Ainda sem um posicionamento oficial do poder público e da Liesa sobre definições a respeito do Carnaval 2021, a Comissão Especial de Carnaval da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro reuniu-se nesta sexta-feira de forma remota para debater um plano emergencial para a folia de momo em tempos de pandemia do Coronavírus. Convidada, a Liesa não enviou representante para o debate. A sessão foi comandada pelo presidente da comissão, vereador Tarcísio Motta (PSOL).
A grande polêmica do encontro foi a posição de Marcelo Siciliano (PP). Relator da comissão, ele minimizou a pandemia e defendeu a realização do carnaval na data tradicional, em fevereiro de 2021, causando espanto em integrantes da sociedade civil presentes.
“Estamos vendo bares e praias lotadas e isso não é acompanhado pelo número de óbitos e internações. A pandemia já acabou. Vai ser um prejuízo muito grande para todo mundo que depende do carnaval ele não ser realizado. É muito importante que a gente consiga fazer um carnaval bacana. Infelizmente não depende de mim. Sou apenas uma voz para gritar. Acho que o carnaval deve acontecer”, destacou.
Em uma de suas falas, Tarcísio Motta deixou claro que o posicionamento de Siciliano é de cunho pessoal e não representa uma reivindicação da comissão, que se reuniu para propor soluções e alternativas para a festa em meio às incertezas causadas pela pandemia.
“A posição da comissão não é no sentido de defender a realização do desfile com a pandemia. A intenção é ouvir as pessoas para pensar nos impactos para o carnaval. Não vejo proposta de nenhuma entidade carnavalesca de realizar o carnaval em fevereiro. É preciso uma tomada de decisão. E a partir daí lidar com impactos. Esse é o objetivo desta comissão. Querer carnaval eu quero muito. Me desespero em saber que não poderei brincar o carnaval. E não poderei porque a ciência está me dizendo isso. Não é porque as pessoas estão erradamente frequentando a praia que o carnaval tem que acontecer. É um erro. Agora é preciso tomar a decisão. A Riotur é o poder público, a Liesa é um ente privado. Não pode vir dela a determinação. Estamos ficando para trás”, alertou.
Diante da presença virtual do presidente da Vila Isabel, Fernando Fernandes e do diretor da Mangueira Moacyr Barreto, o diretor de operações da Riotur Marcelo Veríssimo recebeu cobranças de blocos e escolas, além de Tarcísio Motta, para a elaboração de políticas públicas e um plano emergencial para o Carnaval 2021. Marcelo confirmou que a entidade responsável pelo carnaval no município aguarda a decisão da Liesa para definir o que vai fazer, mas rechaçou que a Riotur esteja sendo inerte.
“A Riotur fica no aguardo com relação à data. A Liesa deve divulgar na próxima semana. Somos parceiros das entidades e tentamos agregar. A gente precisa receber essas demandas, alternativas. Sempre é tempo. Fomos procurados pelo projeto Ritmo Solidário, cedemos espaço para eles. Todos podem trazer sugestões e projetos. Não estamos dormindo”, finalizou.
Tarcísio Motta encerrou sua participação cobrando ações concretas imediatas do poder público no sentido de salvaguardar o sustento dos milhares de trabalhadores do carnaval que se encontram passando necessidade em casa.
“Existem dois níveis de emergência. O primeiro, as pessoas estão passando fome. Esta é para ontem. Precisamos colocar a Riotur no debate para uma resolução imediata. Outra é a realização do carnaval 2021. A Riotur pode criar editais de concursos virtuais, que são desburocratizados, para que qualquer agremiação carnavalesca possa concorrer, como forma de produzir algo para a cidade e recebam por isso. Não tem necessidade de esperar a Liesa. É preciso se mexer mais”, ponderou.
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