No carnaval de 2018, com desfile arrebatador, o Paraíso do Tuiuti conquistou o melhor resultado de sua história, um vice-campeonato, a um décimo da campeã, Beija-Flor de Nilópolis. Para o carnaval de 2022, a escola de São Cristóvão apostou no renomado carnavalesco Paulo Barros, que irá desenvolver com “Ka ríba tí ÿe – Que nossos caminhos se abram” o primeiro enredo afro da carreira. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, o diretor de carnaval da escola, André Gonçalves, falou sobre a escolha do enredo da escola.
“A ideia do enredo partiu do presidente, Renato Thor, junto ao carnavalesco, Paulo Barros, que nunca tinha feito um enredo afro e o Tuiuti já tinha, em 2018, feito o enredo da escravidão, com o qual passou super bem, e acabamos, por um décimo, perdendo aquele carnaval, mas fomos sim a campeã do povo, isso ficou muito marcado, até hoje. Na cabeça do presidente, ele sempre falava disso, que queria voltar, na oportunidade que tivesse, ele ia correr atrás de voltar a fazer um afro e aconteceu. A gente teve a oportunidade de sentar com o Paulo Barros e lançar a ideia, que ele, na mesma hora, aceitou e partiu daí”.
Carnaval com a cara de Paulo Barros
Ame ou odeie, é impossível ser indiferente ao estilo de carnaval do carnavalesco Paulo Barros, um dos grandes nomes da história da avenida Marquês de Sapucaí. Para o carnaval de 2022, muito se espera de como Paulo casará seu estilo com a temática africana do enredo do Tuiuti. O diretor de carnaval da escola, André Gonçalves, promete um desfile com a cara do carnavalesco.
“Vai ser um desfile, sim, com as características do Paulo Barros. Do primeiro ao último setor, teremos várias representações, em todos os carros e em todas as alas. Teremos surpresas da ala 2 até a ala 18, todos os nossos carros são com componentes. Na avenida, estaremos levando um abre-alas que terá 266 homens negros, representando os caminhos Orumilá, atravessando de um lado para o outro. Nossa comissão de frente vem representando a criação do homem, nosso segundo carro, que é a jangada, com 50 pessoas fazendo uma jangada, como se estivessem atravessando o mar. Nosso terceiro carro é o Pantera Negra, que será uma grande surpresa na avenida, uma coisa muito esperada. Nós teremos o nosso quarto carro, que são os três cientistas negros que foram a
lua e tiveram uma grande história. E, por fim, o nosso último carro é a representação dos orixás”.
Diferença de Paulo Barros
Desde 2016 na Tuiuti, ano em que a escola subiu para o Grupo Especial, André Gonçalves já trabalhou com alguns carnavalescos, como João Vitor Araújo e Jack Vasconcelos, que fez história na agremiação. Agora, o diretor considera como uma oportunidade trabalhar com Paulo Barros, com quem afirma ter se surpreendido.
“Eu já tive a oportunidade de trabalhar com Jack, com o João Vitor, que são super maravilhosos, mas com o Paulo é uma coisa diferente, muito conhecimento. Até porque, eu não tive a oportunidade de trabalhar com ele como eu estou hoje, a frente da direção de carnaval sozinho. Antes, eu fazia parte de uma comissão, com quatro. Eu tinha essa frente com todos os carnavalescos, lógico, mas não diretamente. Hoje, eu estou conhecendo uma pessoa que todo mundo sempre falou muito dele, sobre o modo dele, o jeito dele, mas ele me surpreendeu”, afirmou.
Além disso, ao falar sobre o trabalho do carnavalesco, André também destacou seu ritmo do trabalho. Muito acelerado, Paulo Barros, segundo o diretor, gosta de acompanhar cada passo do projeto e “colocar a mão na massa”. “O trabalho com ele é acelerado, meu telefone acabou de tocar, era ele me chamando. Ele é um cara altamente dinâmico, com uma dinâmica muito grande, bota a mão em tudo, gosta de ver tudo, acompanhar todas as fantasias, carros, ele sobe em carro, vai embaixo de carro para tirar medida. Então, é um cara incrível de se trabalhar.”, comentou.
Preocupação com a estrutura
Quem acompanha os desfiles da escola de samba sabe o quanto é difícil ocorrer problemas de estrutura nas alegorias desenvolvidas por Paulo Barros. Ao CARNAVALESCO, o diretor de carnaval da Tuiuti falou sobre a preocupação especial do artista com os mínimos detalhes da parte estrutural de seus carros alegóricos. “Ele passa todos os dias da semana querendo saber, acompanha a manutenção, se foi feita ou não, se o pneu esvaziou um pouquinho, ele quer saber, olha absolutamente tudo”, revelou.
A mensagem do enredo
“Nosso enredo é uma homenagem a todos os negros que fizeram história. A mensagem que nós vamos passar e apresentar a todos é uma coisa extraordinária, principalmente os que estão sendo homenageados ali, naquela posição”, disse André Gonçalves.
A força do ‘povo preto do Tuiuti’
Um dos trunfos da escola de São Cristóvão, além da aposta no trabalho de seu carnavalesco, é a força de sua comunidade, o “povo preto do Tuiuti”, como diz a letra do samba, que é muito identificado com a temática afro. Citando o desempenho da comunidade no ensaio técnico da escola, o diretor André agradece ao povo do Tuiuti e reafirma buscar a nota perdida em 2018.
“Nós estamos vindo na expectativa de recuperar aquele décimo perdido. O trabalho tem sido feito, nós estamos apresentando, com a graça de Deus, um trabalho belíssimo, ensaios maravilhosos, quero agradecer a todos da comunidade, todos os componentes que participaram do nosso ensaio técnico e todo mundo acompanhou, viu que foi embaixo de chuva, mas foi uma coisa muito calorosa, todo mundo gostou muito e continuamos em São Cristóvão fazendo os ensaios, às segundas-feiras e nós estamos atrás do nosso objetivo”.
Fique de olho
Tão aguardadas ano após ano, as surpresas de Paulo Barros também estarão presentes no desfile de 2022 da Paraíso do Tuiuti. Quando questionado sobre o que prestar atenção no desfile da escola, o diretor André Gonçalves destacou a comissão de frente, os carros alegóricos e, sobretudo, as alas da escola, nas quais acontecerão algumas surpresas.
“A nossa comissão de frente, porque as comissões do Paulo Barros são sempre muito aguardadas e tem algumas surpresas muito grandes na nossa comissão de frente. Todos os carros, como a gente sabe e comenta, que o Paulo Barros leva carros com componentes, ele gosta de carros com muitos componentes em cima e isso vai se manter, ele não mudou e, como eu falei, da nossa segunda ala até a última ala, o pessoal precisa prestar bastante atenção porque, dali vão sair muitas homenagens, muitas coisas criadas na avenida para homenagear os negros, os que fizeram história”, disse.
Entenda o desfile
Comissão de frente: Criação do homem
Primeiro setor: Caminhos de Orumilá
Segundo setor: “Dragão do mar, Xangô
Terceiro setor: Pantera Negra
Quarto setor: Negros que fizeram história
Quinto setor: Representação dos orixás
Ficha Técnica:
Diretores de barracão: Renan Marins e Júlio Cesar
Escultor: Max
Fibra: Nino
Movimentação: Marlon, de parintins
Bancadas: Fernanda, Flávia, Jeferson, Felipete, Dudu, Alex, Evelin e Flávio
Responsável quarto andar: Jose
Ateliê: Luiz Henrique
Primeiro andar: Junior Barata
Alegorias: Fernando, Luis Felipe, Bona e Luizinho