Por Nathália Marsal
Sangue. Muito sangue. O vermelho do segundo carro da Estação Primeira de Mangueira estava espalhado por animais, índios, placas… Tudo. A alegoria que recebeu o nome “O sangue retinto por trás do herói emoldurado” representou o genocídio de mais de 300 mil índios pelos Bandeirantes. A alegoria trazia cerca de 25 pessoas, com o intuito de contar a verdadeira história.
“Existe muita coisa escondida que precisamos mostrar a verdade”, afirmou a mangueirense Danielle Masta, que escolheu desfilar no carro.
Em geral, esse assassinato em massa é contado de forma que os Bandeirantes são considerados heróis. A Mangueira revela a história real por trás do monumento às Bandeiras localizado no Parque Ibirapuera, em São Paulo, e questiona os fatos das versões históricas oficiais. A obra mangueirense apresenta uma remontagem do monumento com os índios amordaçados, que não tiveram voz para contar sua história.
O carro também trouxe placas com inscrições de “mulheres”, “tamoio” entre outras vítimas. Além de tamanduás, tatus e lagartos que representam a fauna da região. Todos na cor vermelha, enfatizando a violência.
Miraci Mendes que também desfilou de destaque, acredita no poder do samba-enredo para atrair o público e provocar mudanças.
“Precisamos mudar esse futuro e buscar a justiça”, disse, confiante.