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Série Barracões SP: A grande jogada da Rosas de Ouro para contar a história dos jogos

Azul e Rosa da Brasilândia aposta em um enredo carregado de referências e fácil leitura para conquistar o público que comparecer ao Sambódromo do Anhembi

A Rosas de Ouro convida o mundo do samba a conhecer a história dos jogos. Buscando o reflorescer para voltar aos tempos áureos, a Roseira fará uma jornada repleta de histórias desconhecidas, curiosidades e muita nostalgia através do enredo “Rosas de Ouro em uma Grande Jogada”, assinado pelo carnavalesco Fábio Ricardo.

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Desejo da escola e dos artistas

Apesar de, ao longo dos anos, diferentes escolas levarem para a Avenida enredos com temáticas relacionadas aos jogos, a história como um todo não recebe uma atenção há algumas décadas. Trazendo essa abordagem de forma inédita a São Paulo, Fábio Ricardo e seu irmão, o enredista Roberto Vilaronga conversaram com o CARNAVALESCO e explicaram que a definição partiu de um desejo mútuo da escola e de ambos, com a devida cautela para evitar comparações com as abordagens realizadas no passado.

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“Dentro da nossa canastra de enredos, eu e meu irmão tínhamos muitos enredos para trazer para o Rosas. Marcamos uma reunião com eles também para escutar o que eles tinham de propostas, e uma delas era justamente o jogo. Da mesma forma, essa seria uma das nossas propostas, então juntou o útil ao agradável e a escola aceitou. Na hora da pesquisa, juntamente com meu irmão, precisávamos ser muito cautelosos para cairmos no que a Viradouro já tinha feito em 2007, no que Renato Lage fez em 1993 e o que eu já tinha feito sobre as cartas em 2015, para não se esbarrar nesses momentos. Foi um enredo muito gostoso de fazer na parte de pesquisa histórica e na concepção da linha artística também. Criamos uma base saindo dos tabuleiros de jogos para não ficar aleatório”, declarou Fábio.

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“Partimos do pressuposto de que precisávamos fazer um carnaval que aliasse ao bom gosto, aos figurinos do Fábio juntando com a história da escola, que tem o histórico de ter essa pompa, com figurinos bonitos, muita beleza, e que a escola pediu muito isso para o Fábio, que ele mantivesse o padrão de beleza da escola. Nós queríamos fazer um enredo visualmente identificável, ele tem que ser didático para quem está ali, para quem conhece o roteiro, mas também quem está lá na Monumental, lá em cima, bater o olho e se identificar. Nós entendemos que isso faz a diferença nesse enredo, e ele proporciona isso pelo contexto histórico, pelo contexto funcional e visual dele. Queríamos fazer um enredo que fosse histórico e objetivo. O nosso desfile vai ser muito narrativo com o samba. Se você ouve o samba do Rosas de Ouro, você vai entender o nosso desfile claramente, ele passa muito fácil. Isso corrobora também para o momento da escola. Escolhemos um enredo que todo mundo queria, fizemos fantasias muito legais, as alegorias do samba convergem e isso cria um clima muito aprazível na escola”, afirmou Rodrigo.

Quais foram as curiosidades, o que mais chamou a atenção de vocês nesse processo?

Ao falar sobre as curiosidades para a construção do enredo, Fábio Ricardo exaltou a proposta de fazer com que a própria comunidade, através do “Grande Cassino Brasilândia”, seja o ponto de partida da narrativa proposta pela Rosas de Ouro.

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“Uma é o nosso primeiro setor, que é baseado na própria Brasilândia. Na nossa licença poética, criamos um cassino. Eu tive a felicidade de viajar e conhecer como é que funciona tudo dentro de um cassino, então existe carnavalizado esse ‘Cassino Brasilândia’ e a interação com o público vai ser essencial. Você é convidado a entrar dentro desse cassino onde ele vai se apresentar, e dentro desse cassino, a partir do segundo setor em diante, vai se falar de todas as histórias dos jogos. A própria escola, no seu próprio cassino, ela conta o enredo. Uma das curiosidades que eu gosto é saber que a própria escola, a Brasilândia, que é de onde vem a sua raiz, é ela que vai ser a mediadora do enredo. Há outros pontos interessantes que também vamos conhecendo dentro das pesquisas”, disse.

Roberto Vilaronga destacou como um elemento interessante a maneira como o nascimento dos jogos forma um paralelo com o desenvolvimento da própria sociedade ao longo da história, evoluindo e agregando cada elemento do desenvolvimento tecnológico e das relações humanas.

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“Uma coisa bacana que percebemos, e que isso faz parte até da nossa defesa de enredo, é que os jogos estiveram presentes na história da humanidade desde o início até hoje e vai estar no futuro. Os jogos permeiam a história, em todos os momentos os jogos estavam para se relacionar, para compartilhar com as pessoas, para criar estratégias, para criar guerra, para namorar, o jogo para se relacionar com o mundo espiritual. É a realização da fantasia das nossas baianas. O jogo faz parte da história e vamos contar isso de forma muito visual. Passamos pelos jogos que foram criados nas civilizações, os jogos que estiveram na nossa infância, na nossa adolescência e o futuro. Quando falamos do ‘mundo na palma da mão’, os jogos não são mais de tabuleiro. Eles até são, mas também estão no nosso celular. É o caso da nossa fantasia do ‘Banco Imobiliário’, que originalmente foi um dos primeiros jogos do início do século passado, mas que hoje jogamos ele no celular, nós quisemos trazer isso. Outra curiosidade que é bacana é que aqui somos de gerações um pouquinho diferentes. O Fábio tinha os jogos e eu tinha os jogos meus também, nós nos descobrimos nisso de entender que na época dele tinha certos jogos e na minha eram outros. Acho que o enredo proporcionou para nós, além de já conhecer o enredo, saber o que queríamos fazer há muitos anos, nós conseguimos multiplicar esse enredo. Ele era um enredo quando nós queríamos fazer, mas quando começamos a desenvolver para o Rosas, percebemos que tínhamos uma possibilidade muito melhor”, observou.

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Os artistas apontaram o desafio de conciliar o grande desenvolvimento dos jogos em especial no último século. O processo de construção do desfile também revelou, no contato cotidiano com as pessoas que acompanharam o desenvolvimento do trabalho, o despertar de sentimentos de identificação com os jogos abordados em alas e alegorias, em especial no último setor da escola.

“Ao longo do ano, algumas pessoas da escola vieram aqui para uma conversa ou uma direção. Deixei algumas coisas do último carro, que era a minha grande preocupação porque nem tudo poderíamos condensar dos anos 50, 60, 70, 80, 90, e a modernidade. Como é que íamos colocar todos esses jogos? Eu fiz a base de pesquisa também com o público para chegar perto dessa modernidade e dos jogos antigos, fiz a distribuição e deixei ali. Todas as pessoas que viram o carro, eu não precisei falar nada. As pessoas só olhavam e falavam: ‘Eu me vejo aqui’. A minha vontade é essa, chegar na Avenida, as pessoas se identificarem e saírem dali querendo ver de novo. Ser prazeroso para as pessoas estarem vendo o desfile. Para mim já é um campeonato ver as pessoas felizes, interagindo e a Rosas de Ouro voltar aos tempos áureos dela”, comentou Fábio.

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“Imagine só quem estiver na arquibancada quando começar a olhar esse carro, ele não vai querer parar de olhar. Ele vai ficar: ‘Caramba, olha aquilo ali!’. ‘Caraca, aquilo ali!’. A ideia era essa porque é uma forma de jogar, nós estamos jogando com o pessoal ali. Quando nós botamos uma fantasia de ‘Damas’, botamos uma fantasia do ‘Banco Imobiliário’”, completou Roberto.

A grande jogada da Rosas de Ouro na Avenida, por Roberto Vilaronga

O desfile da Rosas de Ouro partirá de um ponto lúdico, o espetáculo dos cassinos. O público será convidado a jogar com a Roseira, e os vencedores embarcarão em uma jornada pela história dos jogos. O desbravar da história começa com os registros dos primeiros jogos em diferentes sociedades pelo mundo, da África, Ásia e Europa. Em seguida, a escola mostrará como a Idade Média procurou oprimir todo tipo de entretenimento, fazendo também o que a narrativa chama de “Inquisição aos Jogos”. Uma vez superada a opressão, o Renascimento proporciona a volta do desenvolvimento dessa forma de lazer até chegar nos tempos atuais, onde os mais diferentes jogos conquistaram gerações pelo mundo inteiro. O enredista Roberto Vilaronga detalhou o que cada setor da apresentação abordará.

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Setor 1: O Grande Cassino Brasilândia
“Eu costumo dizer que nós vamos abrir um livro de história dos jogos. Até parafraseando o que fizemos, nos debruçamos em vários livros, não foi só busca de internet. Nos sentamos, pegamos livros e abrimos o livro para contar uma história, é isso que vamos fazer. Começamos o nosso desfile de forma muito lúdica. Nossa comissão de frente é uma jogada e não posso falar mais nada. Vamos ter um tripé em que vai acontecer uma grande jogada. A partir daí, nós convidamos o ganhador dessa grande jogada a entrar num grande cassino e conhecer a história dos jogos. Por que um grande cassino? É o Grande Cassino Brasilândia, para mostrar a nossa identidade, buscar ali o que temos como nosso e nada melhor do que a nossa identidade, o nosso cassino para conhecer a história dos jogos. Nesse primeiro setor nós entregamos a ficha para o ganhador dessa jogada e ele começa a conhecer a história dos jogos”.

Setor 2: O nascimento dos primeiros jogos
“Aí nós entramos no nosso segundo setor, onde vamos mostrar nessa história por onde os jogos começaram nas civilizações. Nós passamos na China, passamos na Grécia, na África, os Sumérios, por todas as grandes civilizações e os jogos de mais relevância que poderiam dar também um visual interessante para nós, cada um com a sua concepção. Chegamos no segundo carro (que remete aos Jogos Olímpicos da Antiguidade) onde você pode perceber como os deuses inspiraram os mortais a jogar, a se desafiar, a se entregar não só nos jogos de corpo onde usava o físico, mas também as estratégias e como aquilo encantou a nós mortais e trazemos isso até hoje e até no futuro. Nós sabemos sabe que vão ter os Jogos Olímpicos e vão ter jogos de força física daqui a 30, 40 anos e quando estivermos mais aqui”.

Setor 3: Os jogos de estratégia da Era Medieval e Renascença
“Assim passamos para um outro momento da fase dos jogos onde começamos a entender os jogos de estratégia, quando eram utilizados para as relações como o jogo de damas. Elas criaram jogos para se relacionar porque antes a mulher era vista apenas para a reprodução e para cuidar do lar, para cuidar do marido. Tem ali o jogo de damas e vamos ter o jogo de xadrez, que historicamente todo mundo conhece como um jogo de estratégia, um jogo de poder, um jogo de troca. Passa em um momento muito simbólico, e é um contraponto do enredo muito interessante onde relembramos que quando a Igreja se viu sem o poder dos jogos na mão ela falou: ‘peraí, tem coisa acontecendo fora do meu âmbito, então não pode jogar’. Uma inquisição aos jogos aconteceu e temos uma fantasia representando esse momento. Temos as batalhas navais, que é uma das fantasias mais bonitas para mim do carnaval, representando os jogos de estratégia. Batalha naval era uma estratégia de guerra e sabemos disso, que se tornou um jogo e perdura até hoje, que também tem no celular, tem no videogame. Chegamos no terceiro carro, que para mim também é um dos carros que vai mais chamar a atenção pelo visual e pela base monocromática que ele tem”.

“Depois que passa da Era Medieval entra a Renascença, e com nela tudo começa a renascer, renascem também os jogos. Os jogos já estão já no domínio dos reis e o Gamão, dentro da nossa pesquisa, é o Rei dos Jogos e trouxemos isso para fazer essa concepção”, completou Fábio Ricardo.

Setor 4: Da Era Moderna aos jogos eletrônicos
“Avançamos no tempo e através dele começamos no início do século anterior. Os jogos, quando começamos no início do século, abrimos com o poker. Ele deixa de ser só um jogo e se torna um esporte nesse século, um jogo de estratégia e de inteligência. Chegamos a um dos primeiros jogos de tabuleiro, que é o ‘Detetive’, até a gente chegar no ‘WAR’, que é um jogo em que se busca estratégias também, era um jogo de tabuleiro, e começamos a chegar em uma era mais analógica dos jogos eletrônicos. O Atari, o ‘Pac-Man’ que foi um dos mais famosos jogos de sua época, que perdura até hoje e é a nossa ala de ação justificada, até sairmos do analógico e pularmos para o digital. O ‘Zelda’, que foi um dos primeiros jogos da Nintendo que saía do analógico e ia para o digital e pulamos para o ‘Banco Imobiliário’, que hoje não está mais só no tabuleiro, está também na palma da mão, e assim chegamos no nosso último carro. A base do carro traz a referência maior a um dos maiores jogos de videogame em números e estatística, que é ‘Super Mario Bros’. A base é a Terra dos Cogumelos com as tubulações, e nós reunimos todos os jogos da contemporaneidade nesse último carro, fazendo uma grande alusão ao reflorescer dessa Rosa. Aqui na frente teremos o principal jogo, que é o jogo Rosas de Ouro, que vai estar aqui na frente, que permeará todo esse carro, toda essa junção, que o próprio samba fala: ‘Vista a fantasia, bom é ser criança e conectar o mundo na palma da mão’. Temos aqui o Jogo da Velha, o Mario, o Pikachu. Esse último carro acho também que vai ser um dos grandes trunfos do carnaval, as pessoas vão se impressionar, vai chamar a atenção. Assim encerramos a nossa narrativa, contando a história dos jogos, trazendo alusão à nossa base, que é a Brasilândia, e fechando com o último grande jogo, que é a Rosa do nosso coração”.

Qual que é o trunfo do Rosa de Ouro para o carnaval desse ano?

Para Fábio Ricardo, o principal trunfo da Rosas de Ouro para o carnaval de 2025 é o comprometimento da comunidade com o projeto da escola.

“A própria escola, ela está com esse trunfo na mão. O trunfo que tem na carta, que o jogador fica na estratégia, seja ele o Xeque-Mate, seja ele o ponto certo da ‘Batalha Naval’, seja a última cartada, quem vai fazer vai ser a escola na Avenida. Aqui nós só estamos preparando a parte artística, preparando todo esse tabuleiro que vamos apresentar na Avenida para a escola dar a cartada certeira. A própria energia e a essência da escola, que está aumentando cada vez mais. O termômetro está aumentando, é o que nos faz termos certeza. É continuar fazendo o que um bom jogador faz, seja ele para o esporte, seja ele para a estratégia ou no videogame, é treinar. Ensaiar é fundamental, cantar é fundamental, estar assíduo e presente nos seus compromissos e fazer aquilo com amor. Você pode ter certeza de que o ponto vale muito mais”, afirmou.

Roberto Vilaronga acredita que a capacidade da abordagem do enredo no desfile será um grande diferencial para atrair o público, ao apostar em diversos elementos facilmente identificáveis pelas pessoas.

“Acho que além disso, a comunicação com o público vai ser a grande pegada. Olhando o carnaval como folião, eu acho que eu sempre anseio em assistir um desfile que me prenda. Pensamos esse desfile nesse intuito, que as pessoas fixem a atenção do começo ao fim. Em cada pedaço do desfile tem alguma coisa, cada setor tem algo que vai nos fazer as pessoas se conectarem conosco. Nós vamos jogar com as pessoas, jogaremos com o telespectador, com o folião ali, com o torcedor do Rosas. Além da escola, que está com essa gana que é perceptível, acho que vai ser a comunicação com o público. Esperamos que esse desfile proporcione isso de forma muito latente e seguindo a pasta, é claro”, apontou.

Recado do carnavalesco Fábio Ricardo para a comunidade do Rosas de Ouro

“Que elas continuem fazendo o dever de casa certinho. Continuar treinando as suas estratégias para entrarmos fortes na Avenida, com mais garra e mais força. Cantar bastante, saber o que você está vestindo, saber incorporar realmente o personagem do jogo, isso é muito importante. Em busca da vitória, vamos lá!”.

Ficha Técnica
Enredo: “Rosas de Ouro em uma Grande Jogada”
Alegorias: 4 carros
Alas: 16
Componentes: 1800
Diretor de barracão: Alexandre Vicente
Diretor de ateliê: Evandro Rosas
Projetista: Yago Duarte
Estagiário de criação: Rafael Gonçalves

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