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Segundo carro da Grande Rio explora a fertilidade e a potência criadora dos igapós

A Grande Rio foi a terceira escola a se apresentar na última noite de desfiles do Grupo Especial carioca, na Marquês de Sapucaí, na madrugada de terça para quarta. Parte do enredo “Pororocas Parawaras – as Águas dos meus Encantos nas Contas dos Curimbós”, a segunda alegoria, denominada “Quem é de Barro, no Igapó, é Caruana”, representou as áreas alagadas da Floresta Amazônica. O carro reverenciou a pajelança paraense, na qual o manguezal é cultuado como símbolo de vida e fertilidade, ao mesmo tempo que explorou o barro enquanto matéria-prima da cerâmica local.

“Eu sou candomblecista, então para mim essa questão da origem do barro já começa do princípio, porque minha religião acredita que nós fomos também feitos do barro. Várias culturas têm essa questão da vida através do barro, de sermos moldados, de ganharmos o sopro da vida. Para mim, é uma honra. É maravilhoso vir num carro como esse”, compartilhou o cabeleireiro Rafael Henrique Mesquita, de 40 anos, dos quais 24 desfilou na Grande Rio.

Rafael 2

“É um simbolismo que faz sentido, a vida vindo do barro, da água, do igapó. É uma coisa boa resgatar isso aí para o resto do país”, disse o engenheiro Charlie Souza, de 50 anos. O Carnaval de 2025 foi o décimo-quinto de Charlie na Grande Rio.

Charlie 2

“Nos ensaios quando eu estava entrando e eu vi subirem as bandeiras do Pará, é uma emoção que eu não sei te descrever. É algo realmente que ultrapassa a nossa consciência. É algo fantástico. Esse segundo carro também fala da cerâmica marajoara. Eu fui nascida e criada no lugar chamado Icoaraci, que tem a Feira do Paracuri, um dos maiores centros de cerâmica marajoara, artesanato marajoara do Pará. Para mim, tem um gostinho ainda mais especial”, dividiu a cirurgiã plástica Jaqueline Rodrigues, de 36 anos, em seu segundo desfile na Grande Rio.

Jaqueline 2

Em 2025, a Grande Rio contou a história de três princesas turcas que naufragaram em um rio paraense e viraram entidades cultuadas atualmente no tambor de mina, religião afro-indígena praticada no Norte. O enredo foi patrocinado pelo governo do estado do Pará no maior acordo financeiro da história do Carnaval carioca (15 milhões de reais). O governador Helder Barbalho esteve presente.

“O enredo é ótimo. É um enredo muito rico, com muita história para contar, muita riqueza, encantamento. É um enredo que dá muita liberdade para criar, imaginar. É o mais rico que tem entre as escolas aqui presentes”, afirmou Charlie.

“É um enredo que traz muito desse sincretismo religioso, essa miscigenação que a Amazônia tem. A Amazônia não é só a cultura indígena, ela é o caboclo, ela é a mistura do branco com negro, ela é a mistura do branco com o índio. O enredo traz muito disso. Essa lenda das três turcas que são encantadas por vodum e abraçadas nas águas do Pará é o sincretismo. Quem vem do Pará sabe que o Pará é cultura, Pará é riqueza, Pará é uma mistura, é uma coisa linda. O Pará dá tema de samba-enredo para o resto da vida”, enalteceu Jaqueline.

“É um enredo bem inteligente. A escola soube fazer a manipulação desse enredo, soube trazer a riqueza do enredo de uma forma bem simples e de uma forma forte. A gente está aí para ganhar, para competir realmente. A escola tá linda, tá bem explicativa”, pontuou Rafael.

Com um enredo didático e criativo, com alegorias e fantasias bem acabadas, os foliões projetaram um grande desfile, mirando na vitória.

“Todo ano é a mesma emoção: eu choro, não adianta. É minha escola de coração. É uma sensação diferente. A gente vem para dar o nome mesmo, para fazer acontecer. Por amor mesmo a escola”, declarou-se Rafael.

“A expectativa, em primeiro lugar, é que dê tudo certo; que Nossa Senhora de Nazaré abençoe Caxias, abençoe a Grande Rio; que o desfile seja maravilhoso, que ocorra tudo como tem que ocorrer; e que a Grande Rio possa trazer o campeonato para gente”, encerrou Jaqueline.

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