Impulsionada pelo samba e pela bateria, a comunidade do Morro da Formiga mostrou que está disposta a brigar pelo título da Série Ouro, após o ensaio técnico realizado na noite de sábado no Sambódromo. Os componentes cantaram do início ao fim com bastante vigor e presentearam o público com uma exibição marcada pela alegria, organização e emoção. Outro destaque ficou por conta da comissão de frente, do coreógrafo Lucas Maciel, com uma bela roupa, os integrantes se apresentaram com bastante sincronia, força e energia, do jeito que o enredo da escola propõe. * VEJA AQUI FOTOS DO ENSAIO
Antes do início do desfile, uma bonita homenagem tomou conta do esquenta da escola, ao lado do intérprete oficial da agremiação, Daniel Silva, o grupo musical Matriarcas do Samba cantou duas músicas do cantor e compositor Candeia. A escola passou com equilíbrio em um ensaio com pouco mais de uma hora de duração, contando a partir da arrancada do samba para 2022.
“A gente sofre um pouco com a questão da falta de quadra. Mas, somos uma escola forte, que mostrou que veio com garra, nós fizemos um ensaio bom, compacto e algumas coisas ou outras devem ser acertadas, pois ninguém é perfeito, mas a escola veio muito bem e deixou um pouco do gostinho do que nós vamos mostrar no dia 21. A escola mostra que tem o povo preto no sangue”, disse Luan Teles, da direção da verde e branco.
Harmonia
Desde o primeiro até o quarto setor, todas as alas cantaram o “samba de quilombo” a plenos pulmões. Destaque para a ala 1 – Bolha Imperiana – e também para a ala 13, que é coreografada e representava o “Samba de Caboclo”. A ala das baianas veio na abertura da escola com uma roupa predominantemente branca com detalhes em verde, as matriarcas evoluíram com graça e cantaram bem o samba, com destaque para os refrões. A ala dos passistas esbanjou samba no pé, vestidos com uma roupa dourada, eles evoluíram e cantaram com bastante firmeza durante todo o ensaio. O destaque negativo fica para poucos integrantes em algumas alas do final da escola que não estavam em sintonia com o restante dos componentes.
“Eu estou feliz, depois de dois anos poder passar no templo do samba, estar aqui nessa passarela mesmo não estando lotado a gente sente a energia dos nossos ancestrais. A comunidade está de parabéns, o samba é maravilhoso, a galera está com vontade de vir aqui, saudades demais, quero agradecer a toda direção da escola, aos integrantes do carro de som, durante esse tempo foi difícil ensaiar, mesmo assim trocamos várias ideias pra gente não perder o meio da coisa. Só gratidão e felicidade, estou parecendo que foi desfile oficial, estou em êxtase, estar aqui é a coisa mais maravilhosa do mundo. Com todo respeito as outras escolas, mas o Império da Tijuca está com vontade de vencer e vai fazer um desfile maravilhoso assim como foi visto hoje nesse ensaio”, garantiu o intérprete.
Mestre-sala e porta-bandeira
O bailado de Renan Oliveira e Laís Ramos, primeiro casal da escola, mostrou vigor e leveza ao mesmo tempo. Na coreografia em frente aos módulos de julgamento, o cortejo do mestre-sala com a sua porta-bandeira se fez presente durante todo o tempo. A dança, que mistura passos com influência africana, ajudou na concepção da apresentação. Olho no olho, ausência de falhas e rodopios certeiros coroaram a passagem do casal pela Sapucaí. Eles estavam vestidos de branco. Ele em um lindo terno branco, com sapatos em dourado, e ela com um belíssimo vestido branco com detalhes em dourado e um turbante na cabeça. Durante todo o bailado foi possível ver Renan riscar a avenida em uma sequência difícil, já Laís se manteve firme e graciosa durante toda a apresentação, demonstrando destreza em lindos giros. A dupla manteve o contato visual durante toda a dança.
“É minha primeira vez no ensaio técnico como primeira porta-bandeira. Estou feliz demais, apresentamos tudo o que precisava apresentar, vamos fazer nossos acertos, mas estou muito feliz. A gente procurou não desperdiçar nosso tempo com outra coreografia, e estamos usando a nossa coreografia até mesmo pra ver se funciona. Me emocionei pra caramba no início, justamente para poder segurar a onda durante o desfile”, disse a porta-bandeira.
“Hoje foi muito divertido de fazer, teve um gostinho especial pra gente tanto pela parte pessoal quanto pela parte profissional e técnica do nosso trabalho. É
muito gratificante e a gente está encantado. Sentimentos o vento, o axé, o calor da Sapucaí, e, principalmente, o chão. Estamos felizes com o resultado”, completou o mestre-sala.
Samba
A escola garantiu um samba que manteve o andamento durante todo o desfile. De longe, o verso “negritude é lei, é lei” é o mais entoado por toda agremiação. Apontado no pré carnaval como um dos grandes sambas do ano, a obra dos compositores Paulinho Bandolim, Guilherme Sá e Edgar Filho foi um dos grandes destaques do ensaio do Império, comandado com maestria pelo cantor Daniel Silva, que vai para o seu sexto ano no comando do carro de som da escola, o samba foi cantado a plenos pulmões por toda a comunidade, além dos refrões, que eram entoados com bastante energia e entusiasmo, o final do samba que diz “Valeu, Zumbi” foi gritado pelos componentes em todos os setores da Sapucaí.
Bateria
Sob o comando de Jordan Pereira, a “Sinfonia Imperial” apresentou um casamento perfeito com o carro de som. O mestre citou que o andamento não precisa de ajustes, afinal, foi exemplar do início ao fim. Ao todo, a bateria contará com 210 ritmistas no dia do desfile e promete executar quatro convenções ao longo de toda a sua apresentação. Eles irão representar uma figura extremamente importante para a história do samba, Candeia. A rainha Laynara Telles, filha do presidente Tê, brilhou na frente da bateria com uma roupa toda dourada, fazendo referência a orixá Oxum. Ela, que tem forte relação com a comunidade do Morro da Formiga, esbanjou beleza, carisma e muito samba no pé durante
todo o ensaio técnico.
“Poxa, eu sou meio suspeito para falar, mas deu para perceber que foi show de bola. Todos elogiando, cantando. As bossas funcionaram muito bem. Se Deus quiser nós vamos alcançar o que a escola tanto deseja: quarenta pontos e o acesso para o Grupo Especial. Estamos fazendo quatro bossas. Teremos 210 ritmistas e eles vão representar o Candeia. O andamento de hoje foi perfeito, não pretendo ajustar. Foi excelente para o pessoal tocar. Olha só que ritmo gostoso (bateria tocando ao fundo). É isso que a galera quer, dá para a passista sambar, o povo brincar e evoluir. Queremos gritar é campeão”, afirmou mestre Jordan Pereira.
Evolução
Técnica. No sentido literal, essa é a palavra para definir a apresentação da escola no ensaio. Não houve alas que se misturassem ou clarões abertos durante o tempo em que estiveram na Marquês de Sapucaí. Aescola levou para a avenida pequenos elementos para demarcar os setores e facilitar a distribuição das alas. Os componentes evoluíram com muita desenvoltura e alegria, era possível ver o sorriso no rosto de cada desfilante, a escola estava se divertindo e se refletiu no andamento do ensaio. Apesar de muito concentrada e organizada, a escola se manteve solta por todo o tempo. Como ponto negativo, fica o registro de um pequeno descuido durante o módulo de cabine dupla entre a última ala do 3º setor e o tripé que vinha logo atrás, por pouco não se abriu um buraco.
Outros destaques
O Império da Tijuca aproveitou o ensaio para apresentar o mascote, uma formiga, cujo nome será definido em votação popular. Na frente da bateria foi possível observar a desenvoltura do mascote e sua interação com os componentes da escola. Outro destaque notado foi a presença de vários adereços de mãos nas alas, quase todas contavam com bexigas e pompons nas cores da escola.
A escola será a sétima a pisar na Marquês de Sapucaí no dia 21 de abril, quinta-feira, com o enredo “Samba de Quilombo – A resistência pela raiz”, do carnavalesco Guilherme Estevão.
Participaram da cobertura: Lucas Santos, José Luiz Moreira, Walter Farias, Gabriel Gomes e Luan Costa