Série Barracões: Emoção é o grande trunfo do desfile do Paraíso do Tuiuti

Por Victor Amancio

Recém chegado ao Paraíso do Tuiuti e na sua segunda passagem pelo Grupo Especial, o jovem talentoso João Vitor Araújo trabalha para consagrar o seu trabalho entre as grandes. Em visita do site CARNAVALESCO ao barracão da agremiação, João revelou que o enredo para 2020 já existia e que ele acrescentou São Sebastião na história depois de descobrir que o Santo, além de ser padroeiro do Rio, também era do Tuiuti.

“O enredo já existia, eu tinha ele guardado mas não tinha feito a ligação entre o Rei Dom Sebastião com o Santo São Sebastião. O enredo seria Dom Sebastião e a ideia de unir as duas figuras se deu no momento em que entrei no barracão do Paraíso do Tuiuti pela primeira vez e dei de cara com a imagem de São Sebastião que ficava na entrada. Era uma imagem de tamanho natural e eu procurei saber na escola e descobri que São Sebastião é o padroeiro do Paraíso do Tuiuti”, conta.

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João disse que algumas pessoas pensam que a ligação feita no enredo entre Santo e o Rei se da de forma arbitrária, mas ele enfatiza que durante sua pesquisa ele encontrou diversas ligações entre os dois.

“O que eu encontrei de mais importante na pesquisa do enredo, primeiramente, é a ligação entre Santo e Rei. A principio algumas pessoas achavam que era uma forçação de barra para colocar o Santo no enredo da escola, que um não tem nada a ver com o outro porém as histórias se cruzam o tempo todo. Eles tem tudo a ver. A partir do momento que o Rei de Portugal recebeu o nome de Sebastião era por causa do Santo pois a família era católica e devota de São Sebastião. Durante a infância Dom Sebastião se torna devoto do Santo de que ele leva o nome e ainda quando criança recebe do Papa Gregório XIII a flecha, segundo a história conta, do martírio de São Sebastião ainda com resquícios de sangue e mesmo com a diferença temporal, já que o santo foi flechado lá em 286 D.C. Eles dois tem uma ligação muito forte, em espírito e tudo mais”, disse o carnavalesco.

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Para levar a escola ao título inédito, além do bom gosto nas alegorias e fantasias, o carnavalesco acredita que terá como grande trunfo a emoção. Ele acredita que a comunidade cantando o seu padroeiro, com força e emoção, será um momento emocionante no domingo de carnaval.

“O trunfo do desfile certamente será a emoção e a fé. Falar do padroeiro da escola é muito importante para a comunidade, para a velha guarda, a ala das baianas. Mexe com o coração do torcedor e do componente do Paraíso do Tuiuti, então eu acho que tem tudo a ver com o ano, com essa questão do resgate, do sentimento, tudo isso que envolve comunidade e coração”.

‘Quando se começa o carnaval mais cedo se gasta menos’, explica João

Em um ano que o repasse da prefeitura não chega muitas escolas passam pormdificuldades financeiras e precisam buscar soluções para os barracões não ficarem parados e o trabalho ser realizado com êxito. Para João, a solução é começar o carnaval mais cedo e não parar de trabalhar.

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“Para lutar com essa crise e não perder a qualidade do desfile, para mim, a solução é não parar. Eu digo sempre que quando se começa o carnaval mais cedo se gasta menos e começar o carnaval cedo não significa terminar cedo mas o prejuízo é muito menor ou quase nenhum. Pagamos mais barato e tudo flui de maneira mais organizada. Trabalhar muito, no nosso caso pesquisamos bastante, tiramos proveito dessa possibilidade de começar o carnaval mais cedo mesmo que sem dinheiro”.

Nunca crescente de enredos críticos e políticos João diz que o ato de colocar carnaval na rua, para ele, já é um ato político e de resistência.

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“Eu acredito que o carnaval é um ato político sempre, para mim não é preciso desenvolver um enredo político para dizer que é crítico. O simples fato de você colocar um carnaval na rua, principalmente na atual conjuntura, com o desgoverno que vivemos é um ato político. Então quando eu falo de Rio de Janeiro no último setor onde peço para o padroeiro São Sebastião que tire as flechas do peito da nossa gente é um momento de crítica, é um momento de reflexão e de denúncia. Vou levar tudo isso para o desfile de forma explícita mas sem atacar ninguém, estaremos pedimos paz, dias melhores para o povo e isso é uma forma de protesto.”, conclui o carnavalesco.

‘Não quero perder aquilo que me consagrou’

No seu caminho, até a chegar no ponto mais alto de um artista do carnaval, João Vitor trouxe na sua bagagem a pintura. Tendo essa relação desde a infância, o artista mesmo estando na posição de carnavalesco não abre mão de exercer o trabalho que o revelou.

“A paixão e o trabalho com a pintura é uma relação que vem desde a infância. Quanto mais alto a gente vai chegando, quanto mais a gente vai alcançando patamares e lugares com mais destaque mais responsabilidades a gente tem e menos tempo temos para exercemos o que sabemos de verdade e temos afinidade. É comum carnavalescos buscarem outros assistentes e outras pessoas para que cuidem dessa parte mas eu não abro mão dessa parte do trabalho. Me desdobro em três mas gosto de construir meu próprio projeto. Tenho meus aliados, pessoas que trabalham junto comigo mas eu não quero perder aquilo que me consagrou como artista”, disse.

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Entenda o desfile

O Paraíso do Tuiuti contará “O Santo e o Rei” com cinco alegorias e três tripés para mostrar o encontro de Dom Sebastião, rei de Portugal, com São Sebastião, padroeiro do Rio e da escola.

Setor 1: “Começamos o desfile trazendo a infância de Dom Sebastião”.

Setor 2: “Teremos no segundo setor a Batalha de Alcácer-Quibir”.

Setor 3: “É quando começamos a contar a lenda do touro negro coroado, esse
setor apresenta Dom Sebastião nas Terras do Maranhão”.

Setor 4: “Buscando falar um pouco sobre a religiosidade e do folclore maranhense envolvendo o mito de Dom Sebastião o setor será os Ritos e Batuques Ameríndios”.

Setor 5: “Dom Sebastião Rei do Sertão. É o setor armorial, já que o movimento sebastianista foi inspirado nessas narrativas que envolviam Dom Sebastião pelo Brasil”.

Setor 6: “São Sebastião Padroeiro do Paraíso do Tuiuti e do Rio de Janeiro”.

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