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Série Barracões: Salgueiro vem com fortes emoções para contar sobre as formas de fechamento do corpo ao longo dos séculos

De corpo fechado, em busca da vitória. Assim vem o Acadêmicos do Salgueiro para o Carnaval 2025, com o enredo “Salgueiro de corpo fechado”, do carnavalesco Jorge Silveira, que retorna para assinar um desfile no carnaval carioca após conquistar um bicampeonato no carnaval de São Paulo pela Mocidade Alegre. O artista já atuou no Rio, assinando enredos na São Clemente e na Viradouro.

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Sobre a concepção do enredo, o carnavalesco detalhou o processo de criação, que aborda a história do fechamento de corpo desde o Império Mali, na África, até os dias atuais no Brasil:

“Construímos algumas propostas para o Salgueiro, e a direção identificou-se desde o início com a ideia de um enredo que dialogasse com a identidade salgueirense. Minha busca pessoal é criar narrativas que conversem com a essência da agremiação. Trabalhando com Leonardo, Ricardo e Allan — núcleo de pesquisa que me acompanha —, exploramos temas alinhados a essa identidade. Fizemos um estudo aprofundado da trajetória recente da escola, seus temas preferenciais e, em parceria com Igor Ricardo, enredista da escola, chegamos a um amálgama de ideias. O enredo parte do princípio de que o Salgueiro pede proteção para disputar o carnaval. Ele entra na avenida entendendo que ela é uma encruzilhada para o sambista, repleta de desafios. Ao longo do desfile, mostraremos onde busca referências para superar obstáculos, fechar o corpo e vencer”.

Identidade e espiritualidade são pilares do enredo, como destacou Jorge: “O salgueirense vê sua quadra como um terreiro espiritual. As entidades e assentamentos de orixás do Salgueiro estão simbolicamente representados no chão da quadra. Queríamos que a escola se reconhecesse na narrativa, usando símbolos que traduzem esse sentimento. Do início ao fim, o desfile será uma celebração da essência salgueirense”.

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Sobre o retorno ao Rio após o bicampeonato em São Paulo, Jorge expressou gratidão e responsabilidade: “É uma conquista pessoal. Após portas se fecharem no Rio, fui para São Paulo, onde tive uma experiência valiosa. O sucesso lá fez o Salgueiro me olhar novamente. É uma honra liderar a criação artística de uma escola tão relevante, com tamanha história e torcida. Dedico cada segundo para honrar essa oportunidade”.

Diferenças entre Rio e São Paulo foram abordadas com sensibilidade: “No Rio, a estrutura da Cidade do Samba e os profissionais locais exigem uma abordagem específica. Em São Paulo, há forte influência dos artistas de Parintins. A chave é adaptar-se às particularidades de cada cidade. Aqui, estamos reformulando o método de trabalho do Salgueiro, com planejamento de longo prazo. Já temos o projeto 2025 estruturado e usaremos a infraestrutura da Cidade do Samba para executá-lo com precisão”.

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Cangaço e fechamento de corpo surpreenderão no desfile: “Muitos se perguntam o que o cangaço tem a ver com o tema. A cultura dos cangaceiros incorpora rituais de proteção, e exploraremos isso de forma inovadora, fugindo do óbvio para enriquecer a narrativa”.

Fantasias e alegorias foram pensadas para equilibrar luxo e funcionalidade: “Estudamos desfiles passados e notamos que o Salgueiro se destaca com figurinos leves. Optamos por materiais sofisticados, mas priorizando a mobilidade. As alegorias são minha paixão: desenho cada detalhe para que sejam impressionantes na avenida e técnicas na montagem. Cada carro terá volumetria e interação únicas, usando tecnologia e movimento para dialogar com o público de 2025”.

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Emoção como trunfo: “Mais que efeitos visuais, vamos tocar o coração do salgueirense. O enredo é um ritual de proteção e superação, e fecharemos com chave de ouro: ‘botando fogo no gongá’ para buscar o título”.

Conheça o desfile do Salgueiro

A Acadêmicos do Salgueiro vai levar à Marquês de Sapucaí seis carros alegóricos, 3 tripés e 3.300 componentes. O Torrão amado vai desfilar com a seguinte setorização, explicada por Jorge Silveira.

Setor 1: “A gente vai trazer o próprio Salgueiro buscando suas referências espirituais para poder fechar o corpo. Então a gente traz referências à ancestralidade do Salgueiro, às entidades que governam e comandam a espiritualidade do Salgueiro. A gente está praticamente arriando uma oferenda na avenida para pedir proteção para o desfile que vai vir adiante”.

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Setor 2: “Vamos falar sobre a origem. A gente demarca historicamente a origem da cultura do fechamento de corpo no norte da África, no Império Mali, nos negros que habitavam o norte da África, que iniciaram o processo do desenvolvimento da cultura do fechamento de corpo. Então a gente vai fazer uma referência ao surgimento dessa cultura no Império Mali e nesse setor mesmo a gente faz a transição quando eles chegam ao Brasil por meio dos escravizados e desembarcam em Salvador. E a gente mostra a influência da cultura Mali em Salvador, trazendo seus patuás, seus objetos de proteção e se mesclando com a cultura brasileira”.

Setor 3: “Depois a gente vai, capítulo a capítulo, andando pelo território e observando como a cultura vai se miscigenando com a realidade nacional. Então, depois da Bahia, a gente vai em direção ao cangaço, a gente vai explorar toda a realidade dos cangaceiros e seus ritos de fechamento de corpo, objetos e tradições”.

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Setor 4: “Depois a gente caminha em direção às culturas dos povos originários. Os nossos nativos daqui também tinham as suas culturas de fechamento, os seus rituais, pajelança, objetos sagrados, tudo isso relacionado à ideia de proteger o corpo contra o mal”.

Setor 5: “E aí finalmente, ao final do enredo, tem dois capítulos em que a gente se aproxima mais do que as pessoas imaginam que seja a ideia do fechamento de corpo. O penúltimo capítulo é o candomblé, com banho de ervas, passes magnéticos e palavras encantadas”.

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Setor 6: “E o último capítulo é a umbanda e a figura do Seu Zé. Então a gente faz o nosso enredo partir do Rio de Janeiro, partir do próprio Salgueiro, caminhar pelo Brasil, mostrando onde a gente busca as referências e retorna para o Rio de Janeiro já com o corpo fechado, e se Deus quiser, campeão na quarta-feira”.

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