Por Eduardo Fonseca e Dandara Carmo
A Santa Cruz apresentou na tarde de sábado, em sua quadra de ensaios, na Zona Oeste, o samba-enredo encomendado aos compositores Samir Trindade, Júnior Fionda e Elson Ramires para o Carnaval 2019, quando terá o enredo “Ruth de Souza, senhora liberdade abre as asas sob nós”, desenvolvido pelo carnavalesco Cahe Rodrigues. Em entrevista ao site CARNAVALESCO, o presidente Zezo explicou a opção pelo samba sem disputa. Ele ressaltou ser contra a encomenda, contudo, pelo tempo curto entre a apresentação do enredo e a gravação, a escola teve que recorrer a esta estratégia.
“Sou favorável a manter a ala de compositores. Mas, devido a demora a respeito da liberação ou não da Lei Rouanet, acabamos optando por esse caminho”, explicou.
Zezo se mostrou muito feliz com o retorno de Cahe Rodrigues e elogiou o enredo de 2019. “É um carnavalesco de ponta e que está voltando para casa. Já era uma intenção nossa fazer essa homenagem para Ruth de Souza”.
Sobre a subvenção da Prefeitura do Rio para Série A e a solução para os barracões, o presidente da Santa Cruz não esconde sua insatisfação com o momento.
“Sobre os barracões, muitas pessoas colocam a culpa no prefeito Crivella. Não é culpa só dele. Isso já é coisa antiga. Desde a revitalização do Porto. Todas as escolas vão perder seus barracões. Eu acho uma vergonha as alegorias da Alegria da Zona Sul estarem jogadas num terreno na Avenida Brasil. O carnaval voltou ao patamar da década de 90 em relação a estrutura da Série A. Retroagimos. É um absurdo diminuir em 50% o valor para as escolas e estarmos abandonados pelo poder público”, afirmou Zezo.
Para o compositor Samir Trindade, foi uma grata surpresa poder fazer o samba que homenageará Ruth de Souza.
“Eu não poderia negar o convite por ser uma mulher negra e uma atriz fantástica. Fizemos o samba em duas reuniões. A obra é emocionante. Será um dos melhores sambas do Acesso”, disse.
Responsável pelo desfile da Santa Cruz 2019, o carnavalesco Cahe Rodrigues está contente com a homenagem para Ruth de Souza.
“Já era uma vontade minha fazer uma homenagem a Dona Ruth desde “Axé Nkenda” (Imperatriz 2015). O enredo será dividido em 4 setores. O ponto de partida será o teatro. Passará pelos 97 anos da atriz e terá duas vertentes, o pioneirismo. Pelo fato de ser a primeira mulher negra pisar no palco do Theatro Municipal e protagonizar uma novela. A outra vertente é a luta de Ruth pelo espaço dos artistas negros na dramaturgia. Sempre lutou pelo registro do artista negro. Ela é um espelho para muita gente.”, contou o artista, que já está terminando a fase de desenho e na semana que vem começa os protótipos das fantasias.
Cahê também revelou que teve participação na construção do samba encomendado para o Carnaval de 2019.
“Não houve disputa pelo tempo. Tive que sentar com os compositores para explicar o enredo. O resultado é um samba lindo e verdadeiro”.
Mosquito e Roberta Freitas voltam a formar o par de mestre-sala e porta-bandeira da Santa Cruz. Em entrevista ao CARNAVALESCO, a dupla ressalta o entrosamento como ponto forte.
“Nos conhecemos não só pelo olhar, mas pelo cheiro. Somos irmãos de alma. Já começamos e vamos adequar a dança de acordo com samba”, disse a porta-bandeira.
Sem a presença de Quinho no carro de som em 2019, Roninho comandará sozinho o canto da Santa Cruz. Porém, o presidente Zezo não afasta a possibilidade de reforçar seu time de cantores.
“Não tenho vaidade de microfone principal. É sempre bom agregar experiência no carro de som. Temos uma bela obra para o carnaval do ano que vem”, disse Roninho.
Mestre Riquinho destacou ter ficado contente com o desempenho da bateria no carnaval de 2018 e avisou que não irá fazer mudanças drásticas para 2019.
“Serão 220 a 225 componentes. A bateria irá desfilar com andamento de o máximo 144 BPM (batidas por minuto). O desempenho em 2018 foi além do esperado”, comentou o comandante da bateria.