A Unidos do Viradouro vive mais uma etapa marcante do seu processo de escolha do samba-enredo para o Carnaval 2026. Na próxima sexta-feira, a quadra da vermelho e branco de Niterói será palco da semifinal, e entre os concorrentes que seguem na disputa estão nomes que carregam no coração, e nas próprias trajetórias, a marca de serem verdadeiras “crias da Viradouro”. Homens forjados no chão da escola, que cresceram embalados pelo som da bateria Furacão Vermelho e Branco e hoje escrevem a história do pavilhão com poesia, melodia e devoção. Cada um deles carrega memórias, vitórias e aprendizados que ajudaram a construir a identidade da Viradouro nos últimos anos.

* Seja o primeiro a saber as notícias do carnaval! Clique aqui e siga o CARNAVALESCO no WhatsApp

Com 28 anos de casa, Thiago Carvalhal (com os parceiros Bebeto Maneiro, Ludson Areia, Babby do Cavaco, Carlinhos Viradouro, Vinícios Moro, Pablo Adame e Rodrigo Neves) já conhece de perto a emoção de ser campeão: em 2019, assinou o antológico “Viraviradouro”, que embalou o desfile vitorioso da escola. Experiente em finais, são duas até aqui, ele fala sobre a atmosfera única da disputa em Niterói.

carvalhal
Foto: Muitamidia/Divulgação Viradouro

“O grande diferencial da disputa na Viradouro é a forma como a escola trata os compositores, sempre com respeito, carinho e igualdade. Esse acolhimento transforma a disputa em algo saudável, onde o amor pelo pavilhão e a paixão pelo samba falam mais alto que a rivalidade”.

Claudio Mattos (parceria com Renan Gêmeo, Rodrigo Gêmeo, Lucas Neves, Rodrigo Rolla, Ronaldo Maiatto, Bertolo, Silvio Mesquita, Marcelo Adnet e Thiago Meiners) começou ainda menino na Viradouro. Em 2007, era cavaquinista da escola mirim; em 2012, estreou como compositor. De lá pra cá, já soma 18 anos de trajetória, com impressionantes nove finais e cinco sambas campeões no currículo. Entre eles, obras que marcaram a história recente da escola, como “E Todo Menino é um Rei” (2017), “Rosa Maria Egipcíaca” (2023) e “Arroboboi, Dangbé” (2024).

claudiomattos
Foto: Muitamidia/Divulgação Viradouro

“O que mais me agrada no processo de escolha de samba da Viradouro é que a diretoria possui um histórico muito coerente, algo que nem sempre acontece em outras escolas. Isso incentiva os compositores a se dedicarem de verdade. O clima entre as parcerias também merece elogio, pois, apesar de ser uma disputa, as relações na quadra são de muito respeito”.

Há 14 anos na Viradouro, Lucas Macedo (com os compositores Diego Nicolau, Jefferson Oliveira, Vinicius Ferreira, Richard Valença, Miguel Dibo, Orlando Ambrosio, Hélio Porto, Aldir Senna e Wilson Mineira) é mais um exemplo de dedicação e amor pela vermelho e branco. Campeão em 2018 com o samba “Vira a Cabeça, Pira o Coração – Loucos Gênios da Criação”, já alcançou sete finais em sua trajetória.

lucasmacedo
Foto: Muitamidia/Divulgação Viradouro

“O principal ponto positivo na disputa de samba da Viradouro é a lisura do processo. A escola tem uma diretoria extremamente competente e preocupada em escolher o melhor samba, sem cair em pressões e estando sempre atenta a todos os detalhes ao longo do concurso”.

Ícone entre os compositores da Viradouro, Mocotó (com a parceria PC Portugal, Arlindinho Cruz, J. Lambreta, André Quintanilha, Rodrigo Deja, Ronilson Fernandes, Renato Pacote, Reinaldo Guimarães e Bira Fernandes) é pura história. São 36 anos de estrada, dez finais e nada menos que sete sambas campeões, entre eles, clássicos como “Trevas! Luz! A Explosão do Universo” (1997) e “Os Sete Pecados Capitais” (2001). A cada disputa, renova o compromisso com a escola do coração.

mocoto
Foto: Muitamidia/Divulgação Viradouro

“A disputa na Viradouro é muito sadia, todos se respeitam. Até porque as diretorias e a presidência nos oferecem esse respeito desde o tira-dúvidas até o final do processo”.

Paixão que vem de berço

A semifinal da Viradouro não é apenas um momento de competição. É um encontro de gerações, de histórias entrelaçadas e de amores que nasceram dentro da quadra e jamais se perderam. Thiago, Claudio, Lucas e Mocotó representam uma corrente de compositores que são muito mais do que autores de sambas: são herdeiros e guardiões da alma da vermelho e branco de Niterói.

Na próxima sexta-feira, a quadra promete pulsar com a força dessa tradição. Afinal, cada verso entoado por esses “crias da Viradouro” é também uma declaração de amor ao pavilhão que os formou.