de fundo do mar, como telões bem grandes. São 12 telões gigantescos que a gente tem nesse carro, é diferente no contexto de uma caverna do fundo do mar, uma solução bem interessante”
Setor 2: “O setor 2 é comer e beber a festa. A gente fala de Exu com as bebidas vinho, cachaça e a cerveja. A gente fala de São Bartolomeu, que é um dos santos da minissérie. Ele é o padroeiro dos padeiros. A gente fala de Santa Bárbara. mais especificamente que as baianas fazem caruru em oferenda a Santa Bárbara. Trazemos para a festa de Bom Jesus dos Navegantes, que é uma das celebrações da minissérie também, onde os pescadores pedem a Bom Jesus para a pesca ser boa naquele ano, no dia primeiro de janeiro, e a gente fecha esse setor com um carro alegórico que é dos mercados e feiras. Todo os locais onde o povo baiano vai comprar tudo para fazer a festa da fé”
Setor 3: “A gente vem para o próximo setor, que é usar o corpo para fazer a festa de fé. Nós abrimos os iaôs O corpo é a casa dos orixás e brinca com a capoeira, que era considerada uma luta ou dança, porque foi trazida pelos escravos. Era uma forma de se defender. Depois a gente fala das danças que tem ligação com a fé, com o maculelê e dança de caboclo. Falamos de Malê Debalê, que é o maior baleado do mundo, em Salvador e fechamos esse setor com o corpo nas posições católicas”
Setor 4: “O último setor, que é o setor da musicalidade do carnaval, tem o terceiro casal, que são as igrejas com o canto gregoriano de Salvador na região do Pelourinho e da Cidade Alta. A gente vem com ogãs, que é usar a música e o atabaque para conectar os dois mundos: O da fé e que a gente vive, que é o espiritual. Depois vamos mostrar três blocos de carnaval ou de música. A gente fala do Olodum, Timbalada e de Dodô e Osmar e, como que a música influenciou para o carnaval. No último carro a gente mistura alguns ritmos que fizeram da música de Salvador. O reggae, axé, pagodão e o trap também. O carro é a Fubica, dirigido pelo Manchão, que é o nosso símbolo”
Ficha técnica
Quatro alegorias
2300 componentes
Um elemento alegórico (comissão de frente)
Diretor de carnaval: Igor Carneiro (comissão de carnaval)
Diretor de ateliê: Gall e Bibinha (comissão de carnaval)