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Secretário da Cultura de Santos e folião, Rafael Leal comemora: ‘Nosso carnaval só tem a crescer’

Gestor de pasta no município detalhou visões e percepções sobre a festa na cidade e se declarou um participante bastante próximo da folia Brasil afora

Com o mais tradicional desfile de escolas de samba fora de uma capital no Brasil, o carnaval de Santos, mais uma vez, foi inesquecível em 2025. Com uma maneira bastante particular de abraçar a folia e as agremiações, o maior município da Baixada Santista também traz instituições de outras cidades para tornar as apresentações mais diversas, competitivas e maiores. Rafael Leal, secretario da Cultura da cidade, trouxe uma visão não apenas de quem é um folião inveterado; mas, também, de quem é peça-chave para a organização da festividade.

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Em entrevista ao CARNAVALESCO realizada na primeira noite de desfiles do carnaval da cidade de Santos, o gestor contou um pouco da rica história e de como é feita a organização da folia na cidade.

Visão e história

Ao ser perguntado sobre a resistência cultural que as escolas de samba de Santos representam, Rafael começou destacando as duas maiores campeãs do carnaval de Santos: “A cidade de Santos tem como característica, dentro das escolas de samba da região, uma ligação muito forte com o Rio de Janeiro. A gente tem as escolas de samba Brasil e X-9, por exemplo. A X-9, a Pioneira, está fazendo 81 anos esse ano. A Brasil, que é a Campeoníssima, já foi campeã em São Paulo, também. São escolas já antigas demais. Escolas tradicionais da nossa cidade, o que muito nos honra”, pontuou, aproveitando para citar o epíteto de cada uma delas.

Pouco depois, ele destacou a visão que o município possui em relação à folia: “A gente enxerga aqui na cidade de Santos o carnaval de forma. Quando a gente realiza o carnaval em Santos, a gente está ensinando para o Brasil inteiro a importância de ter essa manifestação cultural tão importante que é do nosso povo. Ela não sofreu influência de nenhum país do mundo: é a nossa cultura, é a nossa identidade. A gente realiza com muito orgulho e também fomentamos o carnaval na cidade de Santos. Quando a gente antecipou o carnaval e saímos do conflito e da confusão entre Rio de Janeiro e São Paulo, a gente proporcionou um intercâmbio cultural maravilhoso. Hoje, nós temos profissionais do Rio e de São Paulo trabalhando em Santos. A gente está vendo o nosso embaixador, o Neguinho da Beija-Flor aqui, dentre outros profissionais. E os nossos profissionais já estão trabalhando no Rio e em São Paulo, também. Esse intercâmbio está fazendo o nosso carnaval crescer”, afirmou, destacando a importância não apenas cultural, mas também em relação ao mercado profissional de cada um dos integrantes da festa.

Objetivo

Rafael também destacou qual é a meta da cidade em relação ao desfile das escolas de samba: “Eu não tenho pretensão de ser o segundo, o terceiro, o quarto carnaval do Brasil. Eu tenho pretensão de sempre fazermos o nosso melhor carnaval. Dessa forma, a gente vai trazer as pessoas para cá. O carnaval é metropolitano, também. Não é só o carnaval de Santos: têm escolas de São Vicente, de Cubatão, do Guarujá. O público que está prestigiando aqui é da Baixada Santista. mas vem de fora, também. Com o investimento, com o Neguinho e com esse intercâmbio cultural, nosso carnaval só tem a crescer”, comemorou.

Entidade fundamental

Cada cidade do país tem um modus operandi para agir com cada assunto relevante. Em Santos não é diferente. Se, assim como São Paulo e Rio de Janeiro (para ficar no exemplo das duas maiores cidades do Brasil e que também possuem os dois desfiles de escolas de samba mais conhecidos do pais), a cidade possui uma liga das escolas de samba, a Secretaria da Cultura da cidade (e não do Turismo, como nos municípios supracitados) é quem faz a ponte entre o poder público, a sociedade civil, investidores e escolas de samba – incluindo, aqui, a Liga Independente e Cultural das Escolas de Samba de Santos (Licess).

Quem explica a dinâmica é o próprio Rafael: “O papel da Secretaria de Cultura na realização do carnaval é de 100%. A gente que definiu a antecipação do desfile, a gente que montou essa estratégia de fazer esse carnaval crescer, a gente que chamou o Neguinho e trouxe ele para cá, para ser o nosso embaixador do carnaval. A gente investiu, a gente mudou a forma de pagamento – antes, as escolas recebiam um cachê, hoje a subvenção de todas é adiantada, com recursos antes do desfile. A gente aumentou o recurso das escolas, aumentou o investimento e a gente trouxe também a sociedade civil para dentro do carnaval, abrindo os camarotes”, comentou.

Uma curiosidade: tal qual Vitória (que também conta com cobertura do CARNAVALESCO), o carnaval de Santos também é realizado uma semana antes das datas oficiais no calendário. Tal prática acontece desde 2016, quando a cidade foi homenageada pela Acadêmicos do Grande Rio no Rio de Janeiro. Para que todos os foliões do município pudessem acompanhar e/ou participar do desfile, o poder público tomou a iniciativa – que trouxe uma série de benefícios não apenas para as escolas de samba, mas, também, para a população.

Rafael elenca alguns desses benefícios: “Além de anteciparmos as datas, também fizemos o lançamento do carnaval com grandes artistas. Já vieram Zeca Pagodinho, Péricles, Diogo Nogueira e uma série de artistas inaugurar a folia aqui. Ajudamos na aquisição de produtos, também… a gente montou a estratégia inteira. Eu diria que existe uma simbiose entre poder público e a Licess e as agremiações, mas com uma liderança e com um protagonismo da Secretaria de Cultura para pensar lá na frente e entender o carnaval de forma estratégica”, disse.

Pluralidade

Embora, é claro, o carnaval seja o mais importante para os leitores do CARNAVALESCO, é importante destacar que a cidade tem muito mais a oferecer: “Santos se caracteriza como uma cidade que gosta de fazer eventos de todas as vertentes. Nós temos o Santos Jazz Festival, que é um dos maiores eventos de jazz que o país tem. Santos tem o Festival de Teatro, evento desse gênero mais antigo do Brasil. Temos também o Santos Film Fest e o Curta Santos, que é um festival de cinema dos mais antigos do país, que acontece há mais de 20 anos. Temos uma orquestra sinfônica, temos quatro teatros municipais – aliás, poucas capitais têm quatro teatros municipais, nós temos aqui na cidade de Santos. A gente tem uma cena cultural muito ativa em Santos há tempos. Tivemos Charlie Brown Jr., vários atores, Plino Marcos, Gilberto Mendes. Tem uma série de artistas e de atores que são players da área cultural, que fazem parte desse circuito”, relembrou Rafael.

Falando especificamente sobre o as escolas de samba, o secretário fez questão de engrandecer a festa: “Eu diria, sim, que o carnaval é o maior evento cultural da cidade. Por ser nosso, por ser nossa essência, nossa raiz. Por não sofrer influência de país nenhum. Por não sofrer influência e não ser sufocado por nada. Por ser só nosso mesmo. Eu diria que carnaval é o que eu mais gosto de fazer. Nós temos o segundo maior réveillon em praias do país, que só perde de Copacabana em termos de pirotecnia, em número de pessoas na praia. Eu diria que a gente é muito valente”, comemorou.

Secretário e folião

Normalmente, quando perguntado sobre determinadas preferências pessoais, figuras relevantes se esquivam. Não é o caso de Rafael: “Eu não tenho medo de falar aqui: a minha escola de samba do coração é a Brasil, a Campeoníssima. Hoje ela está no Grupo de Acesso e passa por um momento muito difícil financeiramente, mas é a minha escola do coração. O meu pai, que me ensinou e mostrou o carnaval, era X-9 de coração. Porém, quis o destino que a primeira escola que eu desfilasse fosse a União Imperial, em 1994, quando ela homenageou os 100 anos do Grupo Tribuna. Eu sei cantar esse samba-enredo até hoje de cor! Eu tinha 14 anos, desfilei e fui campeão do carnaval. Comecei pé-quente!”, brincou.

Pouco depois, ele destacou que não é apenas em Santos que costuma acompanhar as escolas de samba: “Sou apaixonado por carnaval, desfilo no Rio de Janeiro há muitos anos. Faço parte da área cultural da Grande Rio, tenho grandes amigos lá, o Neguinho se tornou meu parceiro – e acho que, nesse ano, o título vai ficar em Nilópolis. Desfilei diversos anos na Mangueira e na Mocidade, meu pai sempre me levou para assistir as escolas de samba. Eu sou apaixonado por carnaval – não só pelos desfiles, mas pelas batalhas de confete, também. Santos tinha um carnaval de rua muito grande, mas seguimos muito vivos e representados por manifestações como Raparigas, Último Gole, Banho da Doroteia e outros”, finalizou.

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