A Cidade do Samba abriu as portas, no último sábado, para o segundo dia da festa julina promovida pela Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro (Liesa). Assim como no primeiro, o evento contou com brincadeiras, como o touro mecânico, food trucks e barracas de comidas típicas. Além disso, houve a disputa entre quadrilhas de salão e um show da banda Forroçacana encerrando a noite.

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Foto: Eduardo Hollanda/Divulgação Liesa

Sambistas de diversas agremiações e dos mais variados segmentos marcaram presença neste segundo dia de arraiá. A dupla de carnavalescos da Grande Rio, Gabriel Haddad e Leonardo Bora, estão entre os nomes que compareceram e aprovaram o evento.

“A festa está muito organizada. A Liga conseguiu criar uma estrutura muito boa para receber todo mundo que está chegando. As apresentações de quadrilha também são muito interessantes. É um evento que possibilita que as comunidades das escolas se encontrem, que a gente consiga ter uma integração também com as pessoas que trabalham nos outros barracões. A gente se esbarra o ano todo por aqui e eventos de confraternização são um pouco raros. E, um arraiá como esse, é uma oportunidade muito legal para integrar todo mundo”, afirmou Haddad.

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Gabriel Haddad e Leonardo Bora, da Grande Rio. Foto: Diogo Sampaio/CARNAVALESCO

“O arraiá aqui é interessante porque há um intercâmbio muito grande. Muitos profissionais do Carnaval trabalham nas quadrilhas, muitas técnicas são compartilhadas. É um evento muito importante para isso. No meu caso, eu não venho de um estado que tem uma cultura junina tão intensa, tão rica, tão diversa quanto a gente encontra no Rio de Janeiro e obviamente nos estados do Nordeste do Brasil. Então, é um universo, em algumas dimensões, novo para mim. Estou muito encantado com tudo. Tomara que a gente tenha muitos arraiás na Cidade do Samba daqui pra frente”, declarou Bora, que é natural do município de Irati, no interior do Paraná.

A dupla de artistas, que em 2024 também fará expediente na Acadêmicos do Cubango na Série Prata, falou ainda da importância de se estabelecer um calendário regular de eventos na Cidade do Samba. Para Leonardo Bora, o local precisa ser ocupado com frequência tanto por sambistas quanto por turistas.

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“Quanto mais a Cidade do Samba for utilizada para eventos que mobilizem os diferentes cenários culturais do estado do Rio de Janeiro, melhor. É um espaço muito grande, que precisa ser conhecido por muito mais pessoas. É impressionante o número de motorista de aplicativo ou de taxista que a gente encontra vindo trabalhar aqui e fala que nunca entrou, que não sabe como é dentro. É um espaço que ainda precisa ser conhecido pelo carioca, ser ocupado, porque é um equipamento cultural muito poderoso”, pontuou.

Já Gabriel Haddad mencionou algumas das formas de explorar mais a Cidade do Samba durante o ano. “São muitas possibilidades. A gente tem como fazer mesas de debate sobre o próprio desfile das escolas de samba, sobre o Carnaval de maneira geral, fazer oficinas, encontros… As próprias escolas podem se apresentar aqui, cada semana uma agremiação. É possível fazer com que essa estrutura seja utilizada regularmente. Eu acho que é isso que falta, porque você vai criando a cultura das pessoas virem para Cidade de Samba”, elencou.

A falta de opções na praça de alimentação foi outro ponto de reflexão. “A gente entende que como não tem essa cultura do turista chegar a Cidade do Samba, de frequentar com mais intensidade, a gente sabe que vai ser difícil ter algum estabelecimento que fica aqui por mais tempo ou com mais opções. Sabemos que é difícil, porque senão tem só as pessoas que frequentam e trabalham nos barracões para consumirem. Mas, se conseguirmos criar a cultura da visitação na Cidade do Samba, assim como ela foi pensada, isso ajuda a ter mais estabelecimentos com mais variedades”, avaliou Haddad.

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João Vitor, da Beija-Flor. Foto: Diogo Sampaio/CARNAVALESCO

Outro artista presente no segundo dia de festa julina na Cidade do Samba foi João Vitor Araújo. O carnavalesco da Beija-Flor de Nilópolis corroborou com os discursos de Gabriel Haddad e Leonardo Bora.

“É muito bom ver essa praça de alimentação, que fica meses parada, pulsando dessa forma alegre e pujante. A Cidade do Samba é um dos melhores espaços que existe para eventos no Rio de Janeiro. Fico olhando para o palco, imaginando shows, espetáculos , eventos e mais eventos aqui dentro… Esse arraiá mostra a capacidade que esse lugar tem para ser muito mais usado e aproveitado”, destacou João Vitor.

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O carnavalesco nilopolitano traçou ainda um paralelo entre samba e quadrilha. “Tal como o Carnaval, a festa junina, julina, é um evento popular. Acho que esse clima de arraiá deveria rolar o mês inteiro, pelo menos até agosto. Afinal, é algo que tem tudo haver com a energia que é o Carnaval. Se você reparar, a confecção, o material, o estilo de figurino das quadrilhas é muito parecido com o Carnaval. O brilho, o capricho, há um esmero muito grande envolvido. Só de olhar, a gente percebe o investimento. Conheço muita gente que dança em quadrilhas e sei que as pessoas às vezes gastam verdadeiras fortunas ali para que o resultado seja o melhor possível, como o que foi visto aqui na Cidade do Samba”, ressaltou.

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Mayara Lima, rainha de bateria do Tuiuti, Foto: Diogo Sampaio/CARNAVALESCO

A rainha de bateria da Paraíso do Tuiuti, Mayara Lima, foi mais uma que compareceu ao arraiá e gostou do que encontrou na Cidade do Samba. A beldade elogiou a iniciativa da Liesa em criar o evento e defendeu que seja algo duradouro.

“Acho incrível. Assim como a gente, sambista, tem o nosso espaço na Marquês de Sapucaí, este evento abre a Cidade do Samba para acolher o povo da quadrilha. Conheço muitas pessoas que estão aqui dançando, se apresentando, e que fazem parte do mundo do samba. Elas sempre me disseram que não tinham espaço para poder mostrar o trabalho para um público geral, além daquelas pessoas que gostam realmente da quadrilha. Então, a gente está aqui para poder ver realmente a força da quadrilha, a energia positiva. Eu estou maravilhosamente encantada com as quadrilhas que estão se apresentando aqui. Com certeza, vou vir no último dia para ver a final, porque eu amei”, relatou Mayara.

E ao ser indagado sobre o que mais lhe chamou a atenção, a rainha dos ritmistas da Super Som citou justamente os figurinos das quadrilhas. “As roupas são bem luxuosas. Eu já assisti quadrilha, mas fazia bastante tempo que eu não via assim de perto como estão funcionando as de hoje em dia. A forma como eles levam a sério isso e transmitem na roupa, na energia ao dançar, me deixou impactada. Tem roupa que parece de porta-bandeira de tão grande que é”, destacou.

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Júri da segunda noite do Arraiá da Cidade do Samba. Foto: Diogo Sampaio/CARNAVALESCO

Quatro quadrilhas de salão se apresentaram neste segundo dia de evento. Os conjuntos Aiacá, Shock do Painho, Araquém Forró Show e Julina Vlá foram avaliados pelos corpo de jurados formado por Mauro Quintães, Miriam da Costa Mendes, Luis Gustavo Mostof, Lucinha Nobre e Pierri Carvalho. As duas quadrilhas que receberam as maiores notas foram Araquém e Shock e, com isso, conseguiram uma vaga na final que será realizada neste domingo (23).

Além da conclusão do concurso de quadrilha, a terceira e última noite da festa julina na Cidade do Samba contará com outras atrações especiais. Entre elas, o show da banda Falamansa e uma apresentação da Imperatriz Leopoldinense, atual campeã do Carnaval carioca. A Rainha de Ramos fará um minidesfile no local com direito a componentes fantasiados, bateria, casal de mestre-sala e porta-bandeira, além de outros segmentos.

A festa julina na Cidade do Samba é fruto de uma parceria da Liesa com Prefeitura do Rio e Riotur. O evento trata-se de uma iniciativa inédita e conta com o apoio do Sesc, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Cerveja Império e Prefeitura de Maricá.